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Eduardo

Eu estava super tranquilo na lanchonete esperando a minha melhor amiga futura obesa por conta da gravidez quando vi que fazia muito tempo que ninguém aparecia naquela jorça.

- Será que eles foram atropelados e a gente não viu levarem os corpos? - Luan pergunta com a boca cheia.

Eu balanço a cabeça como quem vê uma possibilidade disso ter acontecido.

- Impossível não é! - Tomo um pouco da limonada que eu havia pedido.

- Não, tá vindo o Matheus lá! - Ele aponta para o outro lado da rua onde um Matheus emburrado se encontrava, esperando o momento certo para atravessar.

- E com uma cara de cu que só tu pra aguentar, meu Deus hein! - Ameacei levantar e senti um olhar furioso de Luan sob mim. Logo voltei para meu acento.

Matheus atravessou e, infelizmente, não foi atropelado.

Eu amo muito meu amigo, mas ele só anda fazendo merda, não precisava morrer mas, sei lá, quebrar um braço já dava uma lição.

Assim que ele adentrou a lanchonete foi em direção ao balcão. Pediu um sanduíche de frango, uma bolacha recheada passatempo, um snickers grande e uma garrafa 600ml de suco de uva.

Ele tava montando uma creche?

- Tu tá montando uma creche? - Luan pergunta assim que ele ia cruzar a porta de novo. Nós estávamos em uma mesa bem próxima a saída.

- Minha creche por enquanto tem uma criançona adulta que tem outra criancinha dentro dela. - Ele responde sério - Não vou deixar aquela draga sem comer, se ela é louca de fome e tá se fazendo imagina meu filho dentro dela. - Revira os olhos e eu e Luan não seguramos o riso.

Ele voltou ao hospital e acabou não levando nada para ele.

- Vamos voltar, preciso ver minha namorada. Aproveitar e levar uma coisa pra esse dragao comer. Ele fala dos outros mas é igual! - Digo levantando e Luan concorda.

- Você chamou Gio de namorada. - Ele observa.

- Não chamei não. - Olho pra ele, mentindo na cara dura.

- Chamou sim.

- Para de pilhar e vamos pagar esses lanches aqui! - Desconverso e lhe dou as costas.

Matheus

- Como assim não são boas, tia? - Ouço a voz de Vitória, assustada assim que entro na sala de espera.

Já me apavoro também. Perder a Gio não tá nos planos de ninguém. Ela é chata mas é nossa amiga.

- Não são boas. - Clari, provavelmente, repete. Olho o médico que se encontra confuso.

Aí tem, Clarice, sua danadinha!

Vitória começa a chorar. Gente isso não se faz, mas vou me aproveitar do momento.

Abracei Vitória que, por incrível que pareça, encostou a cabeça no meu peito para chorar.

- As notícias não são boas porque são ótimas! - Clarice sorri, ah essa é bem mãe da Giordana mesmo!

Sinto Vi se desvensilhar de mim no mesmo momento. Droga! Ela sorri abertamente e abraça Clarice.

- Isso não se faz, você é uma diaba! - Vitória diz ainda abraçada na mãe da Gio.

- Desculpa, quando fico feliz preciso fazer piadas! - Ela abraça a menina mais forte. - Ela acordou! A-cor-dou!

- Ah, eu não acredito! E você já foi ver ela? - Vitória pergunta e a mais velha nega. - Vai lá ver tua filha, mulher! - depois eu vou!

- Ok! Tem razão! - Elas se abraçam e Clarice cochicha algo no ouvido de Vitória que apenas concorda com a cabeça.

Ela segue o corredor sendo guiada pelo médico e ouvindo suas instruções. Assim que ela vai, Vitória vira as costas para mim pronta para ir sentar e, infelizmente, não era na minha rola.

Eu a não deixo isso acontecer pegando segurando seu braço. Ela imediatamente vira aquele cabelo cumprido dela dramaticamente, fazendo-o bater no meu rosto e me olha brava.

- Tá me machucando!

- Não mente, ridícula! Só tô encostando. - Solto o braço dela e cruzo os braços sorrindo divertido. - Engraçado que, quando estamos na cama, os tapãos que tu leva não te incomodam, né?! - Ela fica vermelha, só que de raiva. Recebo um soco no peito.

PASMEM... Doeu pra cacete.

Pus a mão no local tentando amenizar a dor e fiz careta.

- Cala a tua boca pra não  falar merda. O que tu quer? - Ela cruza os braços satisfeita com o soco.

- Te impedir de matar nosso filho. Come aí!  - Estico a sacola com comida.

- Agora é nosso filho? - Ela friza a última frase e eu reviro os olhos. Tá que as vezes eu dou umas mancadas mas não precisa ficar me jogando na cara.

- Ah, Vitória! Não me maltra, poxa! - Faço manha.

- Ai, Henrique, senta aí enquanto eu como e não me enche o saco! - Ela senta no banco. - Depois a gente conversa! - Responde de boca cheia, já e eu solto um sorrisinho sentando ao seu lado.

𝙸𝚗𝚜𝚝𝚊𝚐𝚛𝚊𝚖 | 𝙴.𝙰 (𝙿𝚎𝚙𝚎)⁽ᶠᶦⁿᵃˡᶦᶻᵃᵈᵃ⁾Onde histórias criam vida. Descubra agora