Cap 23

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Os meninos não foram me buscar hoje, eu tive que pedir para o Rerold vir me deixar antes de ir para o seu mais novo emprego. Eu também não os vi ainda, parece até que estão se escondendo.

Ao entrar na biblioteca eu passei pela prateleira em que nos beijamos e ao olhar pra cima vi o livro que gerou a melhor das conversas que eu já tive. Mais uma vez aquele sorriso involuntário cresceu em meu rosto.

De repente meu celular recebe a notificação de uma mensagem e ao mesmo tempo todos os celulares ao redor parecem tocar.
Eu peguei meu celular e ao olhar caixa de mensagens meus olhos não puderam creditar no que viam. Era o Brian aos beijos com a Jhenifer, a foto provavelmente está em todos os celulares.

___ Não, isso não pode ser verdade ___ as lágrimas começaram a descer sem minha permissão. Eu pus a mão na boca e mordi o lábio em uma tentativa falha de conter a dor que crescia no meu peito, a última vez que senti essa dor foi quando soube que meus pais já não estariam mais comigo. Eu não sabia oque fazer eu não sabia oque pensar.
Eu precisava ir embora dali o mais rápido possível. Ao olhar pra frente vi Brian adentrar a biblioteca, ele parecia ter corrido bastante e estava ofegante, mas eu não conseguia sequer olha-lo.

___ Cora ... ___ ele tentou se aproximar de mim mas eu estiquei a mão alertando que ele parasse ali mesmo.

___ Não chega perto de mim ___ falei passando por ele e indo em direção à saída.

___ Cora, por favor me deixa.

___ Oque? Explicar? Oque você vai me explicar? Como me fez de boba, como se divertiu com a minha cara ou como eu fui idiota o suficiente pra acreditar que você realmente gostava de mim? ___ perguntei o encarando enquanto tentava secar as lágrimas que não paravam de escorrer pelo meu rosto ___ Eu fui tão burra, eu me deixei levar por esse seu sorriso besta e por esse olhar irritante, a minha vida teria sido tão mais fácil se você não tivesse aparecido ___ Eu não conseguia mais ficar ali tão perto dele. Eu tentei sair o mais rápido que eu pude, mas não foi rápido o bastante.

Eu corri até em casa e ao chegar fui direto pro meu quarto, nem sequer respondi Danana que me chamou.
Eu entre o no meu quarto e me joguei na cama afundando meu rosto no travesseiro.

___ Cora!? Aconteceu alguma coisa meu anjo? ___ perguntou Danana dando leves batidinhas na porta do meu quarto antes de entrar.

___ Eu sou tão idiota Danana, como eu fui tão burra ao ponto de acreditar que um cara como ele sentiria alguma coisa por mim? ___ perguntei mais pra mim do que pra ela. Danana se sentou ao meu lado e afagou meus cabelos.

___ "O amor machuca, mas também conforta". Seu pai sempre dizia isso ___ falou ainda acariciando meus cabelos.

___ Eu lembro ___ falei fungando o nariz e se dando as lágrimas. Me sentei na cama cruzando as pernas e pus o travesseiro no meio delas ___ Ele dizia que não importava o fim, contanto que você tenha aproveitado o meio e sentido tudo que deveria ser sentido no momento que deveria sentir ___ meu pai sempre amou essas frases clichês, ele gostava de recitar coisas assim pra mamãe todas as noites, ele dizia que era porquê ,quando jovens, prometeu à mamãe que faria declarações de amor para ela todo os dias e desde o dia em que fez essa promessa, nunca fautou com sua palavra. Todas as noites ele fazia suas declarações ao som de musicais de balé clássico, as músicas favoritas da mamãe; antes de comandar a editora, minha mãe queria ter sido bailarina e ela era a melhor da sua turma, mas as responsabilidades a chamavam e ela não pode dizer "não". Eu pelo menos consegui evitar o meu "sim".

___  Não chore minha menina, as coisas nem sempre são como a gente sonha infelizmente ___ falou Danana tentando me consolar.

Mas oque eu podia fazer? Eu não tinha coragem nem sequer pra pôr o pé fora de casa, eu me senti humilhada; aposto que eles estão rindo de mim agora, todos eles.

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