O Livro Lá De Cima

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Com apenas 17 anos eu descobri que passaria os próximos anos da minha vida sozinha. Meus pais morreram em um acidente de carro a menos de dois meses. A maior parte da minha vida eu passei dentro de uma biblioteca pois meu pai era escritor e tinhamos uma grande biblioteca em casa; seus livros eram em sua grande maioria de histórias que falavam sobre o destino e almas gemeas. Ele sempre me contava a história de quando conheceu minha mãe, ele acreditava que tinham sido feitos um para o outro e apesar de a vida tê-los separado na adolescência, já na vida adulta o destino tratou de uni-los novamente.

___ Coraline, você precisa de alguma coisa? Eu acabei de prepar um bolo de chocolate você quer uma fatia? ___ Essa senhora de cabelos grisalhos se chama Danana, ela foi minha baba e agora é a governata dessa enorme casa na qual me encontro totalmente sozinha. Eu nunca tinha notado o quanto ela grande até a morte dos meus pais.

___ Obrigado Danana mas eu não estou com fome ___ falei e ela balançou a cabeça em negação.

___ Você passou o dia inteiro trancada nesse quarto, vai dar um passeio ou pelo menos uma volta no jardim ___ pediu ela se sentando ao meu lado na cama. Eu passei o fim de semana inteiro trancada no meu quarto, deitada na cama, relendo livros e ouvindo musica; a Danana sempre vem aqui e me pergunta se eu quero alguma coisa, apesar de isso me incomodar um pouco, também é reconfortante o fato de ela se importar tanto comigo, já que agora seremos apenas eu e ela.

___ Eu prometo dar uma volta pela pracinha assim que terminar esse capítulo tá bem? ___ exclamei e ela sorrio apertando minhas bochechas logo em seguida. Ela saiu do meu quarto sorridente e eu prosegui lendo meu livro.




                             *****




___ Já vai passear? ___ perguntou Danana. Ao terminar o capítulo do livo, como prometido, eu me preparei para dar uma volta, já era de tarde e o sol estava se pondo, esse sem dúvida é o momento perfeito para se ir a pracinha, deve estar cheio de crianças agora, aos domingos aquele lugar sempre enche.

___ Sim, eu estou indo e volto mais tarde, não precisa de preocupar que eu não vou demorar ___ falei. Ela concordou e eu fui até a porta. A pracinha fica a uma quadra da minha casa, minha mãe sempre me levava lá aos fins de semana pra brincarmos juntas; eu sinto muito falta deles.

No caminho até lá eu fui escutando músicas aleatórias que tocavam nos meus fones, eu sempre gostei de músicas em acústico, o som é mais leve e bonito.
Quando cheguei ao parquinho pude ver as crianças correndo em volta dos brinquedos com seus pais ao lado ou sentados nos bancos próximos. Eu me sentei em um banco perto da pista de skate onde alguns garotos estavam praticando, peguei meu livro e prosegui minha leitura. O vento fresco e o som do mesmo batendo nas folhar das arvores me tranziam uma tranquilidade reconfortante, isso me fez lembrar das tardes maravilhosas que passei com meus pais aqui, bons tempos que não voltam mais. Sem perceber uma lágrima travessa escapou pelos meus olhos dando início a outras.

___ Você tá bem? ___ Um rapaz de cabelos bagunçados, olhos verdes e piercing na sobrancelha se aproximou de mim e sentou ao meu lado; ele me olhava atentamente. Eu sequei as lágrimas e tentei me recompor.

___ Sim, eu estou bem, obrigado ___ falei ainda limpando o rosto. Após alguns minutos em silêncio eu criei coragem para olha-lo melhor; ele me olhava diretamente sem vacilar ou sentir vergonha, ele parecia totalmente confortável em permanecer ao lado de alguém desconhecido.

___ Meu nome é Brian ___ disse ele sorrindo abertamente. Seu sorriso é simples e muito bonito, ele parece ser alguém de muitos amigos, apesar da aparência delinquente o seu sorriso revela alguém totalmente diferente.

___ Eu me chamo Coraline ___ falei. Seu sorriso se alargou e ele se levantou. Eu segui seu movimento e ele me estendeu a mão; eu encarei a mesma.

___ Eu e meus amigos estamos andando de skate, você quer tentar? Eu posso te ensinar ___ disse ele ainda me estendendo a mão. Eu não sabia como reagir, a naturalidade com que ele se dirigia a mim era curiosa, eu sempre tive muita dificuldade pra falar com qualquer garoto, mas por alguma razão ele me passa uma tranquilidade que eu não consigo entender de onde vem.

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