Dois

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A governanta atravessou o jardim correndo, parecia desesperada, o cesto que ela carregava estava agora, caído no chão

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A governanta atravessou o jardim correndo, parecia desesperada, o cesto que ela carregava estava agora, caído no chão. Eu a observava pela janela e me perguntava qual seria o motivo de tamanha aflição; não demorou muito para ela abrir a porta com um movimento abrupto e correr até mim.

- Senhor - Ela gritou - senhor.

- O que houve? - Perguntei.

- Uma mulher - Ela tentava respirar normalmente - Há uma mulher caída perto de um carvalho na alameda.

- Uma mulher no bosque?

- Sim, senhor - Continuou - Ela usava um vestido estranho, parecia mais uma sobreveste do que propriamente um vestido. Ela certamente está sentindo muito frio.

- Irei até a alameda e saberei se você está mesmo em sã consciência - Me levantei - Recolha os lençóis do gramado. Sinto muito, mas alguém terá que lavá-los novamente. Ah, e não comente com ninguém sobre isso.

Ela fez uma breve reverencia e esperou que eu saísse para que assim pudesse realizar a sua tarefa em seguida.

O vento forte balançava os meus cabelos e o meu casaco, eu pensava na suposta mulher misteriosa que aparecera no bosque da minha propriedade; Mary dissera que ela usava apenas um simples vestido, então devia estar sentido muito frio.

Fui até o estábulo e peguei um dos cavalos, era o meu preferido, o melhor, Lord. Deixei o cavalo logo na entrada da alameda e segui andando procurando por ela. Por sorte, era uma manhã ensolarada e seria mais fácil encontra-la entre as árvores. Depois de alguns minutos avistei-a deitada no chão, estava enrolada com um cobertor, mas ainda assim tremia um pouco. Eu já estava bem próximo quando se sentou esfregando os olhos e bocejando, dei mais alguns passos silenciosos e parei em sua frente.

Logo que abriu os olhos, notei que subiu o olhar devagar, parecia uma boba, como se tentasse entender algo. Ela começou a falar enquanto me encarava:

- Quem é você? Que lugar é esse?

- Meu nome é Henry Thomas - Respondi - Você está na minha propriedade. Como veio parar aqui?

- Não sei, eu estava na biblioteca. Acho que eu dormi na mesa, sei lá, acordei aqui. Se você é o dono disso, você deve ter me trazido para cá.

Por Deus, ela não tinha nenhuma educação. Como era capaz de me acusar de tal coisa?

- Eu não sei do que a senhorita está falando. Nunca a vi em toda a minha vida.

Ela tinha uma beleza diferente da qual estava acostumado a ver. A maioria das mulheres que eu conhecia estavam sempre impecavelmente arrumadas, com belos vestidos, laços, cachos nos cabelos e eram sempre gentis. Aquela que estava diante de mim era o oposto. Os cabelos longos e negros estavam soltos e bagunçados, a barra do seu vestido estava suja e um pouco rasgada e ela usava um sapato do qual eu nunca tinha visto nenhum parecido; havia duas fitas com pequenas pedras brilhantes e não cobria sequer a metade dos seus pés.

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