Não Sei Como Voltar

Onze

Fiquei tão surpresa com o pedido inesperado que pedi um tempo para pensar e corri para o quarto de vestir, na tentativa de digerir tudo o que tinha acontecido. Eu sabia que Mary estaria lá.

Abri a porta do cômodo sem nenhuma gentileza, assustando Mary que já preparava o meu vestido e me esperava para me arrumar para o jantar.

– Oh! Srta. Laila, você me assustou.

Sentei-me no sofá tentando controlar as batidas do meu coração, olhando para o nada.

– O que aconteceu? – Mary se aproximou.

– O Sr. Thomas chega depois de amanhã – eu finalmente a encarei – e Henry acabou de me pedir em casamento.

– O que? – Ela gritou – Mas, ele não teria que se casar com a Srta. Thompson?

– Eu não sei, Mary. Eu... eu sinceramente não sei. Ela saiu daqui faz pouco tempo e disse que o Sr. Thomas chega quinta-feira para organizarem o casamento, mas o Henry pediu em casamento a mim, não a Sarah.

– Senhorita – sentou-se ao meu lado e segurou as minhas mãos – Eu não sei se o Sr. Thomas vai permitir que isso aconteça. Há muitos anos ele tenta obrigá-lo a se casar com a Srta. Thompson e tem muita simpatia por ela. As famílias são muito ligadas. Se conheço bem sua personalidade, ele não vai desistir desse casamento.

– Eu já imaginava, Mary – suspirei.

– Se estiver disposta a aceitar – continuou – é melhor estar preparada para enfrentá-lo. Ele tentará de tudo para separá-los.

– Eu sei, mas não tenho certeza se vou aceitar. Algum conselho?

– Você é muito jovem e precisa decidir se é isso mesmo que você quer, não só para você, mas para ele também.

– Você tem razão. Eu não quero fazê-lo sofrer, mas todos nós sabemos que ele será mais feliz com Sarah do que comigo.

– Ah, criança! – Ela suspirou – Dinheiro não é sinônimo de felicidade ou de amor. Ele te ama, e se você quer realmente vê-lo feliz, se arrume para o jantar e aceite a proposta.

– Eu espero que você me ajude com tudo isso, Mary. Eu sei que não vai ser fácil.

– Não se preocupe. Eu vou te ajudar com o casamento, e a enfrentar aquele velho horrendo. – Rimos juntas.

Me arrumei o mais rápido que consegui e graças a ajuda de Mary eu cheguei à sala antes de o jantar ser servido. Eu estava mais simples do que de costume, com um vestido quase branco de mangas três quartos, sem decote, com o tecido do busto coberto por uma renda delicada. Mary prendeu apenas algumas mechas de cabelo na parte de cima em uma espécie de rabo de cavalo, deixando todo o resto solto.

Minhas pernas tremiam tanto que tive que agarrar um dos corrimões da escada com as duas mãos para não cair, principalmente quando vi Henry de pé na frente da lareira, com uma das mãos no bolso.