Laila é uma jovem brasileira que se mudou para a Inglaterra com os pais, vivia uma vida solitária, mas normal. Contudo algo inesperado acontece... Henry, um inglês abastado, acostumado com a solidão tem uma bela surpresa em sua triste vida.
Direit...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
No início, eu realmente acreditei que aquilo era só uma brincadeira. Alguém teria me levado para um mato qualquer e contratado um ator gato para me "resgatar" em seguida. Mas eu não sabia como explicar aquela mansão enorme, toda a educação e cuidado das pessoas, as roupas tão perfeitas e aquele jardim surreal.
Tentei parecer convicta sobre tudo o que falava, mas confesso que no fundo eu tinha dúvida sobre as minhas "certezas", por isso tentei respirar normalmente e parecer uma pessoa pelo menos um pouco normal. Observei tudo ao meu redor, pela primeira vez depois que entrei no cômodo. Era muito luxuoso, como todo o resto; ele tinha uma mesa grande com detalhes delicados em frente a uma cadeira que mais parecia um trono. Atrás da cadeira tinha uma janela com vista para um pequeno lago um pouco distante da casa, grossas cortinas azuis amarradas dos dois lados da janela davam um charme especial à cena, e, com exceção de duas poltronas sobre um carpete, no centro (onde estávamos), o resto da decoração se resumia em pinturas de paisagens nas paredes e pequenas estantes com livros e alguns objetos.
Voltei a olhá-lo, ele apenas me observava em silencio; observava mesmo. O cotovelo esquerdo estava apoiado no braço da poltrona e deslizava o dedo indicador entre o lábio e o queixo com um movimento quase imperceptível. A outra mão estava caída sobre o outro braço da poltrona e as pernas cruzadas. Me olhava fixamente.
Fiquei envergonhada por um momento, era difícil ser encarada por um cara tão bonito. Ele tinha olhos azuis como água cristalina, pele clara; o cabelo preto era um pouco grande, desalinhado e levemente bagunçado. Ele era bem mais alto que eu, o nariz era delicado assim como o formato de seu rosto e os lábios eram rosados e finos. As roupas apertadas revelavam as curvas dos músculos e as vezes eu sentia vontade de tocá-los. Qualquer garota normal se apaixonaria por ele no primeiro olhar. Mas eu não era nem um pouco normal.
- Bem, senhorita Laila - ele começou sem se mexer, - se vai ficar aqui até conseguir voltar para casa, suponho que devemos nos conhecer melhor. Diga-me, de onde veio?
- Se não houver nenhum louco aqui, eu vim do futuro.
- Como isso seria possível? - Ele perguntou, com a mesma elegância de sempre.
- Não sei.
- Suponhamos que isso seja possível. Então, qual é mesmo o ano em que estava?
- 2019 - Eu me senti uma louca ao dizer isso.
- Como posso saber que a senhorita fala a verdade?
Eu não sabia como responder, desviei o olhar por um segundo e então me lembrei do meu celular que estava no quarto da falecida irmã. Me levantei num pulo e sai correndo.
- Espera, já volto - Gritei ao sair do escritório.
Subi as escadas correndo e segui no corredor do primeiro andar, tentando me lembrar onde exatamente era o quarto. Abri portas de outros quartos sem querer e por fim, encontrei o dela. Peguei o celular e voltei correndo, ele já me esperava no pé da escada, o olhar me condenava por tal comportamento. Eu tive vontade de rir, mas assim que me aproximei comecei a minha explicação.
- Acho que isso pode provar que eu vim "do futuro". De onde venho, todo mundo tem um desse. Nós usamos para falar com outras pessoas.
- Como uma carta? - Ele voltou a me olhar.
- É, como uma carta. Mas a mensagem é entregue instantaneamente e a resposta também chega quase no mesmo momento.
- Como isso é possível? Eu nunca vi nada assim.
- No futuro é possível - Rebati.
- Tudo bem, senhorita. Vou ignorar o fato de que há uma mulher estranha e louca na minha casa e farei o possível para que encontre a sua família em breve.
- Eu não sou louca. E esse é o mínimo que deve fazer depois de armar tudo isso e ainda me insultar.
- Eu não tenho relação alguma com sua vinda. Se tivesse poder de escolha, certamente não traria alguém "do futuro" - Debochou.
- Eu estou falando a verdade! - Choraminguei batendo o pé na madeira do primeiro degrau da escada. - Olha...
Tentei ligar o celular, mas nada aconteceu, afundei o dedo no botão, pressionando sem parar.
- Ah, não! - Reclamei baixo. - Estava ligado há um minuto, só pode ser brincadeira. Como vou sair daqui?
Lágrimas saíam dos meus olhos sem que eu notasse, não por medo, era apenas confusão. Quanto mais eu tentava entender o que estava acontecendo, mais a minha cabeça doía. O ar se recusava a chegar aos meu pulmões e minha visão estava embaçada. Precisava voltar para casa.
Eu soluçava, sentada no degrau e agarrada ao corrimão, como uma criança birrenta e logo tudo que eu sentia se transformou em raiva. Joguei o celular em Henry; depois de bater em seu peito, caiu no chão e rachou a tela. Me levantei em seguida e comecei a esmurrar o meu "sequestrador" com toda força que me restava. Eu gritava cada vez mais alto. Ele estava aparentemente calmo, me encarando fixamente com os braços para trás.
- Não conseguiu me provar nada. Você é ainda pior do que imaginei - Virou-se e saiu.