Laila é uma jovem brasileira que se mudou para a Inglaterra com os pais, vivia uma vida solitária, mas normal. Contudo algo inesperado acontece... Henry, um inglês abastado, acostumado com a solidão tem uma bela surpresa em sua triste vida.
Direit...
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Depois da nossa conversa no jardim, Henry estava sempre distante e distraído, como se estivesse se esforçando para me evitar. Não fizemos o passeio planejado naquela tarde, ele disse que o tempo estava ruim (um dia claro e limpo) e eu não insisti, percebi que havia algo errado assim que chegamos em casa.
Uma semana se passou e ainda não conversávamos normalmente; mesmo quando recebemos a visita do Richard alguns dias depois do piquenique, o clima pareceu pesado e eu percebi o quanto a minha presença estava sendo indesejada. Comecei a passar mais tempo no quarto do que na biblioteca para evitar o silencio constrangedor que a presença de Henry causava nos últimos dias e a única pessoa com quem conversava era Mary, que sempre ia ao meu quarto no seu tempo livre.
Em uma tarde de terça-feira eu olhava na direção do bosque atrás da casa pela janela do quarto quando ouvi as batidas na porta.
- Entre - eu disse sem me mexer.
A porta foi aberta e em seguida ouvi a voz de Mary:
- O que você está fazendo?
- Não sei - ri me virando para ela.
- Você está bem? Parece tão triste esses dias. Até as cozinheiras sentiram a sua falta na cozinha. Elas se distraíam quando você ia conversar com elas.
- Eu não estou mais me sentindo em casa, Mary. O Sr. Thomas está me evitando e não vejo motivos para continuar morando aqui. Se eu tivesse para onde ir, com certeza o faria.
Ela riu se sentando na cama.
- Do que você está rindo? - Sentei na poltrona perto de uma das janelas.
- Você está escolhendo as palavras corretamente agora - fez uma pausa e logo continuou: - Creio que o Sr. Thomas está apenas preocupado com o noivado.
- Noivado?
- Sim. Ele é o único herdeiro de toda a fortuna da família, com exceção de um primo mais novo, e seu pai vem pressionando-o há anos para que se case. Apesar de nunca ceder aos caprichos do pai, não acho que ele aguentará por muito tempo.
Suspirei tristemente.
- Esse, Mary... é mais um bom motivo para que eu consiga voltar para casa.
- Entendo. Mas se não conseguir voltar e não quiser ficar aqui, você pode se hospedar na minha casa. Ela está fechada há anos, eu nunca vou para lá, mas ficaria muito feliz em voltar se a senhorita estivesse comigo.
- Eu agradeço, mas não quero incomodar - fiquei de pé e voltei a olhar a paisagem.
- Ah, Srta. Laila, você sabe que para mim seria um grande prazer tê-la comigo em casa - andou devagar até onde eu estava e segurou as minhas mãos - e recomendo que volte a tocar piano, tenho certeza de que o Sr. Thomas não se incomodaria.
- Talvez outro dia, Mary.
- Não. Vá alegrá-lo agora.
Eu não pretendia sair do quarto até a hora do jantar e Mary sabia disso. Ela me pegou pelo pulso e me puxou até o corredor, quando chegamos ao topo da escada os meus pedidos para que Mary parasse chamaram a atenção de Henry.
Ele estava sentado na frente de uma escrivaninha com uma pena na mão, provavelmente escrevendo uma carta. Quando notei que ele estava na sala, tentei me soltar de Mary e voltar para o quarto, mas ela discretamente me levou até a banqueta do piano, obrigando-me a sentar.
Arrisquei um olhar rápido para Henry enquanto procurava a partitura de uma das únicas músicas que sabia tocar - eu sempre fingia que sabia ler as partituras para que Mary se sentisse uma boa professora, mas na verdade tinha decorado -. Ele me olhava fixamente parecendo curioso. Mary nos olhou com um sorrisinho, fez uma reverencia e saiu, nos deixando sozinhos naquela sala enorme.
Comecei a tocar torcendo para não estar incomodando e vez ou outra olhava disfarçadamente por cima da longa cauda do piano para vê-lo escrever. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados e caíam sobre o rosto. De perfil era quase tão bonito quanto de frente.
Alguns minutos depois me peguei espiando o inglês gato mais uma vez, ele não estava mais escrevendo, e como se pudesse sentir meu olhar, virou-se tão rápido que errei uma nota com o susto, mas me recuperei assim que deixei de encarar seus olhos azuis.
Mesmo encarando a partitura, eu vi quando ele se levantou e veio até mim, apoiando lentamente a mão sobre o piano e fazendo uma pose máscula como sempre fazia.
- Pensei que você estivesse evitando a minha presença Srta. Laila - disse calmamente.
- Sinceramente, Sr. Thomas, pensei o mesmo de você.
- Receio dizer que a sua suposição estava certa. Mas eu senti falta de todo o barulho que você faz.
- Por que me evitou todo esse tempo? - Parei de tocar para encará-lo.
- Depois que você disse que não ficaria aqui, eu tentei não me aproximar mais de você em uma tentativa frustrada de impedir que meu sentimento por você aumente.
Eu congelei quando ele disse aquilo. Eu não acreditava que aquele homem frio e distante estava sendo fofo uma segunda vez.
Tentei falar, mas nada saía, a situação ficava ainda pior quando eu percebia o quanto ele era maravilhoso.
Felizmente fui salva por um barulho de rodas sobre o cascalho da entrada da casa. Nós dois olhamos para a porta e em seguida nos entreolhamos; me levantei me certificando de que estava apresentável com o meu vestido verde claro enquanto Henry ia até a janela para ver de quem se tratava.
- Não está esperando ninguém? - Sussurrei para ele.
- Não. E de todas as pessoas, essa é a última de quem eu esperava receber uma visita hoje - respondeu se afastando da janela.
- Quem é?
- Ainda tenho minhas dúvidas, mas com o brasão da família Thompson na carruagem e a inconveniente visita sem aviso prévio, só pode se tratar de Sarah.
- Sarah Thompson? - Me lembrei imediatamente dela.
- Sim. Como a conhece?
Harriet abriu a porta e segundos depois a mulher entrou. Cumprimentou Henry intimamente e pareceu não notar a minha presença até eu começar a falar:
- Srta. Thompson! Que grande prazer encontrá-la novamente em tão pouco tempo.
- Srta. Greenwood! Como vai? Confesso que me surpreendi em encontrá-la aqui. Sinceramente pensei que a sua estadia não se prolongaria por mais de uma quinzena, afinal não é adequado uma dama se hospedar na casa de um primo solteiro. Principalmente quando se é uma prima de quem ninguém nunca ouviu falar.
- Por favor, Srta. Thompson, não seja desagradável com minha querida prima - Henry defendeu.
- Enfim, Srta. Greenwood, espero que possa ficar até o anuncio do noivado.
- Que noivado?
- O nosso, claro - apontou para Henry - O Sr. Thomas chegará depois de amanhã para acertarmos todos os detalhes.