Capítulo 12

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A Ausência Desincorpora

A Ausência desincorpora - e assim faz a Morte
Escondendo os indivíduos da Terra
A Superstição ajuda, tal como o amor -
A Ternura diminui à medida que a experimentamos. -

Emily Dickinson

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1896

—Não me olhe assim.

Sofia resmunga, quando a garota acorda e lhe dirige um semblante aflito.

Um murmúrio de dor escapa dos lábios pálidos da jovem.

Todo seu corpo parece cansado.

—Como estás se sentindo?

A senhora se aproxima e se senta na beirada da cama para segurar as mãos trêmulas da garota.

—Não é este o meu aposento, Sofia.

Eliza questiona, enquanto observa o cômodo rústico que se encontra.

Todo o lugar é escuro e uma pesada cortina torna o ambiente ainda mais intrigante.

A cama é grande e ela pode jurar sentir o cheiro dele em meio aos lençóis. Tem de se controlar em não levá-los até o nariz para se deliciar com o perfume de William.

—Eu não o permitiria trazê-la para o aposento dele, se houvesse pedido minha opinião.

Ah, como Eliza sabe que o que sai da boca da senhora é verdade.

—Onde ele estás?

Ela pergunta ao notar o vazio que sente em seu peito por não tê-lo por perto.

—Foi acompanhar o médico até a porta, mas logo retornará.

—Médico?—a jovem murmura assustada.— O que aconteceste comigo, Sofia?

Se recorda de uma dor forte e logo após tudo ficar escuro, todo o resto não se passa de borrões em sua memória.

O nervosismo se instaura em seu peito ao imaginar estar doente.

Estaria recebendo o castigo por desejar tantas vezes a morte?

Não, não poderia isto estar a acontecer agora, não quando um fio de esperança surgiu em sua vida.

—Eu nunca o vi tão desesperado desde a morte de sua mãe.

Eliza não tem tempo de questionar e Sofia de se arrepender do que disse.

— Deixe-nos à sós, Sofia.

As mulheres não haviam percebido a presença de William, até o mesmo se pronunciar.

—Não sei se seria de fato adequado.

Sofia diz, ao imaginar o que os empregados diriam a Carter quando ele retornasse.

— Prepare algo para ela se alimentar.

Ele diz ignorando o que disse sobre a morte de sua mãe, e a garota que tem em sua cama.

A Mansão de ChurchillOnde histórias criam vida. Descubra agora