c i n c o

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•Melissa

     Eu e as meninas já havíamos feito nossos pedidos e nos sentamos em uma mesa com os mesmos. Nesse tempo fomos conversando sobre várias coisas, e assunto não faltava já que não sabíamos quase nada umas das outras. Mesmo assim, senti que iríamos nos dar muito bem.

     —Como assim prova? Eu não fiz prova nenhuma—disse Tina, quando comentei o quão difícil achei que foi a prova de inscrição.

      —É porque as provas são só para conseguir a bolsa—falou Bea—Eu também a fiz, mas não consegui a bolsa integral, somente a meia. E você Mel?

      —Consegui a integral, o que foi bom, pois assim meu pai não precisa gastar tanto comigo. Ele tem um emprego bom como engenheiro, mas é menos uma coisa para ele se preocupar economicamente sabe?

     —Entendi... e a sua mãe? Trabalha com o quê?— perguntou Valentina inocentemente. Demorei um pouco para responder e as meninas me olharam.

      —Ela era médica, mas faleceu logo depois que nasci...—Digo.

      —Ai, eu sinto muito Mel, me desculpe por...—ela começa mas a corto.

     —Não tem problema, não precisa se desculpar, você não tinha como saber—digo sincera—Mesmo sentindo falta de uma figura maternal, não me sinto tão mal quando tocam no assunto, já que não cheguei a conhecê-la.

      —Gente, vamos parar com esse assunto, muito para baixo!— comentou Bea querendo amenizar o clima e nós concordamos.

—Lá em casa vivemos bem financeiramente, mas meus pais focam tanto no trabalho que me sinto meio deixada de lado sabe...Foi por isso que decidi entrar em um colégio interno—Desabava Bea, cabisbaixa.

—Não fica assim não, eles só devem querer te dar tudo do bom e do melhor, por isso o trabalho excessivo—digo tentando confortá-la e ela assente com a cabeça, deixando parte da tristeza de lado.

—O meu pai é delegado, então eu, minha mãe e meu irmão sempre vivemos com muita proteção. Eu entendo que isso seja para o nosso bem, mas acabou me privando de experimentar muitas coisas como festas, relacionamentos e, de certa forma, amizades também. Espero ter um pouco mais de espaço aqui—Conta a loira a nossa frente.

—Então você nunca teve namorado?—Bea pergunta.

—Não...—responde Tina, envergonhada—E vocês?

—Eu nunca quis ficar presa em um relacionamento. Acho que ainda estamos na fase de aproveitar muito a vida, viver com intensidade. Já tive ficantes, mas nada além disso, deus me livre de relacionamento sério—digo fazendo sinal da cruz e as duas riram de mim.

—Eu tenho um namorado aqui no colégio—Conta Bea, com um sorriso no rosto.—O conheci no ano passado, estava passando por um momento meio ruim...—Ela deu uma pausa—Enfim, ele me acolheu, e no final do ano começamos a namorar—Ela termina com um sorriso maior que o anterior.

    —O que houve que te deixou tão para baixo assim?—perguntei, mas logo percebi a falta de sensibilidade em que perguntei—Me desculpa. Não precisa responder.

    —Tá tudo bem, Mel. Quando entrei na escola, acabei me enturmando com uma galera, também nova. Henrique, e os irmãos Lucas e Lara. Logo nos enturmamos com os outros alunos, mas sempre ficamos mais entre nós mesmos sabe, nosso quarteto. Porém, no ano passado, entraram duas meninas novas: Bruna e Thaís. Logo de cara, percebi a falta de caráter delas. Davam importância apenas para status e dinheiro. Elas tentaram se enturmar com a gente. Como sabia que não sairia boa coisa dali, logo avisei à galera que elas não eram boas pessoas. Bruna, que não ficou contente com isso, espalhou uma mentira sobre Lara e fez parecer que eu que havia falado aquilo. Desde então La não fala comigo, e só tem andado com as cobras que ela chama de amiga. Eu sei que parece bobeira ter ficado tão mal por isso, mas ela era minha melhor amiga, simplesmente não conseguia me imaginar longe—Bea diz com os olhos marejados e eu e Tina a abraçamos—Enfim, Edu, meu namorado, viu como eu estava mal e me apoiou na época. Ficou comigo quando eu estava na merda sabe? Sou muito grata a ele por isso.

    —Nossa Bea—digo frustrada—Que barra hein, caralho!—exclamo um pouco alto e todos da lanchonete se viram para mim com uma cara de espanto. Me encolho na cadeira com vergonha e logo vejo as meninas rindo de mim—Para gente! Não tem graça. Foi sem querer!—digo, fazendo as mesmas rirem ainda mais—Nós conhecemos uma Bruna e um Henrique hoje. Será que são os mesmos?—Digo, tentando mudar o assunto.

    —Bem provável. A escola é grande, mas não possui tantos estudantes assim, já que é apenas para alunos a partir do sétimo ano e possuem só três turmas para cada nível—Explica Bea.

    Ela foi nos contando como tudo no colégio funciona. disse das técnicas de cada professor, dos horários das classes, o básico que devemos saber para não parecermos dois perus tontos no primeiro dia, que no caso é amanhã.

    —Agora eu aconselho vocês a ficarem longe da Bruna e da Thaís, são duas cobras. E não digo isso pelo meu histórico com elas, falo pois realmente são muito superficiais e sem sentimentos. Horríveis—avisa Bea fazendo uma careta.

—Ai, eu tenho um ódio desse tipo de gente, que se acha melhor do que todos. Deixa elas tentarem algo comigo para você ver se não vão sair correndo com o rabo no meio das pernas—digo sem paciência.

—Melissa, quando eu digo que quem vai contra elas sofre, eu não brinco. Você nem sabe das coisas que elas já fizeram—Bea avisa—Outra coisa ruim é que a maioria dos garotos bonitos no colégio já estão marcados por elas.

—Agora que eu não tento nada com o deus grego do corredor...—Tina disse, mas parece que não queria falar em voz alta, pois quando levanta seu rosto, sua expressão envergonhada está nítida, e suas bochechas estavam ruborizadas, a deixando similar a um pimentão.

—Ai Tina—digo rindo—Só você mesmo. Se você quer que role algo entre vocês, você não pode desistir apenas por um grupo de garotas! Eu e Bea estaremos aqui para te apoiar e não deixar aquelas paty girls mexerem com você—Termino, com meu braço ao redor de Bea.

—Vocês são demais! Mas realmente prefiro não arriscar, você ouviu a Bea, não quero acordar um dia e descobrir que todos da escola acham que tenho AIDS, sei lá.

—Pera aí gente—pergunta Bea, com uma expressão confusa—de quem vocês estão falando?

—Quando chegamos no colégio estávamos perdidas, sentadas no meio do corredor quando a tal Bruna ridícula veio arranjar confusão por estarmos sentadas em frente a sua porta—digo.

—Aí Melissa já ia arranjar briga com ela, mas Henrique chegou para separar—acrescenta Tina.

—Ei! Eu não ia criar confusão, ela que estava me atacando e eu me defendendo—comento, Tina revira os olhos e eu mostro a língua—Depois disso fomos conversando com ele enquanto nos mostrava o caminho para o bloco certo. Ele parece ser uma boa pessoa e foi bem educado.

—Henrique é bem difícil de lidar quando o assunto é namoro na verdade, nunca namorou. Anda com os amigos que pegam sem se apegar. Porém, diferente dos outros, ele não é galinha e é super fofo com as garotas. Ele diz querer encontrar a garota certa, para ter um relacionamento que vá até o altar, fora isso, não se envolve sério com ninguém, só quando acha que pode sair algo bom dali— ela diz e vejo Tina murchar ao meu lado, mas opto por não dizer nada sobre.

—Então gente...vamos? As aulas começam amanhã e estou uma pilha de nervos. Quero terminar de arrumar tudo lá no dormitório hoje ainda...—digo já levantando mas, na hora que me viro, trombo com alguém e sua bebida gelada é derramada, molhando ambos.

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