v i n t e • e • u m

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Sábado finalmente chegou e eu marquei de pegar as identidades com o Marcos na hora do almoço. Todos estávamos animados para hoje a noite, embora um pouco receosos.

—Já tem roupa?—Tina me pergunta enquanto sentávamos na nossa mesa de costume.

—Nem pensei nisso, na verdade.

—Ai! Eu estou muito animada!—Bea diz com um sorriso—Faz um tempão que eu não vou em uma boate.

—Também estou—Tina diz, batendo palma—mas então... Quem vai ser o sóbrio da vez?

—Eu não!—Lucas e eu logo gritamos, e os outros riram.

—Eu também não—Henri e Bea falam.

—Vai ser minha primeira vez, gente. Eu também não vou ser não—depois da fala de Tina todos viramos para Eduardo.

—Ah mano! Sempre sobra para mim—o ruivo diz fazendo um drama e rimos novamente. Logo o sinal toca e voltamos para a aula.

***

—Então, como estou?—Tina me pergunta enquanto botava os brincos. Eu tinha trago minhas coisas para seu quarto afim de nos arrumarmos juntas, e marcamos de encontrar os meninos na portaria as dez. As identidades já estavam comigo, e eu já tinha começado o aquecimento com uma garrafinha na mão que consegui daquele Daniel nojento.

—Gostosa—a respondo enquanto calço meu tênis—To bem?—pergunto quando paro em frente ao espelho para me olhar.

—Gostosa—ela devolve o elogio e sorrio. Logo pego minha bolsa e vamos em direção à porta. Durante todo o caminho até a portaria a loira ficava me dizendo o quão animada e nervosa estava. Parecia até a encenação de "Enrolados" quando a Rapunzel desce da torre e fica naquela discussão interna sobre ir ou não sabe? Eu só ria.

—Até que enfim!—escuto a voz de Henri.

    —Até que enfim nada! A gente está na hora certa, vocês que chegaram cedo demais—digo a ele mostrando as horas no celular.

    —Vem gente—Lucas chama—Tem táxi livre aqui.

    —Vamos vamos!—Vale diz dando pulinhos de alegria.

    O caminho até a boate foi divertido, Tina nervosa, Henrique, Bea e Edu rindo horrores da cara dela, e eu e Lucas dividindo o resto da minha garrafa. Quando finalmente chegamos, saco as identidades e as entrego ao segurança, que não desconfia de nada e logo estamos do lado de dentro. Rapidamente achamos uma mesa livre, e chamo o garçom.

Depois de um tempo eu e Tina estávamos na pista de dança, enquanto Bea e Edu se pegavam em uma parele ali perto. A loira já estava animadinha pelo álcool, já que era sua primeira vez. Estávamos dançando quando um cara chega por trás de Valentina e começa a dançar com a mesma. Quando ela vira para brigar, reconhece Henri e o lança um sorriso pelo ombro.

    —Onde está Lucas?—ela pergunta por cima da música.

    —Acho que pegando uma garota por aí—Henri responde, e sua resposta me incomoda um pouco, mas logo deixei isso de lado.

    Resolvo ir mais para o meio da pista e logo um cara chega em mim. Dançamos um pouco, mas ele logo me puxa para um beijo, que deixo acontecer. Ficamos ali se pegando e dançando até que alguém esbarra em mim, me fazendo separar do loiro a minha frente. Viro para o lado para ver quem foi, e reconheço um Lucas emburrado de passagem. O ignoro e volto ao meu beijo, mas logo Tina me acha e me leva de volta para a mesa.

    —Vamos brincar de Verdade ou Desafio?—diz animada. A esse ponto todo já havíamos ingerido uma quantidade considerável de álcool.

    —Meu deus! Não jogo isso desde o fundamental—falo rindo para depois pegar uma garrafa vazia no canto de nossa mesa e rodá-la. A garrafa cai de Lucas para Valentina.

    —Verdade ou desafio?—ele pergunta.

    —Verdade—ela diz receosa. Lucas para para pensar, mas logo se volta para a loira.

    —Lugar mais louco que já transou?—ele diz e Tina ruboriza rapidamente. Se não soubesse que a mesma era virgem, também estaria curiosa, mas Lucas havia posto a mesma em uma enrascada.

    —Desafio!—ela grita então.

    —Ok...então dá um beijo no Henrique—Lucas fala com um sorriso maléfico, e não posso impedir se não sorrir também.

    Não era como se os dois não quisessem se beijar mesmo. Só não estavam esperando a plateia. Em um ato de coragem, Valentina agarra o rosto de Henrique e cola seus lábios nos dele. Quando encerram o beijo, a loira está igual um pimentão, e Henri de início sem reação, mas depois abre um sorriso largo.

    —Minha vez de girar—Valentina diz depois de limpar a garganta. Ela o faz, e a garrafa cai de Henrique para mim.

    —Verdade ou Desafio—diz com cara de quem vai aprontar.

    —Desafio.

    —Beija o Lucas—ele diz e meu estômago gela.

    —Verdade—mudo rapidamente. Não é por que não estou sóbria que tenho que estar sem noção.

    —Ah qual é! Não vale ficar mudando o tempo todo—Henri diz.

    —Então escolha outro desafio!—digo, implorando pelos olhos.

    —Está bem!—Henri rende—Então beija um desconhecido do nada, só chega e o beija sem falar nada.

    —Ok!—digo já levantando.

    Olho em volta e enxergo um moreno sozinho no bar logo na nossa frente. Ando até ele rapidamente e o agarro antes que ele possa processar o que estava havendo. Ele se afasta por um momento, mas quando me vê melhor, me puxa para outro beijo. Nos beijamos por um tempo considerável, até que escuto a voz de Lucas.

    —Era só para beijar Mel, não fuder com ele no meio do bar.

    Rolo os olhos e volto para a mesa, deixando o cara confuso para trás. Logo rodo a garrafa, que cai de Bea para Lucas.

    —Verdade—o moreno responde.

    —É verdade que você já quis ficar com a Mel?—ela diz rindo e arregalo levemente os olhos.

    Lucas também não responde de imediato. No fundo, estava ansiosa pela resposta, mas apreensiva sobre o que aconteceria. Depois que o choque passou, Lucas se levanta rapidamente.

    —Cansei desse jogo—diz se retirando rapidamente.

    Depois do acontecido, Bea e Edu sumiram, e Henri e Tina finalmente perderam a vergonha e estavam se beijando na pista de dança. Lucas se enfiou no bar, e eu fiquei sozinha na mesa chamando o garçom de 5 em 5 minutos. Quando deu umas quatro da manhã, o resto do grupo voltou para a mesa quando Edu alegou que devíamos voltar. Logo me levanto e chamamos um táxi para irmos embora.

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