c a t o r z e

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•Lucas•

    Depois que saímos da academia, Henri foi para seu quarto para tomar um banho e disse que viria aqui depois para pedirmos algo para comer. Fui em direção ao meu banheiro para tomar um banho também, já que estava todo suado. Quando desligo o chuveiro, enrolo uma toalha na cintura e saio do quarto, mas quando abro a porta, vejo uma cabeleira castanha do outro lado do cômodo, que reconheço e fecho a cara na hora.

—O que é que você está fazendo aqui?!—pergunto confuso, e ela logo vira em minha direção. Por um momento ela não fala nada, passando seus olhos por meu corpo, e então lembro que estou só de toalha. Logo balança a cabeça como se saísse de um transe e volta sua atenção para meus olhos, e coça a garganta.

—Ninguém te avisou que você iria dividir quarto com uma garota agora?—ela fala e eu balanço a cabeça, negando—Bom, resumindo, ouve uma mini explosão no meu quarto, e agora ele está interditado. Não tem mais vaga no dormitório feminino, então a direção me tacou aqui. Bum.

—Explosão?—pergunto a primeira coisa que me veio à cabeça.

—É–ela diz rindo, o que me faz abrir um sorriso involuntário—Thaís ligou uma chapinha 110 na tomada 220. Explodiu a pia—Melissa conta.

—Que merda!—Eu digo, chocado com a falta de inteligência de Dias.

—Mas sabe o pior de tudo?—Mel diz e nego—Ela explicou que fez aquilo pois como a tomada tinha 220, e ela so precisava de 110, tecnicamente o aparelho ia ligar—solto uma risada com o comentário da morena.

—Bom, já que você saiu, vou tomar meu banho agora. E você devia pôr uma roupa—ela fala, apontando para o jeito que estou vestido (ou não vestido no caso) e em seguida entra no banheiro com sua toalha em mãos.

Sigo em direção ao meu armário, visto uma samba canção e me jogo na cama, ligando a TV. Depois de uns minutos, ouço uma batida na porta, seguida de um "Abre logo arrombado", me dizendo que é Henri na porta. Vou em sua direção, abrindo a mesma, e ele se joga na cama. Quando ele ia falar algo, Melissa sai do banheiro apenas de toalha.

—Esqueci o pija...—Ela começa a falar, mas para quando vê Henri ali.

—Caralho!—ele grita—Eu sabia que vocês dois iam se pegar. Eu falei!—diz sorrindo e apontando para mim e Mel. Fico sem reação por um segundo, mas Melissa toma a frente da situação.

—Henrique!—ela grita e ele para—Não aconteceu nada entre nós, somos colegas de quarto agora, só isso! Aquieta o cu.

—Ops—Henri diz um pouco envergonhado—Mas como que vocês são colegas de quarto? Não permitem dormitório misto—ele diz, ainda desconfiado, e então Mel aponta para suas coisas do outro lado do quarto.

—Vou deixar para o Lucas explicar, pois se alguém mais entra aqui, vai pensar mais merda ainda se me ver assim—ela aponta para si mesma só de toalha, o que me faz examiná-la. A lanço olhar demorado de cima para baixo, mas logo Henri limpa a garganta, me tirando do transe. Mel entra no banheiro novamente com sua roupa em mãos, e Henri me olha querendo uma explicação. Depois que termino de contar o motivo de Melissa estar dividindo quarto comigo, ele me olha malicioso.

—Tá, mesmo que vocês não estivessem se pegando antes, eu duvido que vocês passem um ano dividindo quarto e não fiquem. Você estava encarando a garota de toalha como se comendo ela com os olhos, se toca.

—Não estava não!—Eu me defendo—E além do mais, nada vai sair disso tudo. Diferente do que você pensa, eu não vejo ela dessa forma e nem ela me vê, nem amigo a gente é, só se atura. Além do mais, ela é imprevisível, o jeito marrento dela me deixa sem paciência—falo e logo Mel volta para o quarto, não deixando a chance de Henri discutir comigo—Vamos pedir a comida ou não? Vai querer, Mel?—pergunto, lembrando do real motivo de ele estar aqui.

—Opa! falou comida, falou comigo!—Mel diz e bate na mão de Henrique, como se comemorassem algo.

—Isso ai parceira!—ele diz animado e eu os encaro confuso—E então, o que querem pedir?

***

—Chega! To cheio!—Digo aos dois, largando minha quarta fatia de pizza pela metade, que logo é pega por Henri. Ele, Mel e eu entramos em uma competição de quem conseguia comer mais fatias, e já sabia que nunca conseguiria ganhar de Henrique. O que eu não esperava, era Melissa ser uma concorrente ao nível dele. Eles já estavam na sexta fatia, e nenhum dos dois parecia perto de parar.

—Fracote—Melissa diz para mim, indo para sua sétima.

—Vai achando isso, vai—falei sorrindo—Eu não sou fracote, só não sou um elefante.

—Tá me chamando de gorda? A gordura só me deixa mais gostosa mon amuor—Mel fala e solto uma risada, a analisando novamente. De gorda ela só tem a mente mesmo, porque o corpo...

—Belo jeito de conquistar uma garota, Lucas—Henrique diz, botando pilha.

—Essa aí eu não quero conquistar, então sem problemas—digo mandando um sorriso na direção dele.

—Algum problema com a minha pessoa?—Mel pergunta, entrando na brincadeira e levantando uma sobrancelha.

—Não, que isso. É só que você não faz meu tipo. Tenta não ficar chateada tá?—digo à ela, piscando ao terminar uma das maiores mentiras que já contei.

—Nossa! Acho que vou chorar a noite toda depois dessa. Henrique, me traz um lencinho?—Mel diz, do jeito debochado de sempre.

—Segura essa peão!—Henrique diz, animadíssimo com a discussão—Vou deixar o casal resolver a dr em paz, né. Vai que rola sexo de reconciliação?—ele diz e sai correndo, mas não antes de ser acertado pela almofada que joguei em sua direção.

—Bom, já que a pizza acabou, vou por o meu pijama para dormir. Fui—Mel diz, indo em direção ao banheiro, mas antes a grito, confuso.

—Você já não está de pijama?

—Claro que não! Botei isso pois a gente tinha visita. Se eu dormir assim eu morro de calor—Ela diz apontando para sua calça de moletom e blusa de manga—dou de ombros, me jogando na cama mais uma vez.

Fico distraído no celular até a porta do banheiro abrir, revelando uma Melissa com um babydoll minúsculo na minha opinião.

—Tá de brincadeira né?—pergunto, a secando na cara dura.

—Algum problema com a elefanta aqui?—Mel pergunta, sínica.

—Você está com isso só para provocar! Só porque você tirou sozinha a conclusão de que eu te acho gorda!—Eu digo, forçando minha vista para o outro lado, ou qualquer lugar que nao fosse a tentação ambulante no meio do quarto.

—Eu não uso para provocar Lucas, é assim que eu durmo todas as noites. E como você mesmo disse, eu não faço seu tipo, então tá tudo bem né?—ela me olha novamente com sua cara de marrenta que me deixava louco—Acho que ninguém nunca te avisou, então vou te fazer esse favor para você não sofrer no futuro: O mundo não gira em torno de você. Desce do pedestal—Dito isso, ela se vira e vai dormir.

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