•Melissa•
Olho para o relógio, marcando 19h. Volto então meu olhar para o moreno descabelado ao meu lado, que já estava a me encarar. Rolo para cima do mesmo, pousando a mão em seu peito nu.
—Distância Melissa, distância se você quiser sair daqui hoje. Se você continuar assim só sai amanhã—ele diz sério e eu caio na risada.
—To com fome—digo, lançando meus incríveis olhos de cachorrinho e ele suspira.
—Pega meu celular ali—pede, apontando para a cômoda do outro lado do quarto.
Resmungo, não querendo sair da cama, mas a fome é mais alta e faço como pediu, andando em direção ao seu celular. Quando me viro, vejo que o mesmo me encarava descaradamente e o mando o dedo.
—Que foi? Eu tenho o direito de olhar. Vou alimentar a fera—ele diz rindo e soco seu ombro, mas logo começo a rir também—Vai querer o que?—pergunta e eu penso.
—Ah, não sei. Desde que seja comida tá bom—Dou de ombros.
—Vou pedir salada então—O ouço dizer e me viro rapidamente, ouvindo seu riso—Estava apenas testando—ele diz quando se recupera—Realmente é uma fera—diz e acompanho sua risada
—Mas...—começo receosa—Será que tem alguma possibilidade de a gente não contar sobre isso para ninguém?—Aponto para nós dois—Eu meio que falei para as meninas que nunca ficaria com você...—digo envergonhada e ele me encara com uma expressão que não consigo desvendar.
—Sem problemas—ele diz depois de um tempo.
***
No dia seguinte, me dirijo para o quarto de Tina e Bea para o "dia das meninas" como as mesmas nomearam.
—Olha o que eu trouxe!—Bea diz balançando a mão, onde se encontram máscaras faciais.
—Trouxe algo melhor—falo, para em seguida abrir a sacola e tirar de lá algumas barras de chocolate.
—Meu deus Mel—Tina ri da quantidade, enquanto procurava filmes para assistirmos—Somos três, não trinta.
—Melhor prevenir do que remediar—digo apenas, dando de ombro—Tina, como sei que você prefere chocolate branco, comprei para você, e Bea, não esqueci do seu crocante—digo piscando para a mesma, que devolve com um sorriso.
Graças a teimosia de Tina, acabamos por ver um filme de romance, ao qual eu secretamente gostei, porém não pude revelar isso, já que havia falado às mesmas que esse tipo de filme não era minha praia.
Quando o filme acabou, Bea tratou de por uma música e começou a falar.
—Ok Tina, explica direito o rolo entre você e o Henri. Quero saber de tudo—diz ela séria, apontando para a loira.
—Ah...—Tina começa sem graça—A gente já vinha conversando a um tempo, mas ele nunca tinha dado nenhum avanço sabe. Nossos papos sempre eram muito bons, mas estava começando a achar que talvez ele não me olhasse com os mesmos olhos que eu olhava para ele. Aí, quando a gente estava na boate e surgiu a oportunidade, o beijei. Juro que morri de medo de ser rejeitada, mas se não o fizesse, nunca iria saber.
—Fez certíssimo amiga!—Bea diz e eu concordo—Agora vocês são o que? Ficantes, namorados...?—diz esse último levantando as sobrancelhas.
—Estamos nos conhecendo, eu acho—começa Tina, corada—Nós não rotulamos nada, mas também não estamos só ficando. Fomos até a um encontro ontem—conta com um sorriso largo—ele diz que me acha uma menina incrível e quer se aproximar mais.
As meninas continuam a conversa, mas eu mergulho em meus próprios pensamentos. Nunca tive uma relação assim com ninguém, algo que é levado para o pessoal com encontros e sentimentos. Nunca deixara meus rolos chegarem a esse ponto. Toda vez que algo estava começando a ficar sério demais, eu sempre me distanciava.
Tinha estabelecido limites e sempre repetia para mim mesma de que não estava na época de ter namorados. Isso nunca me incomodou antes e não é agora que vai acontecer.
Mas não deixo de pensar em como seria estar em um...•Lucas•
—Acho que com a Tina realmente vai para frente—Diz Henri ao meu lado. Estávamos andando em direção às quadras do colégio, enquanto ele me contava sobre seu encontro—Eu sei que você não se relaciona com ninguém nesse sentido, mas vou te falar, é incrível—conta sorrindo.
—Eu só não ao achei alguém que eu esteja disposto a me abrir desse jeito—falo, não muito confortável com o assunto—Não quero ser feito de trouxa igual da última vez.
—Você tem que esquecer isso. O que é? Ainda tem sentimentos pela garota?
—Não. Na verdade eu nem acho que cheguei a nutrir sentimentos reais por ela. O ponto é que eu estava disposto a tentar. Eu fui trouxa e acreditei—suspiro—hoje eu sei que relacionamento é conto de fada. Não me permito nutrir sentimentos por alguém, pois sei que só vou me foder depois. E só para constar, estou muito bem assim.
—Então se a pessoa que você estiver ficando pegar outro, você não sente nada? Não se importa nem um pouco?
—Ficando? Com quem eu estou ficando?—digo nervoso, com medo de ele ter descoberto algo.
—Ah...Bruna?—ele diz, como se fosse óbvio, e suspiro aliviado.
—Ah é—não lembrava mais da existência da mesma—Mas não. Não me importo com quem ela fica ou deixa de ficar. A gente não tem nada. Eu nem fico mais com ela—o respondo dando de ombros e continuamos andando.
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Colegas de Quarto ✔️
RomanceMelissa conseguiu uma vaga para passar o último ano do ensino médio em um colégio interno muito renomado, deixando para trás sua familia e seus amigos. Lá, ela faz novas amizades e conhece Lucas. Esses dois não se bicam, mas por causa de um problema...