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    O resto da semana se passou lento, com a mesma rotina. Eu vinha passando o mínimo de tempo possível no dormitório com a intenção de evitar Thaís, que agora descobri ser a prima de Bruna (o mal é de familia parece). Mas não importa o quanto eu tente evitar, toda vez que a encontro, eu perco um pouco mais da minha paciência, o que parece ser recíproco. Seja pelo espaço da bancada do banheiro que ela use (já tem maquiagem dela até em cima do vaso, pois não tem mais espaço na pia), ou pelo barulho insuportável de seu secador toda manhã, sempre há uma discussão.

    Nas aulas, tento fazer o possível para evitar Bruna, mas de vez em quando sinto seu olhar de ódio em minha direção. Troco algumas palavras com Lara, mas a garota se isola sempre que a amiga está por perto, com receio de sua reação ao ver nós duas conversando.

    Nos intervalos, sentamos sempre eu, Tina e Bea, e de vez em quando, Henri e Lucas, sempre ocorrendo as alfinetadas entre eu e moreno rabugento. Tina e Henri vivem envergonhados enquanto conversam um com o outro, e nenhum dos dois avançam. Me aproximei mais de Henri nesse tempo, já que vivemos nos encontrando nos nossos lanches noturnos. Bea nos apresentou ao seu namorado, e de longe dá para ver o carinho que um tem com o outro.

    —Terra chamando Melissa—Diz Tina na minha frente. Hoje é sexta, e como não temos aula a tarde nesse dia, viemos para a lanchonete em frente ao colégio para almoçar algo diferente.

—Foi mal—falo, dando mais uma mordida no meu hambúrguer—O que você estava dizendo?

—É sério que você não ouviu nada do que eu falei?—ela pergunta, indignada—Eu já to falando a uns dez minutos Mel!

—Desculpa. Eu vegetei—eu digo e ela balança a mão, como se indicando que estava tudo bem—É que eu não aguento mais ter que conviver com a Thaís! Em plena 6:00 da manhã a ela liga o secador. Me diz, qual a necessidade?

—Ai, graças a deus eu to dividindo quarto com a Bea. Você se ferrou bonito, caindo com ela como colega de quarto—Tina diz, aliviada.

—Obrigada por me lembrar...—Falo, deixando o papel do hambúrguer de lado—Cadê a Bea mesmo?

—Ela disse que ia passar o fim de semana na casa dos pais do Edu, eles foram hoje depois do colégio—ela diz, olhando para o relógio—É melhor irmos logo, to cheia de dever de casa para segunda e não quero ficar atolada no fim de semana!

    —Ah não Tina! Espera só mais um pouquinho, não quero voltar para o meu quarto e ter que lidar com aquela piranha tão cedo!—Eu a pedi, com meus maiores olhinhos de cachorro.

    —Bom, já que a Bea não estará aqui até domingo à noite, você pode ficar no nosso quarto durante o fim de semana, se isso for aju...—Tina diz, e antes que ela pudesse terminar a frase, me jogo em seus braços em um abraço apertado a agradecendo sem parar, mas ela logo me interrompe—Mas apenas se voce deixar eu fazer meus deveres em paz—Eu rolo meus olhos, mas assinto—Você não tem nenhuma tarefa não?—ela me pergunta, confusa.

    —Sobre isso...—eu disse coçando a nuca—ter eu tenho, fazer é que eu não vou—eu disse, e ela já ia abrindo a boca para brigar, mas, sabendo a lição de moral que viria, eu rapidamente peguei suas chaves e sai correndo em direção ao colégio.

    —Mel! volta aqui!—Ouvi ela gritar enquanto corria atrás de mim.

    —Nem morta!—disse, olhando para trás e rindo da sua tentativa fracassada se me alcançar.

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