d e z e s s e t e

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    A tarde se passou, e nem sinal de Lucas até umas nove da noite, quando o mesmo apareceu com Henrique entrando no quarto em seguida.

    —Fala Melzinha!—Henri veio me abraçar, mas eu desvio, apontando o dedo para seu peito.

    —Não me chame de Melzinha—digo séria.

    —Cuidado que ela morde—Lucas fala, e eu o lanço um olhar assassino.

    —Vou tomar cuidado—Henri ri me encarando—Mas enfim, topa uma piscina?

    —Agora?—pergunto confusa, mas ele concorda com a cabeça como se fosse óbvio—Pode ser. Ainda não vi a piscina do colégio.—Digo enfim, animada com a ideia.

    —Se veste lá e a gente vai, bora—Henri diz e eu vou em direção a minha mala.

***

    —Aonde que é isso?—pergunto de saco cheio. Já estávamos andando pelos corredores a uns quinze minutos e nada da piscina.

    —Calma Melzinha, a gente só vai passar em um lugar antes. Relaxa—Henri diz e o reprimo novamente pelo apelido—Olha, chegamos—ele diz e reparo que estamos em frente a um dos dormitórios.

    —O que a gente está fazendo aqui? Você já não está de shorts de piscina?—pergunto confusa.

    —Esse não é meu quarto, a gente só veio pegar umas coisas—Henri diz, e em seguida bate na porta.

    —Fala irmão!—o mesmo garoto que havia segurado a Bruna naquele dia diz, batendo nas costas de Lucas e fazendo um aperto de mão com Henrique—Do que precisam?

    —Descola aquelas geladas para nós. O de sempre, mas dessa vez põe mais, temos companhia—Lucas diz apontando para mim, e só então o garoto parece me notar. O mesmo me olha de cima a baixo demoradamente, e cruzo os braços sobre o peito coberto apenas pelo biquini, me amaldiçoando por não ter posto uma blusa por cima antes de sair. Antes que possa falar algo, Lucas limpa a garganta, chamando a atenção do garoto novamente.

    —Pode deixar!—ele diz finalmente, com um sorriso no rosto. Ele entra em seu quarto, saindo uns minutos depois com uma caixa de isopor nas mãos—O preço continua o mesmo, cortesia para a princesa hoje—ele diz piscando para mim, antes de fechar a porta.

    —Me desculpa por isso Mel, Daniel é meio sem noção mesmo, só ignora—Henri diz carregando a caixa, e o conforto dizendo que estava tudo bem—Mas você bebe? Comprei sem nem perguntar—ele diz com uma preocupação repentina.

    —E eu preciso mesmo responder?—digo, lançando um olhar divertido e pegando uma das latas do isopor.

    —É assim que se fala!—Lucas diz, passando o braço por meu ombro e se servindo também.

***

    —Chegamos!—Henri diz, já mais animado por causa do álcool.

    —É enorme—digo surpresa, encarando a piscina.

    —Qual foi, Melissa? Está com medo da profundidade? Acho que deve dar umas duas Mels e meia, o que você acha Henri?—Lucas diz sorrindo e me encarando como se eu não soubesse nadar. Decido brincar o jogo dele e não nego, apenas sorrio de volta.

    —Porra! Esqueci minha toalha—Henrique fala com as mãos na cabeça—Vou lá no dormitório rapidão e já volto—ele diz correndo para a porta, mas então se vira—E Mel, temos apenas uma regra: não transe na piscina.—reviro os olhos com sua insinuação e mostro o dedo, mas o mesmo já havia saído.

    Volto minha atenção para minha latinha, que já estava vazia, e então decido entrar na piscina. Tiro meu shorts e o apoio na mesinha junto com minha toalha. Na hora que viro, vejo que Lucas me encarava. Logo lembro de sua insinuação sobre eu não saber nadar e resolvo fazer uma brincadeira. Vou andando em direção à piscina, mas finjo que escorrego, caindo na água. Prendo a respiração, com a intenção de permanecer de baixo d'água o máximo possível. Poucos segundos depois escuto a voz do moreno.

    —Melissa? Melissa? Para de brincadeira, isso não se faz—o silêncio domina o local—Melissa!? Porra...—ele fala, e escuto um barulho de alguém mergulhando, seguido por um par de mãos fortes em minha cintura—Melissa! Acorda pelo amor de deus!—ele diz, já tendo me levado para fora da piscina, mas permaneço de olhos fechados, fazendo o máximo para não rir—Mel. Mel. Acorda!—fala, dando leves tapinhas em meus rosto, na intenção de me acordar. Não aguento mais e solto uma risada alta, o que o faz pular de susto.

    —Você tava desesperado!—Digo, gargalhando ainda mais. Porém sua expressão não é nada amigável.

    —Cacete Melissa! Com isso não se brinca. E se você tivesse se afogado de verdade?!—fala, passando a mão pelo cabelo nervosamente e virando de costas, me dando a visão de seus músculos tensionados. Vou até ele e pulo em suas costas, o que o faz perder o equilíbrio e nos derrubar na água novamente. Quando subimos, me apoio na parede, ainda o encarando.

    —Você teria me salvado—falo baixo, com um sorriso apesar de não ter ninguém mais na piscina além de nós, e isso fez com que minha voz ecoar pelo espaço. Seu rosto logo deixa de lado a expressão carrancuda, e ele se aproxima, olhando em meus olhos. Suas mãos param na parede atrás de mim, me prendendo no lugar. O olhar em seus rosto estava tão intenso que me fazia querer desviar, mas ao mesmo tempo, não conseguia quebrar o contato visual. Permanecemos assim por um tempo até que me pronuncio—Me desculpa—digo sincera. Segundos se passaram, mas não falamos uma só palavra. O silêncio permaneceu no local até uma voz o quebrar.

    —Qual foi Melissa! Te falei que a única regra era não transar na piscina—Henri diz embolado, me tirando do transe. Rapidamente me retiro do meio dos braços de Lucas, saindo da piscina em seguida.

    —Tá maluco, Henrique! Aquele ali é o seu homem, super apoio vocês dois—digo brincando, e pegando mais uma latinha da caixa. Henrique olha para mim, sorrindo maliciosamente e apontando com o queixo para Lucas, que saia da piscina como se fosse um participante de De Ferias Com O Ex. Não preciso nem explicar o por quê. Mantenho meu olhar naquela cena até ouvir sua voz.

    —Amor, ela que estava se insinuando para mim, eu nunca te trairia, você sabe né?—Lucas diz pousando a mão no ombro de Henri, que lhe dá um tapa rindo.

    O resto da noite se passa divertido com muita risada e cerveja, até que Lucas tem a coragem de comentar a aula amanhã, e todos nós decidimos ir descansar.

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