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Logo quando o sinal da última aula tocou, a diretora apareceu na porta da sala, nos deixando sem escapatória. Com mais nada a se fazer, a seguimos em silêncio.

—Bom, o que vocês vão fazer já sabem. Jorge, nosso inspetor, vai ficar supervisionando vocês caso tentem bancar as crianças de novo. Quando tudo estiver limpo, vocês estão liberadas. As senhoritas não tem 5 anos, e sim 17, espero que aprendam a se comportar como tal.—Dito isso, ela deixa o refeitório.

—As coisas para a limpeza estão aqui, qualquer coisa eu estarei logo ali no canto...—O tal do Jorge diz, já andando em direção a um local mais reservado.

—Bom...eu acho que deveríamos dividir as tarefas, assim fica mais fácil. De acordo?—Eu pergunto e Lara logo confirma com a cabeça, Bruna hesita, me olhando com raiva, mas sabendo que é a melhor opção, logo assente—Ótimo então...Eu e Lara ficamos com o chão e Bruna fica com as mesas, pode ser?

—Por mim tudo bem—Lara responde olhando apreensiva para Bruna, que só assente com a cabeça, põe seus fones de ouvido, e segue em direção aos produtos de limpeza.

Ficamos limpando tudo por uns 20 minutos em silêncio. Bom, excerto pelo ronco do Jorge ecoando por todo o lugar.

—Como vai o rosto?—Olho para Lara, que me encara surpresa pela pergunta repentina.

—Ah, está tudo bem, um pouco vermelho mas nada de mais. Obrigada por se preocupar—ela respondeu.

—Que bom. A Bruna é sempre sem noção assim mesmo?—pergunto. Os olhos dela se arregalam enquanto me lança um olhar receoso, olhando para trás para encontrar a loira focada nas mesas com seus fones nos ouvidos.

—Você devia tomar mais cuidado com o que fala sobre ela, principalmente quando ela está praticamente do nosso lado—Ela diz, olhando receosa em direção à Bruna.

—Relaxa, ela tá de fone, eu posso chamar ela de vaca, prostituta, resto de aborto, meretriz, que ela não vai escutar um pio, a música está tão alta que eu estou ouvindo daqui—termino apenas para ver a cara de descrença de Lara sobre o que eu falei.

—Queria ter sua coragem para certas coisas—ela diz, mais para ela mesma do que para mim.

—Vish...deixa eu te avisar, alguns dizem que não é coragem, é falta de noção—sorrio sem graça—eu apenas não consigo ficar de boca calada, tudo que eu penso sai. As vezes me dá problemas, mas relaxa que 15% das vezes eu consigo me segurar—eu termino piscando para ela dando de ombros e Lara ri.

—Percebi já—diz rindo.

—E você me conheceu a menos de uma hora atrás—sorrio—sempre causando boas impressões—eu rio e ela me acompanha—mas deixa eu perguntar, você que é amiga dela, ela te trata bem? Porque pelo que pareceu, não tanto, ela te bateu e nem pediu desculpas! Eu posso não ter muita noção, mas ela é outro nível. Menina estranha.

—Ah...—Lara começa, meio cabisbaixa—Sabe, a Bruna me ajudou em um momento meio difícil, então acho que tenho um débito com ela, mesmo ela sendo assim, não posso simplesmente deixá-la.

—Olha, não quero me intrometer muito, mas já me intrometendo—falo, dando um sorriso sem graça—Se ela sempre te trata assim, você tem que pensar no seu bem estar. Não é porque ela te ajudou uma vez, que você está presa a ela, principalmente se for uma amizade tóxica. Você tem que se botar em primeiro lugar, ter mais amor próprio, sabe?—Enquanto falo, vejo um brilho esperançoso nos olhos de Lara, mas que logo some ao ouvir a voz de Bruna.

—Eu acabei, vocês vão terminar para nós sairmos logo daqui ou vão ficar paradas aí?—Bruna diz sem muita paciência, e logo termino o serviço, não querendo ficar perto da loira falsa por muito mais tempo.

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