v i n t e • e • n o v e

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    Quando chegamos da academia, logo avistamos Henrique e Tina corre em sua direção, se jogando em seus braços. Sorrio pela felicidade dos dois e sigo para o fundo da sala, afim de começar meu aquecimento.

***

    Os minutos se passam, Tina e Henri já tinham até ido embora, e nada de Lucas aparecer. Começando a ficar preocupada depois de uns 20 minutos, sigo em direção ao quarto. No caminho, escuto uma voz familiar em um dos corredores, e me viro a tempo de ver Lucas saindo de um dormitório com Bruna logo atrás.

Eu não conseguia me mexer. Ele parecia cansado e irritado, e quando fez menção de seguir pelo corredor, Bruna o puxa de volta para um beijo que ele logo desfaz. Antes que eu desapareça pelo corredor, consigo ver Lucas olhar em minha direção, surpreso ao me ver ali.

Sem conseguir assistir mais nada, começo a andar rápido em direção ao dormitório, mas quando lembro que aquele é o quarto dele também, mudo minha rota e paro em frente ao de Vale.

—Já vai!—ela grita quando bato na porta—ela logo a abre e eu entro me jogando em sua cama.

—O que foi Mel?—diz, apoiando minha cabeça em seu colo e meus olhos se enchem de água. Penso em minha situação e logo me sento direito, me sentindo ridícula frágil daquele jeito.

—É por isso que eu não queria me abrir Tina. Eu não queria ser feita de trouxa—falo, respirando fundo.

—Mel, do que que você está falando?—pergunta com uma cara confusa—Calma. Primeiro respira, e depois me conta tudo desde o início—ela diz, indo até o frigobar e pegando um pote de Nutella do mesmo, para apoiar entre nós duas e me entregar uma colher.

Quando boto a colher na boca, respiro fundo, e conto tudo o que vinha guardando da mesma desde o dia da boate.

    —Desculpa não ter te contado nada antes, mas eu estava muito assustada, era tudo muito novo para mim e...não sei!—termino, enterrando a cabeça em minhas mãos para me acalmar.

—Mel!—me repreende—Eu poderia até estar brava, mas minha vontade de dizer "eu te avisei que vocês iam se pegar" é maior—Tina diz e rimos juntas. Sorrio agradecida.

—É que eu sempre preferi ficar fora de relacionamentos para me impedir de me machucar, então quando aconteceu, eu não sabia como agir—digo, enchendo minha colher novamente—Eu não sei porque achei que com ele seria diferente, só que quando vi já estava envolvida, abrindo mão de todas a minhas barreiras e inseguranças. Ele me fazia fazer isso—confesso cabisbaixa—E agora ainda por cima vou ter que aguentar o final de semana com ele sem você aqui.

—Sobre isso...—ela começa e eu a olho—O que você acha de vir comigo para o apartamento de meu irmão passar o fim de semana?—a encaro receosa—Eu tenho certeza de que ele não vai ligar, e não posso deixar você sozinha nessa situação—ela fala pidona.

Depois de uns minutos, Tina finalmente me convence, e me faz ir arrumar minha mala e dormir em seu quarto hoje. Respirando fundo, levanto e começo a andar em direção ao quarto ao qual eu queria evitar o máximo possível.

***

Quando fecho minha mochila, olho em volta para ter certeza de que não estava esquecendo nada e suspiro fundo por ter conseguido fazer tudo sem Lucas por perto. Porém minha alegria se esvai rapidamente, quando jogo a mochila pelos ombros e a porta se abre revelando um Lucas meio cambaleante. Bêbado, que ótimo.

—Melissa—ele sussurra andando em minha direção, mas desvio de seu toque.

Evitando seu olhar, caminho em direção a porta, mas antes que possa alcançá-la, sinto o familiar par de mãos eu meu ombro me virando, que mesmo nas circunstâncias, não deixam de enviar um arrepio por todo o meu corpo. Tento me soltar, mas a cada movimento que fazia, ele me segurava melhor.

—Me solta Lucas—peço quando vejo que não conseguiria sair sozinha, mas minha voz me trai e se quebra no meio da fala. Algo em seus olhos amolece,
mas ele não me solta.

—Mel, o que você viu não foi nada! Deixa eu te explicar—Seu olhar se torna suplicante. Tento manter minha cara impassiva, por mais difícil que seja.

—Você não me deve explicação Lucas. A gente não está em nenhum relacionamento, você pode ficar com quem quiser—falo fria e logo suas mãos me soltam, recuando. Quando olho para cima, vejo a raiva e a dor em seus olhos, e sem conseguir suportar aquilo, me viro para a porta. Quando abro a mesma, escuto sua voz novamente.

—Então foi tudo uma ilusão, um jogo? Você não criou nenhum sentimento por mim?—ele pergunta, tentando soar firme. Me viro para encará-lo, sem se preocupar mais com parecer forte, e querendo mostrar o quanto aquilo tudo me machucava.

—Criei Lucas. Obvio que criei—faço uma pausa quando sinto uma lágrima solitária escorrer por meu rosto—E esse foi o meu erro—termino, saindo do quarto rapidamente, não dando a ele uma chance de responder.

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