t r i n t a • e • d o i s

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Me apoiando em meus cotovelos, avisto os garotos voltando do mar sem camisa com a água escorrendo por seus corpos bem definidos.

—Bem que você podia ter me avisado que eu tava indo passar um final de semana cercada de gente gata Tina—falo e ajeito meus óculos escuros, sem tirar os olhos dos abdomens definidos vindo em direção à barraca.

—Não acho um par de músculos muito atraente—ela dá de ombros e volta a se deitar.

—Isso é porque você nunca ficou por baixo de um—digo sorrindo e mordendo o canudo de minha água de coco enquanto as meninas riem concordando.

—Mel!—ela fala espantada, mas logo ri comigo negando com a cabeça.

—Não vão dar um mergulho?—diz Theo, parando em frente a nós com Mica e Bento ao seu lado.

Logo tiro o óculos e o ponho ao lado do meu celular, esticando a mão para algum deles me ajudarem a levantar. Theo sorri e a pega, me puxando para cima e me colocando ao seu lado, de forma que sua pele molhada ficava em contato com a minha. Logo todos olhamos para Valentina, esperando que ela se levante. Quando a mesma balança que não com a cabeça e volta a se deitar, encaro os meninos, e sem dizer mais uma palavra a carregamos para a água rindo.

***

Quando voltamos para o prédio no final da tarde depois de nos despedirmos do grupo, já estou morta.
Com o cabelo duro da água so mar e com areia em todos os lugares possíveis.

Ao chegar no apartamento de Theo, Tina corre para o corredor alegando que precisava urgentemente de um banho. Como nós estávamos dividindo o banheiro, vou em direção a varanda esperar minha vez. Theo vem logo atrás de mim, me encarando com um sorriso.

—O que foi?—pergunto sem entender.

—Amei passar esse final de semana com você—ele diz andando em minha direção.

Retribuo com um sorriso e o encaro. Ele passa uma mão por minha cintura, e a outra enterra em meu cabelo, juntando nossos lábios. Ele era um cara atraente. Alto e forte, com os mesmos olhos azuis da irmã e cabelos dourados cortados curtos. Ele fazia meu tipo. Mas então, por que eu me sentia mal fazendo aquilo? Com um sentimento amargo pousando no peito? Eu não sabia. Mas mesmo assim o empurrei. Desviei o rosto e saí de seus braços.

—O que foi? Fui rápido demais?—ele pergunta me encarando e balanço a cabeça negando—Está em um relacionamento?—Quando vou negar novamente, paro sem saber o que fazer. Afinal, o que deveria responder? Eu não tinha um resposta. Não sabia.

—Mel, acabei—Tina aparece na porta da varanda—O banheiro está livre—diz quando para em minha frente.

Ela age como se não desconfiasse de nada que acontecera, então apenas balanço a cabeça e vou para o banheiro rapidamente. Tomo banho, retirando toda a areia ali encontrada, mas quando termino não me sinto nada melhor.

    Logo volto para meu quarto e deito na cama olhando para o teto, com as milhares de perguntas que tentei esquecer durante o fim de semana voltando em um turbilhão.

    O que estava acontecendo entre Lucas e eu? Qual é a dele com a Bruna? Ele não nutriu nenhum sentimento por mim? Fui burra em finalmente me abrir para alguém, e me deixar criar sentimentos? O que acontece agora? 

    Tantas perguntas, nenhuma resposta.

•Lucas•

Era domingo de tarde. Henrique foi o único que entrou no quarto desde então, a força. Chegou exigindo saber o que aconteceu. Com muita insistência dele, comecei a explicar.

—Depois de ver o que Bruna havia feito no braço de Melissa, procurei-a
a fim de esclarecer as coisas. Não dormíamos juntos desde que o ano começou, e achei que estava claro que não havia mais nada entre nós. Passei boa parte da tarde em seu quarto, tentando explicar que não tinha sentimentos por ela, e que não havia mais nada entre a gente. Uma hora ela cedeu. Falou que eu estava certo e me pediu desculpas por tudo—solto um riso irônico—Eu fiquei chocado, e fui burro o suficiente para acreditar nela. Quando fui sair, ela avistou Mel passando pelo corredor, e não perdeu tempo em me beijar. Eu rapidamente me afastei, mas foi aí que vi a morena, me encarando com uma expressão de decepção no rosto, e logo desapareceu pelo corredor—Termino, enfiando a cabeça entre as mãos.

—Putz...—Henri fala e o olho—Mas por que você não tenta explicar isso para ela?

—E você acha que não tentei? Encontrei com ela no quarto, ela estava com uma mochila nas costas. Não quis me escutar.

—É, Tina me falou que elas iam passar o fim de semana na casa no irmão—Henrique fala e ficamos em silêncio por um tempo.

—O irmão da Tina é bonito?—pergunto baixinho.

—Sim—Henri diz simplesmente e o encaro bravo, mas logo depois enterro a cabeça nas mãos novamente.

—O pior é que eu estou com medo de perder ela. Como nunca tive com ninguém, Henri—o olho preocupado—E eu não faço a minima ideia do por quê—digo rindo ironicamente.

—Seu idiota—ele diz e o olho sem entender—Você está apaixonado, é óbvio—ele diz como se fosse óbvio e eu o encaro com os olhos arregalados.

—Ta maluco!?—digo, quase alto de mais—Eu conheço ela a menos de dois meses Henrique. Eu não estou apaixonado por ela. Eu nem sei o que é isso—digo querendo sair do assunto, mas ele só ri, como se eu fosse um tonto.

—E você também disse que não sabe o que sente por ela, ou porque—Henrique responde e minha cabeça dá voltas sobre o assunto. Não querendo pensar nisso no momento, me jogo na cama bufando.

—Ah não. Não vai entrar em depressão não. Vamos assistir um filme para você tirar isso da cabeça. Amanhã sai o ônibus para a excursão e você vai ver ela novamente. Aí você pensa no que fazer. Agora vai fazer a pipoca—Henri fala, me chutando da cama e cedo, indo em direção ao microondas.

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