Sentimentos Reais

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Acho que essa é a única explicação plausível para essa situação, no meu planeta estaria mais para Burbinov, sentimentos que não vão embora e te assombram antes de dormir. Quando pesquisei por uma palavra terráquea para esse sentimento, a palavra mais próxima foi "amor".

Penso que talvez sempre tenha sentido isso por ele desde nosso primeiro contato. O toque de nossos lábios, algo normal em minha terra, ascendeu uma chama dentro de mim. Se eu soubesse, teria beijado outra pessoa para aprender a língua do planeta Terra. Em todas as nossas missões, meu coração pula ao saber que ele precisa de mim, que chama pelo meu nome, que me elogia pelo ótimo trabalho. Mas eu quero mais. Quero mais uma vez ter um contato com ele... Mas não posso. Não depois de ele ter me recusado na frente de nossos amigos. O que eles pensariam de mim? Que uma tamariana estaria desesperada por atenção e sentimentos recíprocos? Como me foi dito, sentimentos devem ser deixados de lado pelo bem da equipe, e ela é muito mais importante do que um sentimento que posso facilmente retrair.

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Depois da conversa no quarto do Mutano, não conseguia mais parar de pensar sobre meus próprios sentimentos. Isso está certo? Eu devo amar alguém que preza somente pela equipe? Alguém tão frio e solitário, que já deixou claro não estar pronto para esse passo? Não sei o que fazer.

Vou para meu quarto e vejo Silkie esperando por mim em cima de minha cama.

-Ah, Silkie, querida. Se você soubesse falar, me ajudaria com esse problema? - a pego no colo e vou voando baixo até minha janela, daqui posso ver a baía e a cidade que adormece a essas horas. As luzes dos prédios se apagando me deixam calma e com certo sono. Talvez não tenha sido bom ir ao quarto do Mutano, me fez lembrar de sentimentos que jurei esconder para o bem de todos. Mas me sinto tão sozinha... não posso conversar sobre isso com Ravena, pois ela acharia bobagem e mandaria eu ir ler alguns livros ou deixá-la em paz. Ciborgue está totalmente centrado em seu relacionamento com Abelha e não teria tempo para me receber e me ajudar a manter minha cabeça no lugar. Mutano seria minha única opção plausível para isso, mas vejo que deveria ter deixado somente a cesta de doces.

-Queria que fosse mais fácil - Solto Silkie no chão e ela vai para de baixo da cama. Ouço batidas na porta, não faço ideia de quem seja a essa hora  da noite.

-Estelar? Está acordada? - meu coração parece parar por um longo momento. Reconheceria essa voz a quilômetros luz de distância da Terra. Deveria abrir a porta depois de tudo o que venho pensado? Acho melhor não. - Gostaria de conversar sobre o Mutano. - pareço não respirar - Mas volto amanhã.

-Espere! - grito sem pensar e morro de vergonha logo em seguida. Abro a porta e vejo o rapaz que confunde meus sentimentos a meses. - Pode entrar, Robin.

O mesmo passa por mim e consigo sentir seu perfume misturado com seu suor depois de um dia de trabalho. Robin fica em frente a mim e eu fecho a porta. Uma ação rotineira mas que me trás calafrios.

-Como foi com o Mutano? - cruza os braços esperando uma resposta, parecendo preocupado. Fico em sua frente para responder.

-Você deve saber como é isso. - falo nervosa- Digo, amar alguém...

-O que? Mutano está apaixonado pela Terra? - Robin senta-se em minha cama e parece aflito. - É tudo o que não deveria acontecer. 

-Por quê? Por que um sentimento poderia ser a ruína da equipe? - digo quase gritando, frustrada por ele não entender a magnitude desse sentimento.

-Amor só estraga as coisas, Estelar. - Robin se levanta e fica na minha frente também alterando a voz - Imagine como será o rendimento do Mutano nas batalhas? E se falharmos por culpa dele? E se ele se isolar e querer sair da equipe? Você também vai achar que "amor" é algo bom para alguém?

We Are Coming - Uma História de Jovens TitãsOnde histórias criam vida. Descubra agora