We Are Coming - Uma História de Jovens Titãs

Ilusão

-Fico muito feliz que esteja se sentindo melhor, Mutano. Todos estavam muito preocupados com você. - Abelha trazia a bandeja com a fornada de biscoitos que Estelar estava assando antes de sair. Colocou-a sob a mesa de centro e veio sentar-se ao meu lado. - Afinal, quem jogaria mais de dez partidas de um jogo com o Ciborgue sem reclamar? - riu.

-Eu estou bem aqui do seu lado, querida - Ciborgue fez cócegas na garota e virou o olhar para mim. - Realmente estávamos e ainda estamos preocupados com você, amigo. Nunca o vi desse jeito.

Bufei. - Eu estou bem. Nunca estive melhor! - alisando meu cabelo para trás vi que os dois não acreditavam em nada do que eu disse. - Eu não entendo... queria poder entender. - baixei a voz e senti uma pontada de dor na lateral da cabeça. Pensar nela está me fazendo ficar doente. 

-Nós estamos aqui por você, se quiser conversar, sabe onde me encontrar. - Abelha se levanta do sofá e pega um dos biscoitos. - Eu preciso voltar para a torre dos Titãs da Costa Leste, aqueles rapazes não sobreviveriam sem uma líder. - dá um beijo na bochecha de Ciborgue e na minha. - Fique bem, Mutano. - vejo meu amigo acompanhando Abelha sair da sala pelo olhar.

-Maninho, achei que ela passaria a noite com você pelo menos hoje. Vocês estão a dias sem se ver. - Ciborgue suspira e volta seu olhar para o teto da nossa sala de vídeo.

-Karen é apaixonada e dedicada demais pelo trabalho, não me surpreende que ela prefira voltar hoje mesmo para a Torre.

Meu amigo coloca seu rosto entre as mãos e fica alguns segundos assim. - Acha que não está dando certo? Você e a Karen.

-Acho que se estivéssemos na mesma equipe como antes, poderíamos estar bem mais além.

-Hmm. - um pensamento martelava em minha cabeça, não sabia se poderia ser verdade. - Você quer ir com ela, não é? Ficar com Karen e se tornar novamente o líder dos Titãs da Costa Leste - ele estremeceu. Era verdade.

-Estou a alguns dias pensando nisso, Mutano, mas não quero que você se preocupe, não irei sair daqui tão cedo. - sorriu 

-Quero que seja feliz, Ciborgue. Se Terra estivesse aqui, eu tenho certeza que sairia com ela por aquela porta e faria o que fosse preciso para ficar ao lado dela.

-Quer jogar? - pergunta balançando um dos consoles do nosso video game e eu aceito.

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-Chega, eu não aguento mais! - digo largando o console no sofá ao meu lado e levantando do mesmo.

-Eu também não aguentaria depois de perder quinze partidas seguidas. - riu.

Me espreguiço no chão me transformando em um cachorro. Eu estava me sentindo muito melhor mesmo perdendo para o Ciborgue e penso que talvez algo tão normal quanto jogar video game com o meu melhor amigo, não se torne mais comum.

-Vou pegar algo para comer, quer alguma coisa? - digo já perto da porta da cozinha fazendo-a abrir.

-Um sanduíche não seria nada mal.

Entro no cômodo e vejo Ravena sentada na cadeira do balcão, novamente aquela cena. Sinto uma sensação de dejavú, mas desta vez sigo a direção de Ravena e não da geladeira. Sento- me ao seu lado arrastando a outra cadeira e vejo que a garota está totalmente inerte. Seus olhos fechados se mexem por trás das pálpebras, sua coluna está na posição ereta e um de seus livros aberto em sua frente me fazem ter um pouco de incômodo. Já fazia um tempo que eu queria saber o que estava de errado com a minha amiga e o porquê de estar me evitando à dias. Me atrevo a fazer algo que Ravena nunca permite que façam, pego seu livro e começo a folheá-lo. Este está traduzido e consigo ler com facilidade, a página na qual estava aberto era sobre como apagar e recuperar memórias parciais em pessoas. Ela quer apagar a memória de alguém? Mas por que? Continuo folheando as páginas seguintes e nelas estão ilustrações e o passo a passo do feitiço. Todas as instruções nestas páginas se encontram com palavras escritas ao contrário, o que não fazia sentido algum. Eu não entendo.... Por que Ravena faria algo assim? Alguém a pedira para fazer isso? Mas quem? Fecho o pesado livro de feitiços e vejo o nome do dono na capa.