Capítulo 25: Eufemismos.

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OI! :)
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Chequei o relógio pela vigésima vez seguida. 12:23 AM. Eu não conseguia dormir, convencendo a mim mesma de que era culpa dos dez pedaços de pizza que devorei sem dó, porém, Sr. Urso me encarava com um olhar desconfiado, como se soubesse qual era o motivo da minha insônia. Por Deus! Você é um ursinho de pelúcia, não pode me julgar com esses... olhos de botão! E por que diabos eu sigo me importando com a opinião de um boneco feito de tecido e espuma?! Bem... ele é um bom ouvinte! Eu não tenho culpa!

— Certo! Eu não consigo dormir por causa dela! — Cobri o rosto com as mãos, soltando um suspiro cansado. — A Lauren é uma babaca! E ela é ridícula, e está sempre enchendo a minha paciência, e tem essas piadas idiotas, esse jeito bobão de ver a vida, se acha a pessoa mais incrível do mundo, e... e... merda, ela é adorável quando quer. E me trata bem, me respeita, se importa comigo... e, ok, é muito engraçada também! E foi tão agradável hoje... o Eddy realmente gosta dela.

Toquei a perna do ursinho, lembrando do dia em que a Jauregui o deu para mim. Lembrando também lembrei do chaveiro tão pequeno que acabou tendo um significado gigante e todas as lembranças foram chegando sem pedir licença, atormentando a minha mente. Sejam elas boas ou ruins.

— Sabe aquele machucado que dói como o inferno, mas você continua cutucando para senti-lo arder? — Perguntei ao brinquedo posicionado ao meu lado na cama, fitando-me com os seus botões pretos. — Blé, é claro que não, você é de pelúcia... enfim! Nós não sabemos o porquê de continuarmos cutucando a ferida, porém, não conseguimos parar, mesmo doa. É como se gostássemos da dor. — Voltei a encarar o teto, deixando as mãos entrelaçadas sobre o meu abdômen. — Isso é a Lauren e eu! Dá para entender? 

— Camz? — Estava pronta para desligar o abajur e tentar arremessa-la da minha mente quando ela apareceu, dando duas batidinhas na porta. — Posso entrar?

É claro que você pode entrar, sua estúpida idiota! Ou melhor, não pode. Definitivamente não pode!

Ou pode...

"Isso ainda é sobre entrar no quarto?" — Pude jurar que o Sr. Urso perguntou. Calado, traíra!

Levantei da cama para recebe-la e, só por curiosidade, chequei os meus trajes. Usava um moletom cinza já desbotado pelo tempo — eu o tenho desde os quinze anos — com um poodle bordado na barriga e um laço 3D bem grande na orelha dele. Cafona demais, eu sei, mas era estiloso naquela época! Também vestia uma calcinha de renda toda rasgada e cheia de fiapos, do tipo que a gente só usa quando já desistiu da vida. Lauren não pode me ver assim!

— Só um segundo! — Gritei, já arrancando aquela cafonice do meu corpo e me livrando da peça intima de vovó. O que eu posso vestir, meu Deus?! Não tem nada de legal no meu armário! Digo, até tem, mas está tudo no fundo das gavetas. Não é como se eu tivesse força de vontade para usar uma roupa chique e sexy quando as únicas pessoas que veem são minha mãe, meu filho, minha irmã e a Dinah. Sim, Dinah! Ela deu uma camisola de cetim para mim no meu aniversário, onde será que está... aqui!

Vesti a peça com rapidez e me encarei no espelho, analisando o cetim preto que se moldava perfeitamente em mim. Era simples, chegando até metade das minhas coxas, com detalhes em renda que deixavam parte do meu abdômen a mostra e uma fenda no vale entre os meus seios. Segundo DJ, esse presente é para eu usar na "ocasião especial" que vai ser "perder a virgindade de novo". Não que eu queira agarrar a Lauren, urgh! Na verdade, eu nem sei o porquê de estar vestindo essa camisola idiota. Eu estou me arrumando para ver a Lauren?!

Corri até a porta e pensei em uma expressão para recebê-la, franzindo a boca de todas as maneiras possíveis até aceitar que tinha desaprendido a ser sedutora. Com essa conclusão, voltei para a cama e me escondi debaixo do cobertor, pegando o primeiro livro que encontrei pela frente para fingir lê-lo. Oh, escondi o Sr. Urso também! Ela não pode saber que eu durmo abraçada nele. Serei zoada por toda a eternidade.

Você de Novo? (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora