*Pov Patrícia*
Sabe quando você acorda com uma disposição incrível? Com uma vontade de extravasar o dia todo? Bem, essa sou eu nesta manhã. Lá de baixo, escuto meu pai me chamar para tomar café e gritando, não, implorando para que eu me vestisse logo para ir ao colégio. Esse era meu último ano depois de repetir a 3° série, agora tenho quase 18 anos e me enquadro nos exemplos que não devem ser seguidos. Porra de vida!
- Patrícia Marques, desça já aqui! - Disse meu pai com o tom um pouco mais alterado de 1 minuto atrás.
- Já vou papi, estou terminando.
Desço as escadas o mais rápido que consigo e quando olho para meu pai, vejo ele com uma carta em mãos, vejo o selo que está lá e observo ser da polícia local.
- Puta merda! - Digo em voz tremula e com lembranças das minhas pirraças dias atrás. será que era do que eu estava pensando?
- Outro Patrícia? Qual a sua dificuldade de não se meter em problemas? Onde foi que te ensinei ser assim? - Já se encontrava ligeiramente irritado.
- Papi, eu posso explicar... - Na verdade eu sabia que não tinha explicação mas eu a daria sem dúvidas.
- Não quero saber, se arrume agora para irmos ao juizado de menores, dessa vez a sua pirraça foi contra pessoas grandes e tenho certeza que boa coisa não vem aí - Disse passando seus dedos por seus cabelos lisos e grisalhos.
Bem, eles mereciam a casa, o muro e o carro pichados. O senhor veio todo grosseiro comigo e meus amigos, então um de meus amigos teve essa ideia genial, claro que eu ia concordar, esses riquinhos são todos iguais, se acham donos do mundo. Nojo.
AM: 9:30
Era a hora de irmos a segunda vez no mês para o juizado, provavelmente eu iria ter que fazer alguma doação ou ajudar na limpeza de algum local público, o que não era tão ruim, afinal eu saia do sul e respirava ares mais frescos do que o dá minha rua que só tinha lixo e muitas pessoas, muitas mesmo. Não que eu não gostasse de lá, onde eu nasci tinha lá suas peculiaridades que eu amava, entre elas o centro Arcanjos.
Fomos ao juizado na moto do meu pai, uma Honda 125 surrada que ele usava para trabalhar, papai era meu exemplo maior, sabia que eu devia me organizar mais, mas não dava, estava no sangue fazer coisas erradas, talvez tenha puxado isso da minha mãe que nunca vi na vida. Enfim, lá íamos eu e Alejandro Marques, meu herói.
Chegando ao juizado, fomos esperar nossa vez na audiência, estava típico da semana, cheio de sangue novo que tinha feito algo de errado. Meus amigos não foram chamados e se foram pegaram outros dias de audiência.
Estava umas duas horas esperando minha vez chegar quando por nós passou uma mulher bem vestida, cabelos ondulados e trançados, blusa social de mangas largas na cor azul e uma calça boca de sino vinho e um salto alto que fazia barulho forte por onde passava. Diferente da metade dos advogados que passaram ali naquela manhã, essa era educada e nos deu bom dia.*Pov Alice*
Aquela manhã estava cheia, antes de ir ao juizado de menores tive que me ocupar em ler três casos diferentes, literalmente diferentes. Um deles era de uma menor que havia pichado o muro, a casa e o carro de uma família. Literalmente isso é pouca coisa comparado aos outros dois, o problema com o caso da garota a família rica que foi importunada e pelo o que tinha de conhecimento sobre a menina, essa não tinha todo o valor que os maiores estavam pedindo. Iria tentar amenizar de todo o jeito, não acho justo a avalição que fizeram com a família da garota apesar do delito.
Antes de entrar na sala do juiz, passei por um homem e uma garota, os dei bom dia e entrei. Eu não sabia quem eram os meus clientes, isso era uma falha e tanto dos serviços públicos.
Fui desperta de meus pensamentos tempos depois quando o juiz anunciou o próximo caso, o caso da garota.- Caso 6, Patrícia Marques - Disse o velho com cara de poucos amigos.
Presentes estavam o advogado da família, pai e filha que adentraram a porta ao serem chamados, dois policiais e eu.
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RomansPatrícia Marques, moradora do lado mais pobre da cidade de São Carlos, com grande histórico de processos por pequenos delitos tem em sua vida um encontro com Alice Rubem, advogada conceitual e de família rica, o que nunca foi motivo para ela ser ego...