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*P.o.v Alice*

Estava a caminho do orfanato, ele se situava na zona Sul da cidade. O bairro que aquele lugar ficava era meio que um caos, muitas pessoas, muito lixo pelas ruas, escolas e apartamentos pichados e saneamento básico inexistente. Quando eu cheguei ao orfanato era tudo muito bagunçado e minha ignorância não permitia que as coisas por lá melhorassem, foi lá o meu primeiro emprego, uma espécie de castigo do meu pai na época. Motivo? Eu havia sido pega transando com minha colega de curso nas dependências da faculdade. Não me julguem. Quem nunca?
Pensei na hipótese de que a Patrícia morasse por esses bairros, porém seria como achar uma agulha no palheiro. Voltei a realidade quando vi a placa do orfanato a minha frente, desci de meu carro e adentrei o local. Ah 2 anos, quando eu deixava meu carro do lado de fora do prédio, ele era quebrado e arranhado pelos os jovens da rua, deu trabalho associar meu temperamento forte com as travessuras dos garotos, foi quando eu percebi que se eu melhorasse como pessoa, tudo ao meu redor iria também. Ajeitei todo o prédio do orfanato, trouxe dignidade as crianças e enfim aquele local se tornou bom, depois que saí de lá, continuei as visitas mensais e o melhor! Meu carro poderia ficar em paz na frente do prédio, ninguém mexia, pois tínhamos um respeito mútuo.

- Tia Aliceeeee  - Disse várias crianças em uma espécie de coral.

- Oi meu anjos, como vocês estão? Tão se comportando? - Falei um tom sério inventado.

Um emaranhado de sim foram ditos de uma vez, eu amava tudo aquilo, amava aquelas crianças e eu faria de tudo para vê-las bem.
Subi os andares do prédio pequeno para ir ao encontro da diretora, bati a porta e esperei a permissão de entrada.

- Entre por favor - A voz feminina e conhecida me chamou.

- Bom dia senhorita Amanda, vim fazer minha visitinha mensal - A falei com meu habitual sorriso no rosto. Não era mentira que bons advogados eram pessoas simpáticas ou nem tanto.

Amanda Sampaio, era ela quem cuidava da maior parte dos assuntos da casa, uma mulher centrada e séria mas que possuía sim uma brisa positiva, nos momentos de descontração era muito alegre.

- Ah, oi Alice. Que bom lhe vê, aqui querida, vamos sente-se  - Disse a mulher com um sorriso.

A Amanda me passou tudo o que havia acontecido nas duas últimas semanas, uma das notícias me preocupou muito, o prédio mesmo que tenha sido restaurado na parte das pinturas e algumas coisas físicas estava comprometido, os engenheiros haviam dito que teriam que demolir o local. Depois da  Amanda me passar o caso, desci para a parte do pátio, era o meu local preferido dentro do orfanato, ele possuía flores vermelhas, bancos de madeira, um gramado verdinho e ao centro uma ponte e ainda havia no local uma árvore velha, que fiz questão de deixar, pois dava um ar muito bom ao local e sombra é claro.
Quando cheguei ao local, percebi que estava cheio, as crianças estavam em recreação naquela hora, uma gritaria gostosa se instalava naquele local. Quando olho mais ao fundo, vejo uma moça com os cabelos pretos, um pouquinho baixa, ela estava de costas.

*P.o.v Patrícia*

Ultimamente, eu estava visitando um orfanato da região, lá era legal, tinha alguns lugares verdes e muita criança. Bonito e diferente de todo o bairro, não me admirava vê quase toda criança daquele lugar ir para lá. Tinha até piscina. O meu lugar favorito era o pátio e era para lá que eu estava indo depois de  receber a permissão do porteiro Francisco, o garoto era um dos meus amigos bons, Francisco estava lá a 2 anos segundo ele tinha 20 anos e era residente do bairro, primeiro entrou como voluntário e depois teve sua carteira assinada por alguém que eu não quis saber o nome, pois já que era rico, deduzi ser alguém que em breve vai se eleger e que fez pequenas caridades pra ganhar o voto do povo. Francisco defendia essa tal pessoa, mas eu não dava bola e quanto menos pessoas cheias de si cruzarem meu caminho, melhor!
Adentrei o espaço do pátio e antes que me fosse dado a oportunidade de defesa, crianças e mais crianças me envolveram em uma abraço.

- Tia Patrícia, tia Patrícia - Disse eles todos animados.

*P.o.v Alice*

Não tão longe assim, se via uma cena bastante engraçada, crianças e mais crianças abraçavam a moça que ficou de costas para mim, não conseguia visualizar o seu rosto, era tudo muito engraçado e o auge foi quando as crianças derrubaram a garota no chão, preocupada com a menina e rindo horrores, fui ajudá-la a escapar daquele emaranhado de fofura.

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