XIV

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*P.o.v Patrícia*

Ah, finalmente é o meu dia. Acabada, desordenada, essa sou eu neste momento. Dezoito anos nas costas, cheia de processos judiciais, um em andamento e um coração partido. Deus realmente estava brincando com Satanás quando me criou. Não vamos esquecer o melhor disso tudo, jurada de morte por um traficante, sim, eu acabei consumido toda a mercadoria ou eu perdi, realmente não lembro e é claro, paguei nem a metade. Ali dentro tinha o que? reais? Todo meu dinheiro ia para a poupança, mais de 40 mil meus caros.
A Bia me mandou mensagem, disse que vinha me pegar às 9:30. Acordei era por volta das nove, confirmei e fui me arrumar. Tudo ok, vamos vê o que esse dia reserva para mim. Vamos, não pode ser tudo tão ruim assim.
Minutos depois já estávamos no shopping, iríamos assisti um filme de comédia, depois iríamos comer alguma coisa e sei lá, ela não me falou o resto.  

- Ei Paty! Como você está? - Perguntou abaixando o olhar a minha altura.

 -Amiga, a verdade é que se eu pudesse não estaria aqui. Estou muito sensível a tudo. Desculpa se eu não ficar animada com o que você programou - Falei sincera.

- Tudo certo meu anjo, vamos só tentar, certo? As vezes a gente precisa sofrer sim, mas jamais podemos nos entregar a isto. Ela já falou contigo? - Me questionou sobre Alice.

- Não Bia, não falou! Não fez nada, parece que tudo acabou realmente. Ela passou meu caso para outro advogado - Disse já com lágrimas nos olhos.

- Vemos aqui que sou péssima para conselhos, fico te perguntando sobre o assunto que justo te machuca. O que você deseja fazer? - Me lançou um sorriso de conforto.

- Eu quero assistir o filme, parece ótimo - Disse com sinceridade e um fundo de animação.

- Ok então, vamos lá - Passou meu braço pelo dela e me arrastou para a sala de cinema.

O filme era maravilhoso, estava realmente me fazendo rir. Acho que foi uma das coisas que me fizeram soltar o riso, fora a Bia que era toda maluca.
Logo depois eu pude escolher o que comer, eu quis que fosse algo com bastante colesterol! Comi uns 3 hambúrgueres, batata frita, refrigerante e sorvete. No final eu pude perceber que sair dali, daquela caixinha de tristeza estava me fazendo bem e com a companhia, estava perfeito.
Fui desperta de meus pensamentos quando uma maluca apareceu na minha frente com as mãos para trás.

- Ah lá a doida, o que você tem aí? - Lancei um olhar curioso para a palhaça plantada, era assim que eu a chamava de vez em quando.

- Uma bomba Patrícia - Disse em seu costumeiro deboche. 

- Antes de explodir isso aqui, muito obrigada pelo o dia - Disse para ela.

- De nada! Espero que goste disso aqui, eu sou péssima com presentes - Retirou da sacola um objeto.

- Com certeza vou gostar - A acalmei.

- Não sei, parece nerd! - Rimos em conjunto.

Ela se aproximou e estendeu uma caixinha preta, tipo aquelas que carregam uma aliança de noivado. Quando eu abri, lá dentro tinha um pingente muito fofo e maravilhoso.

- Ah, que lindinho meu Deus! Obriga amiga  - Dei um beijo no rosto dela.

- Nada, não é só isso na verdade. Na sua casa deve tá chegando às outras coisas. Tem um kit completo de tudo que eu acho que você gosta, entre camisa e acessórios - Me soltou como se fosse muito corriqueiro sair gastando.

- Meu Deus, tá vendo? Como não ter raiva de rico? Exagerados - A lancei um olhar criminoso.

- Eu nasci pobre, deixa eu esbanjar poxa - Falou rindo de minha expressão.

Gargalhadas foram soltas depois disso. O dia não poderia ter sido melhor dados as circunstâncias. Ela me levou pra casa era por volta das 15:30, entrou e cumprimentou meu pai.

- Oi seu Alejandro, tudo certo com o senhor? - Disse saudosa.

- Tudo certo Bia, estou vendo na cara de vocês que tá tudo certo também. A Patrícia estava com cara de cachorro abandonado ontem a noite.

- Patrícia, olha, esse aqui é pra ajudar um pouco mais na multa de vocês. Tem cerca de 10 mil aí, não aceito que me devolva, é presente. 

- Eu te mato, na moral. Não precisa Bia, por favor! - Falei já devolvendo.

- É senhor...

- Nada de senhora senhor Alejandro, por favor. E Patrícia, é presente - Me devolveu.

- Ok, sei que não vai adiantar eu falar nada mesmo - Eu disse em derrota.

- Isso mesmo. Eu preciso ir, tchau seu Alejandro e se comporta Patrícia! - Passou pela porta.

- Meu Deus, não me respeita! - Levei a mão ao rosto.

- E dá? Bem, tchau - Sorriu e partiu.


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