VI

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*P.o.v Alice*

E lá ia eu ajudá-la a levantar, me enfiei no meio de todas as crianças e segurei a mão dela.

- Vamos crianças, saiam de cima da moça - Disse eu sem segurar o riso da situação.

- A tia Patrícia abraçou a gente e pahh  - Disse um garotinho sorridente que ria sem parar.

Um fato me chamou a atenção segundos antes da desgraça acontecer, o nome da garota. Patrícia.

- Obriga por... Ah pronto, meu dia estava até bom, alegria de pobre realmente dura pouco - Disse a garota jogando todo seu desprezo para meu lado, talvez educação não era o forte da indiazinha.

- O que? Mas o que eu te fiz? Tá louca  - "Eu não deveria ter dito isto", pensei comigo.

- Eu? louca riquinha? Faça o favor de tirar a sua presença daqui - Falou autoritária.

- Ih, tia Patrícia brigou com o namorado!  -  Disse uma menininha que estava ao nosso lado.

- Espera, que? Não, eu... Com licença crianças! - Se retirou do pátio.

Saiu ela apressada mais uma vez depois de jogar em mim pedras que eu nem sei a causa de receber mas eu estava interessada em saber.

- Então crianças, acho que vou ter que correr atrás da cai cai  -  Disse eu rindo e as crianças acompanhando - Ei cai cai, volta aqui!

Saí em disparada atrás dela, perdi por um instante ela de vista mas logo a vi novamente subindo umas escadas, provavelmente iria para uma das salas. Subi apressada e finalmente a alcancei.

- Ei, espera por favor - Disse ofegante.

- O que você quer riquinha? - Desdenhou novamente.

- Eu não entendo, tu joga pedras em cima de mim toda  hora e nem mesmo eu sei o que fiz, sem contar esse apelido ridículo que me colocou, preciso que me chame de Alice - Tentei esclarecer meus pontos.

- Te chamo como quero, não jogo nada e não faria pois demanda força e tempo e ambos não quero gastar contigo - Jogou ríspida.

Eu até ia responder mas a menina já ia saindo novamente, foi quando a puxei novamente para perto e puta que pariu, péssima escolha Alice, péssima escolha. Ela estava tão perto que podia sentir sua respiração, ela me olhou tão profundo e com certa, bem, não sei. Ela me olhou com raiva eu creio, porém logo saiu de meus braços.

- Desculpa, eu não queria... - Disse eu toda nervosa pela situação.

- Nunca mais, você me ouviu? Nunca mais encoste a mão em mim, passar bem - Saiu ela a passos raivosos.

- Tá bem... Eu acho - Disse pra mim mesma.

Perdi ela de vista, entrou por uma das salas e eu não ousei mexer com aquela coisa fofa e brava. Seria loucura dizer que aquela menina que vi apenas 2 vezes mexeu comigo? Certeza que a história dela e com o caso da polícia estavam me fazendo pensar demais nisso.
Vi ela durante a tarde toda mas não ousei lhe prestar a palavra, no pátio eu brinquei várias e várias vezes com as crianças percebi uma hora que a mesma estava me olhando mas quando eu tentava retribuir o olhar, ela virava e fingia olhar para outro canto, uma guerrinha boba dela. Não há necessidade disso, amadurecer é bom.

*P.o.v Patrícia*

Rica estranha, nunca a vi por aqui senão no juizado de menores. Deve tá querendo alguma coisa por aqui, tenho é medo do que seja. Fui acordada de meus devaneios pela diretora Amanda, tão nova e diretora de instituição, enquanto eu repeti de ano e agora estou atrás de vender drogas, bom futuro Patrícia, bom futuro.

- Oi Patrícia, tudo bem? - Disse em sua simpatia costumeira.

- Oi Mandita, sim mana, tô ótima! Só alguns probleminhas sabe? - Ela sabia de minha tendência a se meter em encrenca.

- Hum, entendo. Qualquer coisa, estou aqui - Se prontificou em futura ajuda. 

- O que a Alice faz aqui? Ela não é advogada? Não trabalha no norte? - Soltei minhas inquietações, Amanda já sabia que elas só viam em meu estresse.

- Calma Patrícia! Ela é nossa maior ajuda por aqui. Frequenta o orfanato há 2 anos, o seu primeiro emprego foi nesse lugar - Contou a história que fiquei intrigada.

- Ué, ela foi mandada pra cá por causa de quê? - Perguntei, afinal duvidava muito que ela tenha vindo para cá de boa vontade.

- É, bem eu não sei - Disse ela meio que desconversando do assunto - Mas ela é uma pessoa maravilhosa viu? Sempre atenta e esforçada nas coisas do orfanato - Completou.

- A riquinha? Certeza? Acho não - Eu? concordar que Alice era legal? Nunca.

Aliás, nunca diga nunca.

- Você precisa parar de julgar os outros, a antiga Alice poderia ser egocêntrica, mas mudou bastante ao longo do tempo - Disse já em pé.

A Amanda saiu e eu fiquei pensativa sobre como havia tratado a Alice, talvez meu ódio por outros ricos e pessoas chatas tenham sido motivos de eu fazer aquilo, me levantei e iria embora, eu posso está arrependida da minha atitude, mudar só em outra ocasião, dois beijos para o meu anjo mau.
Quando eu ia saindo, a Alice vinha também, que vida.

- Ei Patrícia - Falou como se tivesse medo de mim.

Olhei para ela.

- Calma, não vamos discutir vai! Posso te oferecer uma carona até sua casa? - Disse ela em tom gentil, sempre gentil.

- Bem, depois de conversar com a Amanda eu posso lhe dar uma trégua, use para desfrutar de minha presença - Quando falei isso, a mesma riu e bem, eu acompanhei.

- Nossa, a Amanda deve ter falado bem de mim - Suspirou aliviada.

- Falou sim, riquinha - Falei e ela fechou a cara, ótimo.

Entramos no puta carro daquela garota e saímos, eu estava em uma nave espacial ou era um foguete? Não sei bem, mas era muito confortável aquilo ali.

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