*P.o.v Alice*
E lá ia eu ajudá-la a levantar, me enfiei no meio de todas as crianças e segurei a mão dela.
- Vamos crianças, saiam de cima da moça - Disse eu sem segurar o riso da situação.
- A tia Patrícia abraçou a gente e pahh - Disse um garotinho sorridente que ria sem parar.
Um fato me chamou a atenção segundos antes da desgraça acontecer, o nome da garota. Patrícia.
- Obriga por... Ah pronto, meu dia estava até bom, alegria de pobre realmente dura pouco - Disse a garota jogando todo seu desprezo para meu lado, talvez educação não era o forte da indiazinha.
- O que? Mas o que eu te fiz? Tá louca - "Eu não deveria ter dito isto", pensei comigo.
- Eu? louca riquinha? Faça o favor de tirar a sua presença daqui - Falou autoritária.
- Ih, tia Patrícia brigou com o namorado! - Disse uma menininha que estava ao nosso lado.
- Espera, que? Não, eu... Com licença crianças! - Se retirou do pátio.
Saiu ela apressada mais uma vez depois de jogar em mim pedras que eu nem sei a causa de receber mas eu estava interessada em saber.
- Então crianças, acho que vou ter que correr atrás da cai cai - Disse eu rindo e as crianças acompanhando - Ei cai cai, volta aqui!
Saí em disparada atrás dela, perdi por um instante ela de vista mas logo a vi novamente subindo umas escadas, provavelmente iria para uma das salas. Subi apressada e finalmente a alcancei.
- Ei, espera por favor - Disse ofegante.
- O que você quer riquinha? - Desdenhou novamente.
- Eu não entendo, tu joga pedras em cima de mim toda hora e nem mesmo eu sei o que fiz, sem contar esse apelido ridículo que me colocou, preciso que me chame de Alice - Tentei esclarecer meus pontos.
- Te chamo como quero, não jogo nada e não faria pois demanda força e tempo e ambos não quero gastar contigo - Jogou ríspida.
Eu até ia responder mas a menina já ia saindo novamente, foi quando a puxei novamente para perto e puta que pariu, péssima escolha Alice, péssima escolha. Ela estava tão perto que podia sentir sua respiração, ela me olhou tão profundo e com certa, bem, não sei. Ela me olhou com raiva eu creio, porém logo saiu de meus braços.
- Desculpa, eu não queria... - Disse eu toda nervosa pela situação.
- Nunca mais, você me ouviu? Nunca mais encoste a mão em mim, passar bem - Saiu ela a passos raivosos.
- Tá bem... Eu acho - Disse pra mim mesma.
Perdi ela de vista, entrou por uma das salas e eu não ousei mexer com aquela coisa fofa e brava. Seria loucura dizer que aquela menina que vi apenas 2 vezes mexeu comigo? Certeza que a história dela e com o caso da polícia estavam me fazendo pensar demais nisso.
Vi ela durante a tarde toda mas não ousei lhe prestar a palavra, no pátio eu brinquei várias e várias vezes com as crianças percebi uma hora que a mesma estava me olhando mas quando eu tentava retribuir o olhar, ela virava e fingia olhar para outro canto, uma guerrinha boba dela. Não há necessidade disso, amadurecer é bom.*P.o.v Patrícia*
Rica estranha, nunca a vi por aqui senão no juizado de menores. Deve tá querendo alguma coisa por aqui, tenho é medo do que seja. Fui acordada de meus devaneios pela diretora Amanda, tão nova e diretora de instituição, enquanto eu repeti de ano e agora estou atrás de vender drogas, bom futuro Patrícia, bom futuro.
- Oi Patrícia, tudo bem? - Disse em sua simpatia costumeira.
- Oi Mandita, sim mana, tô ótima! Só alguns probleminhas sabe? - Ela sabia de minha tendência a se meter em encrenca.
- Hum, entendo. Qualquer coisa, estou aqui - Se prontificou em futura ajuda.
- O que a Alice faz aqui? Ela não é advogada? Não trabalha no norte? - Soltei minhas inquietações, Amanda já sabia que elas só viam em meu estresse.
- Calma Patrícia! Ela é nossa maior ajuda por aqui. Frequenta o orfanato há 2 anos, o seu primeiro emprego foi nesse lugar - Contou a história que fiquei intrigada.
- Ué, ela foi mandada pra cá por causa de quê? - Perguntei, afinal duvidava muito que ela tenha vindo para cá de boa vontade.
- É, bem eu não sei - Disse ela meio que desconversando do assunto - Mas ela é uma pessoa maravilhosa viu? Sempre atenta e esforçada nas coisas do orfanato - Completou.
- A riquinha? Certeza? Acho não - Eu? concordar que Alice era legal? Nunca.
Aliás, nunca diga nunca.
- Você precisa parar de julgar os outros, a antiga Alice poderia ser egocêntrica, mas mudou bastante ao longo do tempo - Disse já em pé.
A Amanda saiu e eu fiquei pensativa sobre como havia tratado a Alice, talvez meu ódio por outros ricos e pessoas chatas tenham sido motivos de eu fazer aquilo, me levantei e iria embora, eu posso está arrependida da minha atitude, mudar só em outra ocasião, dois beijos para o meu anjo mau.
Quando eu ia saindo, a Alice vinha também, que vida.- Ei Patrícia - Falou como se tivesse medo de mim.
Olhei para ela.
- Calma, não vamos discutir vai! Posso te oferecer uma carona até sua casa? - Disse ela em tom gentil, sempre gentil.
- Bem, depois de conversar com a Amanda eu posso lhe dar uma trégua, use para desfrutar de minha presença - Quando falei isso, a mesma riu e bem, eu acompanhei.
- Nossa, a Amanda deve ter falado bem de mim - Suspirou aliviada.
- Falou sim, riquinha - Falei e ela fechou a cara, ótimo.
Entramos no puta carro daquela garota e saímos, eu estava em uma nave espacial ou era um foguete? Não sei bem, mas era muito confortável aquilo ali.
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RomancePatrícia Marques, moradora do lado mais pobre da cidade de São Carlos, com grande histórico de processos por pequenos delitos tem em sua vida um encontro com Alice Rubem, advogada conceitual e de família rica, o que nunca foi motivo para ela ser ego...