Passado.

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Capítulo 6

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Capítulo 6.

04. 08. 2015.

- Essa é por conta da casa – Ela murmurou com carinho, quando colocou a caneca fumegante de chá diante de mim – Você deveria parar um pouco e relaxar, Rapha, afinal já passou das 23 horas – Observou com certa preocupação na voz macia.

Arregalei os olhos e ergui a cabeça de supetão, encarando-a em seguida e sentindo o meu rosto ficar quente no mesmo instante.

Porra, eu estava corando de novo!

- Oh...Me desculpa, Malu – Pedi com urgência, enquanto juntava os meus cadernos e livros de quaisquer jeito – Juro que nem percebi a hora passar tão rápido... – Calei-me, quando a sua mão, pequena e quente, cobriu a minha e me impediu de guardar qualquer coisa.

Fitei-a, sentindo-me em uma mistura louca de constrangimento e a mais pura das felicidades ao mesmo tempo. Eram as poucas vezes em que as nossas peles entraram em contato fisicamente, porém era sempre uma sensação extraordinária cada mínimo encontro.

Maldita seja Leticia e a sua percepção absurdamente aflorada.

Ela ainda manteve a sua mão sobre a minha, e um sorriso tímido brincava nos seus lábios atrativos demais para mim. Maldição! Olhá-la e admirar cada pedaço seu haviam se tornado uma necessidade quase física para mim, além de que o meu emocional já estava completamente entregue a ela de bandeja. De fato, eu estava perdidamente apaixonada por Maria Luísa, porém fodida na mesma proporção.

Puta merda!

- Não precisa desse tipo de cerimônia comigo – Revirou os olhos, sorrindo abertamente - Afinal somos amigas, e você acabou me fazendo companhia, mesmo que estivesse com a cabeça enterrada em meio à tantos papéis – Malu brincou com um sorriso fraco, porém os seus olhos eram analíticos e estavam cravados em cada movimento meu.

Somos amigas.

Somos amigas.

Somos amigas.

Essas duas palavras foram com um balde de água gélida sobre a minha cabeça e coração. Na mesma hora, puxei a minha mão para longe do calor aconchegante, e fiquei em pé de supetão. Um gosto amargo surgiu na minha boca, enquanto eu terminava de arrumar as coisas na mochila preta com pressa e em um silêncio completamente esmagador para mim. E nem um momento me atrevi a olhá-la nos olhos, ou iria desabar em lágrimas bem diante dela.

Por que eu tinha que nutrir fortes e profundos sentimentos justamente por quem apenas me ver como amiga?

Que caralho!

- Tenho que ir – Murmurei a meia voz, ficando de costas e saindo de pressa sem encará-la – Até outra hora, e me desculpe por ter perdido a noção da hora – Pedi ao segurar com mais força o choro, quando alcancei a porta da frente.

No entanto, parei na soleira quando a sua voz quebrou o silêncio e agonizante para mim.

- O que aconteceu? – Malu murmurou, confusamente – Falei alguma coisa errada, Raphela? – Indagou, com certa na voz angustiada, aproximando-se de mim.

- Não! – Respondi-a dando dois passos para frente, mas parei mais uma vez – Apenas descobri como eu posso fazer a mim mesma de idiota, Maria Luísa – Completei, sem virar-me, e sai em seguida.

O ar gélido da noite abraçou-se no mesmo instante, e a primeira lágrima escorreu por minha bochecha.

Doce dezembro - romance lesbico. Onde histórias criam vida. Descubra agora