Epílogo.

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Epílogo

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Epílogo.

24 de dezembro de 2023.

Era véspera de Natal, e o inverno estava castigando New York, USA. A noite anterior havia nevado bastante, e o clima gélido não dava nenhum momento de trégua, o que me fez usar quase todos os casacos pesados que trouxe na mala de viagem. No entanto, eu estava encantada demais com a cidade, uma vez que nunca pisei nessa parte do solo americano no período de Natal e neve.

Me sentia uma criança de oito anos, que estava perdida e encantada em cada decoração natalina, e não uma mulher adulta de trinta. Não tinha como não ficar com toda a minha atenção presa em cada mínimo detalhe colorido e piscando, o que me fez quase me perder umas três vezes.

Soltei um suspiro pesado, enquanto me encolhi dentro dos casacos, e fitava uma grande árvore de Natal que estava encoberta pelo manto fofo, gélido e branco. Abri um grande sorriso ao pensar que a minha sobrinha do coração, filha de Letícia e Miguel, iria ficar mais deslumbrada do que eu nessa cidade dos sonhos. Internamente, prometi a mim mesma que a traria no próximo ano.

- Good afternoon - Desejei, em inglês, quando passei por um casal de velhinhos - Up until - Continuei, animadamente, e eles sorriram na minha direção.

Caminhei mais alguns metros, até parar em uma parte mais alta do parque, e debrucei-me sobre o muro levemente coberto pela neve. Haviam poucas pessoas ao meu redor, porém uma grande quantidade conversava animadamente e patinava em um lago congelado, há alguns metros na minha frente.

Aquele era o ponto de encontro, que pedi para Camila passar para ela após a nossa separação, e faltava apenas dez minutos para às quatro da tarde.

Tentei me concentrar na paisagem na minha frente, contudo era impossível ignorar a sensação de ansiedade e nervosismo que fazia o meu estômago dar cambalhotas vertiginosas. Havia se passado quatro anos desde a última vez em que a vi, e isso me deixava ainda mais temerosa, pois ela poderia ter seguido com a sua vida com outra pessoa, ou me encontraria em menos de dez minutos.

Mesmo que a ideia de ela ter refeito a sua vida com outra pessoa me deixasse terrivelmente triste, também me sentia imensamente feliz. Era uma pura ironia, visto que eu ainda a amava profundamente, entretanto sempre desejei que encontrasse a felicidade e fosse amada por mim, ou por outra pessoa.

Isso que era amar uma pessoa verdadeiramente.

Eu também segui com a minha vida. Consegui abrir a minha própria clínica veterinária em Teresópolis, adotei uma cadela enorme, para a grande insatisfação e aborrecimento de uma Alice velha e rabugenta, e tive apenas um namoro sério, que terminou em menos de um ano. Me apaixonei por Lory, mas meu coração ainda pertencia a Maria Luísa. Então, decidi terminar tudo antes que eu pudesse magoá-la sem nenhuma intensão, e somos boas amigas agora.

Na realidade, eu fui madrinha do seu casamento com Ágatha.

- Boa tarde, senhorita - Sussurrou uma voz baixa e rouca atrás de mim, em um português que eu conhecia muito bem - Você poderia me ajudar a encontrar uma bela moça loira dos olhos azuis, mas que tem uma boca suja como um esgoto? - Inquiriu, risonha.

Soltei uma risada baixa e neguei com a cabeça, enquanto uma sensação de pura euforia fazia o meu coração mais ficar quente e bater fortemente.

Era ela, afinal eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar, mesmo que anos tivessem se passado.

- Talvez, eu possa sim - Respondi, em um sussurro divertido e trêmulo ao mesmo tempo, virando-me lentamente na direção dela - Malu... - Sorri abertamente, quando ela entrou no meu campo de visão.

Maria Luísa abriu um sorriso maior que o meu, e deu alguns passos até ficar um metro de distância de mim. Parecia que o meu coração tinha ido na minha garganta e voltado para o lugar, enquanto eu era tomada por uma forte onda sensações, sentimentos e muita saudade.

Puta merda! Era ela mesmo!

Fitei os seus olhos castanhos marejados, sentindo os meus ficando na mesma situação, e ergui a minha mão direita que segurava uma única rosa amarela. Ela sorriu, antes de levar as mãos até a boca, e negou com a cabeça. Os seus cabelos estavam cortados na altura dos seus ombros, lhe dando um ar mais delicado e selvagem ao mesmo tempo, no entanto o seu sorriso permanecia o mesmo.

- Olá, meu amor - Maria Luísa murmurou, por fim.

Doce dezembro - romance lesbico. Onde histórias criam vida. Descubra agora