Passado.

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Capítulo 30

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Capítulo 30.

24. 11. 2017.

23:50.

Desviei o olhar do relógio, e encarei a parede clara sobre a televisão da sala. Sentia o suor acumular-se sobre as minhas sobrancelhas, deixando algumas mechas soltas colando na pele pegajosa, e as palmas das minhas mãos também estavam molhadas. Engoli em seco, sentindo o meu estômago dando uma pirueta pela forte expectativa e ansiedade por causa do que eu faria em dez minutos.

Puta merda!

Fitei as minhas mãos e notei como estavam trêmulas. Na verdade, parecia que eu enfartaria a qualquer momento, em visto o quão nervosa eu me encontrava sentada no sofá da nossa casa. Caralho, por que eu tinha que ser tão cagona até mesma na hora de pedir a mulher da minha vida em casamento? Respirei fundo em uma tentativa miserável de me acalmar, enquanto fitava a tela plana da TV e não prestava atenção no filme que passava em um canal qualquer.

Puta merda! Como eu fui me enfiar nessa merda toda?

- Desde que você pegou os anéis com as suas mães, Raphaela? – Resmunguei retórica e em desgostosa comigo mesma, enterrando o rosto nas minhas mãos – Por que tenho que ser tão cagona, Alice? – Inquiri, desesperada, para minha gata, quando subiu ao meu lado no sofá.

Miau.

Ergui um pouco o rosto, e fitei a minha gata gorda e folgada. Alice estava sentada, enquanto me encarava com muita seriedade no seu rosto felino. Será que ela ainda me responderia como uma humana? Soltei um riso baixo e rouco com o pensamento idiota.

23:55.

- Alice, por que eu deveria pedir Malu em casamento? – Sussurrei para a bola de pelos, que soltou mais um miado – Já sabemos que ela é o amor da minha vida, a mulher com quem quero me casar, ter filhos e estar junto até o meu corpo dar o seu último suspiro de vida – Enumerei os principais motivos para dar um passo tão grande na nossa relação de dois anos – Além, é claro, de ser a dona do meu coração.

Miau.

Alice esfregou a cabeça na minha mão, antes de pular do sofá e correr em direção a cozinha. Segui-a com olhar e me deparei com Maria Luísa, que estava em pé na soleira da porta com as bochechas coradas de vergonha. Linda! A minha gata esfregou-se, amorosamente, nas suas pernas, virou-se na minha direção e soltou um miado mais alto que os anteriores.

Aparentemente, a demônia peluda estava respondendo a minha pergunta.

- Amor... – Malu sussurrou, constrangida, capturando minha atenção para si – Fiz besteira – Confessou sem jeito.

Franzi as sobrancelhas, e soltei um gargalhada alta porquê eu sabia o que tinha dado errado na cozinha.

- Queimou a pipoca de novo, amor? – Indaguei em tom de zombaria, arqueando uma sobrancelha na sua direção.

Corada, Maria Luísa abriu um belo sorriso, e os seus olhos ganharam um brilho divertimento.

- Sim.

00:00.

Ela havia me dado as últimas respostas.

Doce dezembro - romance lesbico. Onde histórias criam vida. Descubra agora