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⚠️Nota da autora⚠️
"Alguns relatos de agressão virão a seguir. Se você for muito sensível a isso, peço que não leia e avance para o próximo capítulo. Beijinhos!"

Precisava me concentrar melhor naquela leitura, precisava saber do que aquilo  se tratava. Peguei uma caneca de café e segui com a leitura:

"08/06/2017

Minha mãe piorou hoje. Fiquei o dia todo no hospital com ela, até que Darren me ligou furioso perguntando o porquê de eu não estar em casa quando ele chegou. Ele foi tão frio que nem se importou com o estado de saúde da minha mãe, só queria saber quando eu chegaria em casa. Inacreditável.
Quando cheguei, ele já havia feito a janta, mas quando fui pegar um pouco para mim não tinha mais. Ele teve a audácia de fazer só pra ele. Quando questionei, ele disse "por que não comeu no hospital com a sua mãe quase morta?". Sinceramente, não sei como não adoeci com a presença dele em minha vida."

"09/06/2017

Quando me levantei para me arrumar para o trabalho, Darren tentou puxar conversa na cozinha tentando saber como minha mãe estava. Tarde demais. Apenas me despedi e saí para a editora. As mudanças de humor dele acabam comigo."

Eu simplesmente não acreditava no que lia. A cada parágrafo um tipo de ódio subia em mim, ódio este que nem eu mesmo conhecia. Meus olhos esquentavam só de saber que aquelas declarações soavam verdadeiras pra mim. Ninguém escreveria esses absurdos de brincadeira.
Chegando na nona página, meu estômago deu um nó:

"12/06/2017

Ontem foi o pior dia nesse inferno. Ele chegou tarde da noite super bêbado e falando merda. Tentou me beijar a força e, como sempre, não permiti. Depois de tomar banho, ele entrou no meu quarto e me agarrou novamente, dessa vez mais forte que antes, me pedindo pra tirar a roupa e beijando meu pescoço. Desprezível.
Depois de muito lutar, consegui tirá-lo de cima de mim com uma ajoelhada entre suas pernas, deixando-o bem furioso. Assim que ele saiu de cima, pulei para fora do sofá e peguei o abajur que estava ao lado para me proteger, mas sem muito sucesso. Ele se aproximou e eu bati com o abajur em sua cabeça, mas imediatamente ele revidou, me dando um tapa no rosto tão forte que caí no chão. Depois ele me pegou pelos braços e começou a falar mais merdas como "eu sou seu marido, não vou deixar que você me trate assim, você me deve isso...se você continuar se comportando assim eu acabo com a sua vida e de toda a sua família, vocês serão arruinados" e blah blah blah...
Mandei ele me soltar e tentei empurra-lo, mas ele voltou para perto de mim e começou a falar asneiras: "hoje você dorme comigo, queira você ou não!". Ele me levou até o seu quarto e, nesse momento, senti medo. Na medida em que a gente chegava ao cômodo, minhas pernas bambeavam mais. Pensei que ele fosse tentar alguma coisa na cama, o que não me chocaria diante de tudo o que ele já fez, mas felizmente ele não fez aquela coisa a qual me recuso a escrever de tão humilhante e nojento que é. Ele quis que eu dormisse abraçada, bem próxima dele, o que eu não resisti em fazer por medo de ele tentar o pior. E assim acabou o meu dia de merda: ouvindo desaforos, levando tapa na cara, sendo obrigada a dormir ao lado de um homem que ameaça destruir a minha vida e de toda a minha família e passando a noite em claro.
Rezo para que amanhã não seja tão ruim quanto hoje."

Não tive nenhuma reação. Fiquei por uns bons minutos olhando aquela anotação completamente boquiaberto. Senti naquele momento que a moça precisava de ajuda, que eu tinha que ajudá-la mesmo não sabendo quase nada dela. Será que havia mais informações sobre ela no diário? Talvez alguma pista que me levasse até ela?
Essas perguntas martelavam na minha cabeça repetidamente. Até que tive a melhor ideia da noite:

 Até que tive a melhor ideia da noite:

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