Rogers

124 13 1
                                    

Steve chegou em casa bem rápido e preocupado com a minha mensagem. Assim que entrou no meu apartamento já começou a me encher de perguntas:
— Onde você achou esse diário? Já leu tudo? Contou pra alguém? — disparava enquanto tirava o casaco ainda ofegante.
—Calma, Rogers! Já disse que achei no metrô e que não contei pra ninguém além de você. — fui até a cozinha para pegar uma caneca de café para o meu amigo e mais uma pra mim — Te chamei aqui porque preciso descobrir quem é essa moça. Quero sua ajuda para investigar isso. Ela está correndo perigo!
— Tudo bem, cara. Vamos ler o diário juntos e descobrir alguma coisa dela. Você já terminou de ler? — perguntou pegando o café e se sentando no sofá.
— Parei na página nove. E olha cara...foi a pior página até agora. — sentei ao lado do meu amigo e olhei para ele com uma expressão preocupada, fazendo ele franzir o cenho e pegar o diário que eu havia deixado na mesa de centro.

—Scott...isso é a prova de um crime! — Steve me encarou com os olhos arregalados após ler a nona página. —A gente precisa achar essa mulher. Algo muito pior pode acontecer com ela, isso se já não tiver acontecido.
—Vira essa boca pra lá, cara! —me assustei com o comentário de Steve — Vamos continuar a leitura juntos?
—Claro! Quero saber quem é essa mulher.

(...)

O relógio já marcava 02:48 da manhã quando acabamos a leitura do diário. Não me impressionou muito, uma vez que o caderno era grande e continha anotações de um ano atrás até a última atualização do mês passado.
O meu corpo já não aceitava mais cafeína, pois já estava alerta o suficiente com os absurdos que li no decorrer do diário. Relatos de uma vida infeliz ao lado de um sociopata já eram o suficiente pra me deixar acordado. Steve fez várias anotações enquanto lia o diário com a finalidade de encontrar alguma pista que levasse à moça, como um quebra-cabeça:

"~Locais citados:
•Sorveteria goccia di latte
•Bar em Manhatan - sem nome;
•Hospital onde a mãe está internada - sem nome e sem endereço;
•Mcdonald's - sem endereço;
•Local de trabalho da vítima - sem endereço;
•Local de trabalho do suspeito - sem endereço;
•Central Park

~Pessoas citadas:
•Henry - irmão da vítima
•Janet - Mãe da vítima
•Darren - suspeito
•Natasha - amiga
• Carol - amiga."

Steve olhava para o papel tentando montar o quebra-cabeça que ele mesmo havia feito no papel:
—Scott, segunda-feira vou ir nesses lugares que já tem endereço para descobrir algo. — ele aponta para a folha — Talvez essas pessoas trabalhem lá ou estejam lá na hora. Precisamos de sorte, amigo, vai dar tudo certo!— Steve põe a mão livre no meu ombro em sinal de consolo.

—E é isso? Tem algo que eu possa fazer? — questionei — Não quero fica parado esperando você encontrar alguma pista.
—Scott, infelizmente você não pode interferir nisso. A partir de agora, é uma investigação da polícia de Nova Iorque.
—Então quer dizer que vou ter que ficar de braços cruzados esperando você resolver tudo sozinho? — questionei novamente, inconformado.
—Sinto muito, Scott! Vou te manter informado de tudo, prometo!
—Posso pelo menos ficar com o diário? — perguntei.
—Isso é prova de um crime Scott, não posso deixar com você!
—Ah qual é Rogers, você já tem as suas anotações. Deixa eu ficar com ele. —supliquei.
—Pra que, Scott? Vai dar uma de detetive e investigar por conta própria? Te conheço o suficiente pra ter certeza de que é nisso que você está pensando. Isso pode ser perigoso, cara, você viu com o que a gente está lidando. Não vou deixar você se arriscar! — Steve se levantou e pegou o seu casaco — Fica tranquilo, Lang. Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajudar essa moça. — ele colocou a mão no meu ombro novamente quando levantei do sofá cabisbaixo.
— Ta bem, cara, mas eu de olho em você hein! Sem enrolação e sem me esconder as coisas. — o alertei enquanto caminhávamos até a porta.
—Te dou minha palavra, Lang. Vou salvar essa mulher! — ele me deu um abraço em sinal de despedida — Agora tenta dormir que depois a gente conversa, ta bem!? — Rogers se virou em direção ao elevador e, de repente, se virou em minha direção novamente — Ah...e não se esqueça de guardar segredo sobre isso, Scott! Isso é uma investigação séria e as informações não podem ser vazadas. Já vou estar errado de falar sobre a investigação com você, então bico calado!
—Beleza, cara, pode deixar! Até mais! — fechei a porta pensativo e triste com a situação. Sei que fiz o certo em passar as informações pra um policial qualificado para investigar o caso, confiava muito no meu amigo, mas algo dentro de mim gritava por urgência, suplicava para eu resolver isso o mais rápido possível, porque ela ainda está correndo perigo nas mãos daquele cara. Algo precisava ser feito.

Relatos de um crime(CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora