Hope Van Dyne, parte 2

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~~~Hope's POV~~~

—(...) Nos conhecemos há 4 anos na festa de fim de ano da firma dele. Meu irmão Henry Jr. me levou como acompanhante, porque, segundo ele, precisava sair para me divertir....—enquanto contava a história de como eu e Darren nos conhecemos para o grupo que estava curioso, comecei a rir levemente e sem jeito diante da situação. Por incrível que pareça, era cômico saber que uma noite tão boa se tornaria num pesadelo em minha vida. — (...) estava pegando uma bebida no bar e ele chegou pra fazer o mesmo. Aí ele começou a puxar conversa, começamos a flertar e o resto vocês podem imaginar. — Suspirei e tomei  o restante da vodca com limão que estava em meu copo, observando as fisionomias naquela mesa. — Não demorou muito para ele me pedir em namoro, acho que foi menos dois meses depois. — Era óbvio que todos queriam saber como o meu relacionamento com ele virou um inferno:

—E quando as coisas começaram a dar errado, Hops? — Carol perguntou curiosa da ponta da mesa — Eu particularmente acho que começou a dar errado a partir dessa noite! Nunca fui com a cara dele. — o comentário da minha amiga despertou leves risadas de todo o grupo. Eu também ri lembrando da péssima escolha que fiz.
—Bom...cerca de um ano depois, ele começou a ficar bem estranho comigo, controlando tudo o que eu vestia, meu horário de chegar em casa depois do trabalho, meus dias de sair com você e a Natasha — apontei para as minhas duas amigas que estavam distantes uma da outra na mesa — Enfim, em outras palavras, ele começou a ficar abusivo, e nós nem morávamos juntos ainda! — na medida que minhas palavras saíam meu estômago revirava só de lembrar dos piores momentos que tive com Darren.
—Mas por que você resolveu se casar com ele? — a outra loira da mesa, Pepper, me perguntou curiosa e sem rodeios.
—É aí que tudo começa a ficar trágico. — sinalizo para o garçom e peço mais uma bebida. Não ia  enfrentar aquela situação sóbria.

— Na mesma época em que começamos a namorar, minha mãe adoeceu. Toda a família ficou devastada. Meu pai precisou abrir mão de várias viagens de trabalho para ficar com ela, meu irmão quis trancar a faculdade para ficar em tempo integral na firma do Darren e ajudar nas dívidas do hospital, mas eu tinha acabado de ser promovida como gerente da editora, então tudo estava sob controle, entretanto eu me sentia mal com a situação. Não conseguia e ainda não consigo me imaginar sem minha mãe! — meus olhos lacrimejaram e minha voz começou a ficar fraca. O garçom se aproximou com a vodca e eu a peguei dando um gole para engolir o choro juntamente com o álcool — Então o Darren começou a ajudar a família toda. Se ofereceu para pagar todos os tratamentos da minha mãe, todos mesmo, desde medicamentos até internação, o que fez o meu irmão ficar mais tranquilo, permitir que ele continuasse como estagiário na empresa e voltasse a estudar um semestre depois. Eu deixei ele ajudar, porque na época estávamos bem. Brigávamos às vezes pelo comportamento machista dele, mas naquela altura do relacionamento eu não percebia que era problemático.
Meu pai sempre discordou dessa ajuda, porque ele podia pagar por todas as despesas do hospital sem gerar dificuldades financeiras e meu irmão fez o que fez para se sentir útil, entendem? Não necessariamente porque minha mãe precisava. — enquanto contava a história, um filme passou pela minha cabeça — Mas foi assim que ele começou a ter controle sobre minha vida, infelizmente. — tomei mais um gole da minha vodca e Pepper se pronunciou:

—É isso que homens abusivos fazem: começam a se comportar como anjos da guarda para tentarem criar uma dependência emocional e financeira por parte da vítima. Vocês não precisavam da ajuda, mas ela foi necessária para que ele entrasse na vida de vocês e só saísse quando quisesse!— a loira cuspiu as palavras indignada com a situação. Não a julgava, pois estava certa!

— Quando o meu irmão voltou pra faculdade, nos reunimos na casa do Darren para comemorarmos tudo o que acontecia naquele momento: o desenvolvimento da carreira do Henry, o início do tratamento da minha mãe, o sucesso do meu livro que era novo na época, os negócios dele e do meu pai...enfim. Ele fez questão de unir todos na casa dele. — dei uma pausa e virei o copo contra minha boca, fazendo uma careta logo em seguida devido ao gosto forte do álcool. Segundos depois chamei o garçom novamente para pedir outro copo de vodca com limão , o que levou todos na mesa a se olharem. Honestamente, eu não ligava pra mais nada! —O que eu não imaginava era que ele me pediria em casamento na frente deles. — Neste momento pude ver os olhos de Scott se arregalando ao ouvir minha última frase. — Naquele dia senti que era o certo a fazer, afinal, ele já fazia parte da familia e...—Ele não fazia parte da família, nunca fez, só achou que estaria no direito de fazer parte. Que babaca! — Natasha me interrompeu e expressou todo o seu ódio.
—Pois é, mas não pude dizer não naquela noite.  Até pensei em conversar a sós com ele, mas nem deu tempo. No dia seguinte ele já havia me mandado mensagem perguntando se valeria a pena casar na igreja ou só no civil. Ele parecia animado, então não quis ser a estraga prazeres, sem contar que eu nem via problema nesse desespero dele. Por um curto período de tempo, me senti especial. — antes mesmo de eu levar o copo à minha boca para beber novamente, meu celular tocou — Falando no diabo...
—Não atende! — Scott coloca sua mão na minha para me impedir de apertar o ícone verde da tela — Você bebeu muito e pode acabar falando alguma besteira deixando esse cara nervoso. Não quero que ele faça mais nenhum mal a você! — o homem olha atentamente para os meus olhos em sinal de súplica. Ele tinha razão.
—É, não é uma boa ideia mesmo! — dei uma risadinha e interrompi a chamada.

Relatos de um crime(CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora