Capítulo 9

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É interessante como as pessoas tem o poder de influenciar tanto a vida dos outros, principalmente quando é algum familiar. Julia não tirou Tiago da cabeça a semana inteira, sempre que saia para trabalhar ou voltava via a porta de seu vizinho e lembrava como ele estava pra baixo naquela noite. Teve vontade de ir lá inúmeras vezes, mas o que diria? Eles nem eram amigos ou até esmo próximos.

Ela sabia mais que ninguém como essas coisas podiam deixar alguém pra baixo, passou boa parte da sua vida sofrendo com as imposições e expectativas de sua família, só de lembrar ficava triste, mas hoje era um dia importante e não podia se distrair com isso mais uma vez. Há muitos anos havia decidido deixar essas coisas para trás e seguir com sua vida.

Respirou fundo e prosseguiu com a leitura de seu processo. Estava completamente impaciente já que um simples pedido estava demorando tanto, era uma causa importante e urgente. Na verdade quase todas eram, ela fazia questão de escolher a dedo os casos que pegava, sempre ajudando os menos esclarecidos e os mais necessitados.

- Maninha, eu preciso daquele contrato que fizemos com aquela empresa de cosméticos – Juliano entrou em sua sala sem ao menos bater.

- Pode entrar, Juliano! Eu não estou fazendo nada importante mesmo – ela disse revirando os olhos.

- Credo que mau humor! O que aconteceu? – ele disse sentando, sabia que quando ela começava a falar não tinha mais fim.

- Estou tendo uma sexta feira daquelas. Acordei atrasada e fui correndo pra escola, chegando lá esqueci que não teria aula pois eles iriam dedetizar, depois vim para cá e fui recepcionada por um homem super grosso e arrogante que queria ser atendido sem horário marcado. Sua secretária ridícula derrubou café em mim, tropecei no carpete quando ia entrando e quase torço o pé e agora não consigo terminar de ler esse contrato porque estou morrendo de dor de cabeça – ela despejou tudo de uma vez, mas preferiu esconder sua maior frustração, sabia que mesmo Juliano sendo o que mais a entendia na família não seria a favor do que ela estava planejando.

- Credo! Um banho de sal grosso por favor! – ele disse rindo – Não sei que implicância você tem com minhas secretárias, não gosta de nenhuma.

- Claro, você escolhe pelo motivos errados, por isso o papai vive reclamando com você e elogiando o idiota do Max – ela fechou sua pasta e desistiu da leitura por hoje.

- Você dando razão ao papai? Tá tendo um dia ruim mesmo – ele zombou – Porque você não vai pra casa? Eu sou seu chefe, não vou reclamar.

- Sócio! – ela corrigiu – Mas eu tenho que resolver mais algumas coisas, quero aproveitar o meu final de semana e dormir todas as horas possíveis.

- O papai tem reclamando sobre sua ausência, aposto que já deve ter colocado uns trezentos detetives atrás de você.

- Tenho sido o mais discreta possível e ele não deve reclamar de nada, ele que preferiu assim, ele quem me afastou e você sabe disso – ela falou magoada.

- Eu sei disso jujuba, mas ele anda tão doente... – o irmão insistiu. Não gostava do jeito que as coisas tinhas ficado.

- Você veio aqui por algum motivo, qual foi? – ela falou mudando de assunto.

Eles ficaram mais alguns minutos falando sobre um processo complicado que Juliano estava liderando e depois ela resolver ir pra casa, sabia que prolongar isso só daria mais dor de cabeça, não estava no clima e seria totalmente improdutiva, mais do que já estava sendo. Entrou em seu carro e seguiu para casa, após a conversa do seu irmão ela pensou um pouco e deu um volta para despistar algum detetive que a estivesse seguindo. Ao fazer isso riu involuntariamente do dia que seu vizinho maluco a seguiu, realmente precisava ser mais cuidadosa.

De Repente Vizinhos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora