Capítulo 8

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Cerca de uma semana havia se passado desde o dia da perseguição e as coisas haviam voltado ao normal na vida de Tiago, na verdade estava normal até demais. Ele começou a observar Julia com outro olhar e percebeu como foi ridículo e teve uma imaginação mais que fértil, já que apesar do barulho constante e do modo discreto de ser, ela parecia uma pessoa normal como qualquer outra. Ela continuava a sair com roupas discretas, a olhar para todos os lados, mas não parecia algo de outro mundo já que agora ele a conhecia melhor e sabia que ela seria incapaz de ferir alguém.

Retornou a sua rotina de casa/trabalho/fugir da mãe, esse último quesito era o mais complicado já que sua mãe era formada nas artes do drama e da persuasão, ele tentava satisfazer todos ao máximo, mas a verdade é que era cansativo tentar atender as expectativas de todo mundo. Ele estava cheio de trabalho já que no próximo final de semana teria a inauguração do restaurante de seus amigos e isso exigia dupla atenção dele já que era um projeto mais que especial para ele e seus amigos.

Mergulhado em seu trabalho ele evitava pensar demais em coisas bobas como perseguir e chamar a vizinha de pedófila, por exemplo. Estava sendo motivo de chacota até hoje pelo episódio da perseguição, porque claro que seu amigo contou para todo os outros e agora ele era o perseguidor da turma. Estava em meio a seus projetos quando o telefone tocou.

- Oi, Tiago eu sou a Carlinha enfermeira da clínica da sua mãe ela falou muito de você e de como você é incrível e que nós nos daríamos muito bem e que deveríamos sair juntos para ver no que dá que tal hoje à noite? – uma voz um pouco estridente soou do outro lado antes mesmo dele se pronunciar, na verdade ele ficou na dúvida até se deu tempo de respirar antes dela metralhar tudo isso nele.

- Oi, Carla, tudo bem? Então, minha mãe falou mesmo sobre você por alto – ele tentou ser educado e esconder que sua mãe contou até a cor preferida do esmalte dela.

- Pode me chamar de Carlinha é para os íntimos – ela disse sorrindo mais do que parecia normal – E então hoje à noite, você me pega que horas?

- As 19h pode ser? – ele disse respirando fundo e sentindo que se arrependeria amargamente disso

- Perfeito! Estarei lá! – e desligou.

- Mãe, o que eu não faço por você?! – ele disse em voz alta já imaginando o desastre que seria.

Era engraçado como sua mãe tinha uma mão ruim para mulheres. Elas eram sempre ótimas pessoas, mas não combinavam em nada com sua personalidade, provavelmente o critério de escolha dela deve ser a probabilidade de engravidar ou a saúde e idade das candidatas, porque ela já o colocou em cada uma que o fazia arrepiar só de lembrar.

Pontualmente as 19h ele estava na porta do prédio dela, foi a única coisa que correu bem nesse encontro, porque o resto foi ladeira a baixo. Ela tinha uma voz enjoada, ria exageradamente e falava bastante alto, sem contar que tinha o costume de falar com todo mundo, todo mundo mesmo, que ela encontrava e ainda acabou deixando escapar que havia acabado de terminar um casamento de quatro anos e estava bastante deprimida. Tudo que ele menos queria era ser tapa buraco de alguém. Ao saírem do restaurante onde ele teve que praticamente carrega-la já que bebeu demais e começou a chorar, seguiram para o apartamento dela para dar fim a noite desastrosa e como cereja do bolo ela tentou beijá-lo e acabaram batendo os dentes o que causou uma crise de riso sem fim nela.

Tiago seguiu completamente frustrado para sua casa, estava cansado de passar por essas situações só para agradar sua mãe. Ele tinha 27 anos e parecia que tinha 16 e ainda era mandado por sua mãe. Foi para o elevador com uma garrafa de vinho que havia comprado no restaurante, estava completamente impaciente e cansado ao sair deu de cara com Julia.

- Oi – ele disse simplesmente, ela parecia ter acabado de chegar também.

- Oi – ela disse olhando diretamente para a garrafa em sua mão – Noite ruim?

- Você não imagina o quanto! Acho que entendo cada vez mais como família pode ser sufocante, preciso de umas dicas de como desaparecer no mundo – ele brincou, mas tinha um pouco de verdade em suas palavras.

- Não imagino como seus pais podem ser piores que o meu – ela disse preocupada com ele, estava claro que não estava nada bem.

- Experimente ter uma mãe que te cobra netos vinte e seis horas por dia e que quer a todo custo que você se case no civil, religioso, espirita, budista e todas as formas possíveis só para ela ir e chorar – ele disse se jogando no chão do corredor mesmo tentando abrir a garrafa estava cansado de se meter nesses encontros desastrosos.

- Nossa! Nunca imaginei que uma pessoa como você fosse ter problemas desse tipo – ela disse sincera.

- Pessoas como eu? Não entendi.

- Perseguidores de vizinhas indefesas – ela disse tirando um sorriso enorme do rosto dele – Assim está melhor.

- Desculpa pelo momento fossa – ele falou sem graça – E obrigado por me fazer rir.

- Vizinhos são pra isso – ela falou também sem graça – Tenta não colocar essas coisas na cabeça, tudo acontece quando tem que acontecer, não vai ser forçando que vai rolar, as vezes você vai estar caminhando e de repente...

-Queria que minha mãe entendesse isso – ele levantou mais animado – Obrigado mesmo, Julia.

Pensou em chama-la apara entrar e compartilhar a garrafa de vinho, mas se sentiu desconfortável, depois de tudo que ele fez e pensou dela, ficou sem jeito de fazer o convite, ela poderia achar que ele tinha outras intenções e tudo que menos queria era que ela pensasse pior do que já pensava sobre ele, então entrou em seu apartamento e foi pegar seu solitário copo para terminar mais uma noite sozinho.

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Oi, amoreeeeeeeees! 

Consegui um tempinho e vim correndo postar capítulo kkkkkkk é amor demais por vcs, mereço muitos comentários kkkk S2

Deixa eu voltar pra correria kkkkk Votem, compartilhem e comentem muito, vou acompanhando saltitante kkkk

Até sábado!

Xero S2

De Repente Vizinhos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora