Natiese, mais real que parece ...

Capítulo 58

PRISCILLA NARRANDO...

Precisava fazer alguma coisa, precisava cuidar da minha filha e ser a mãe que ela precisava que eu fosse pra ela desde o começo. Eu terminei uma reunião e fui ao banco e de lá fui ao hospital. Quando entrava encontrei a Rafa no estacionamento.

Rafa: Oi...

Eu: Oi – suspirei.

Rafa: O que faz aqui?

Eu: Eu vim vê-la tentar reparar meu erro – falei triste e envergonhada – Olha Rafa eu sei que você tem mágoa de mim pelo que fiz com a Nina e acredite, eu não me orgulho do que fiz, eu tenho muita mágoa do que eu fiz muita vergonha de tudo isso e eu sei que você tem sido muito mais mãe dela do que eu. Eu sempre cuidei da Nina com muita proteção e saber que isso aconteceu quebrou tudo em mim e eu sai do controle.

Rafa: Olha Pri eu amo você todas, e sim, a Nina é como uma filha pra mim e como mãe dela que me sinto, eu a defenderia de tudo e de todos de toda maneira. Se for pra discutir e ficar se justificando, por favor entra no carro e vai embora, poupa nossa filha disso porque ela já está sofrendo muito. Se for pra pedir perdão, seguir em frente e apoiar, ai sim, entra lá e ama sua filha. Ela merece ser amada e ela precisa de amor, carinho e cuidado agora.

Eu: Eu vim aqui pra isso.

Rafa: Ok... Eu tenho que trabalhar mais tarde eu volto. Qualquer coisa liga.

Eu: Obrigada, por tudo.

Rafa: Não tem que agradecer – entrou no carro dela e foi embora. Eu entrei me identifiquei e subi. Bati na porta, as duas me olharam, a Nat tava sentada do lado dela fazendo carinho nela.

Eu: Posso entrar?

Nina: Oi mãe... Entra...

Eu: Oi amor. – dei um beijo na Nat.

Nat: Oi amor...

Eu: Como você tá Ni?

Nina: Preocupada, triste, tensa... – suspirou.

Eu: A gente pode conversar um pouco filha?

Nina: Se for pra brigar mãe... – eu a interrompi.

Eu: Não filha não quero brigar. Quero conversar. – me sentei do lado dela.

Nat: Vou tomar um café e já volto – saiu.

Eu: Eu fui a pior mãe do mundo pra você nessas últimas semanas. Eu fui a pessoa mais intolerante e egoísta que poderia existir no mundo e eu não deveria ter sido assim com você Nina. Sei que qualquer justificativa que eu der não vai apagar o que eu disse e o que eu fiz, e nem cobrir meu erro, mas eu quero que sinta que meu pedido de perdão é verdadeiro, sincero e de arrependimento real por tudo isso. Eu não sabia o que sentir, como agir, eu fui uma péssima mãe pra você. Eu fui a pior pessoa do mundo pra você e pro meu neto. Eu senti que perdi a minha menininha aquela que eu fiz tudo pra cuidar e amar, e eu enlouqueci. Todas as suas transições foram difíceis para mim. Eu nunca deixei de amar você filha, independente do que tava acontecendo ou não, e jamais deixaria. Eu sou sua mãe. Me perdoa filha, me deixa cuidar de vocês dois?

Nina: Tudo bem mãe, eu perdoo você e eu tento entender um pouco tudo apesar de tudo ter sido muito bruto – nos abraçamos. – Eu to com tanto medo, eu não quero perdê-lo – soluçou.

Eu: Eu sei filha. Mas temos que nos preparar pra tudo. Eu sei que doi, a mamãe já perdeu um neném, a Nat já perdeu dois, é bem difícil sim, mas o médico já explicou tudo. Vamos esperar e torcer pelo melhor e nos preparar para o pior.

Nina: O medico falou mesmo... Eu já o amo tanto mãe – falou passando a mão na barriga e eu coloquei em cima.

Eu: Eu sei... É tudo tão louco né? Amar alguém que ainda não conhecemos. – sorri de leve.

Nina: Sim – sorriu. No dia seguinte fomos pra casa, ela tinha que ficar de repouso absoluto. O Vinicius tem sido um super companheiro, a pega no colo até pra levar ao banheiro. Aos poucos ela retomou a rotina dela, mas as chances de um aborto ainda eram de 90%.

10 DE MARÇO...

A Nina está com 14 semanas de gestação e já teve mais 2 sangramentos nesse tempo. Era um sofrimento eterno. Ela tava na UTI materna do hospital sedada então eu e a Natalie fomos dormir em casa. Eu tinha um pensamento sobre isso tudo, achava que era melhor ela perder o bebê porque ela tava num sofrimento horroroso com a incerteza. Estávamos deitadas de frente uma pra outra.

Nat: O que ta pensando? – suspirou.

Eu: Ai amor eu posso estar sendo uma pessoa horrível. Mas sabe de uma coisa? Eu compartilho de um pensamento que minha mãe teve quando eu tive um sangramento e fiquei no hospital.

Nat: De que seria melhor que ela perdesse logo o bebê?

Eu: É.

Nat: Eu também penso assim amor. Eu amo minha filha, amo meu neto, mas é um sofrimento eterno, pra nós, mas imagina o quanto isso está a matando, e o que o nosso neto pode estar sentindo. Isso é muito pesado sabe.

Eu: A doutora Leonora falou que estão fazendo tudo, mas não sabem mais até onde poderão agir, porque podem estar intoxicando os dois, por algo que teriam que deixar acontecer naturalmente. Que as vezes deixar a natureza seguir seu curso é o melhor pra todo mundo a longo prazo. Vai doer, vai sofrer sim, mas pra evitar sofrimento muito maior.

Nat: É amor. Eu já to rezando pra Deus fazer o que for melhor para ela e o bebê sabe, não to pedindo cura.

Eu: Eu estou fazendo o mesmo. – logo dormimos e no dia seguinte fomos para a empresa assinamos algumas coisas, deliberamos alguns trabalhos e fomos pro hospital. Ela foi pro quarto e chorava muito.

Nat: Hei o que foi?

Nina: Eu to com medo mãe... Eu to com muito medo... – a Nat a abraçou e a Leonora entrou.

Leonora: Oi...

Eu: E ai?

Leonora: Vamos fazer a ultra? Ela teve outro sangramento hoje.

Eu: Ai Deus... – ela preparou tudo e começou. Ela procurou muito e suspirou. Eu e a Natalie nos olhamos. O VIni tava em pé do lado um pouco perto da porta.

Nina: Ele ta bem? – falou chorando.

Leonora: Sinto muito querida, não tem mais batimentos.

Nina: Nãããoooo... – caiu no choro desesperado e eu a abracei e chorei junto. O vini colocou as mãos na cabeça e saiu do quarto chorando. A Nat começou a chorar fazendo carinho nela. – Por favor, procura de novo, ele ta aqui – chorava.

Eu: Filha... Calma... Não tem o que ser feito amor... – chorávamos.

Nina: Por favor mamãe... – chorava. Até a Leonora chorou. Ela ia preparar tudo para curetagem, eu ia entrar com ela. Ela só chorava. Eu não sabia mais o que dizer para confortar minha filha. A dor dela era a minha. Logo a Leonora terminou e mandou o feto para análise e colocou a Nina pra dormir pra relaxar. No dia seguinte a tarde ela poderia ir pra casa se não tivesse febre.