Capítulo 59

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Vini: E ai como ela ta?

Eu: Ta dormindo. Ta sendo hidratada, se não tiver febre, amanhã a tarde ela vai pra casa. E como você ta?

Vini: Triste. Por mais difícil que fosse a gente tava feliz com o bebe, queríamos ele.

Eu: Eu sei... Eu pedi a Leonora, para fazer analise, pra saber o que estava acontecendo. Amanha sai o resultado. Cade a Natalie?

Vini: Foi pegar a Alice no colegio, parece que ela não se sentiu muito bem. – eu liguei pra Natalie.

Nat: Oi amor?

Eu: O que a Alice tem?

Nat: Ela ta com cólica, vomitou. Mas já tomou remédio, ta deitada ta melhorando. Como tá a Nina?

Eu: Ta dormindo. Amanhã saberemos o que realmente aconteceu – expliquei a ela. No dia seguinte fomos pra casa sem a resposta, o laboratório teve um problema, então mandaram para o CopaDor e assim que tivesse a resposta me ligariam. A Nina dormiu praticamente 24 horas depois que chegou em casa. Ela tava muito abatida, baqueada. O Eduardo com a namorada viria ao Brasil ele queria muito ver a filha. Minha mãe, meu irmão e minha cunhada queriam vê-la também, meus sogros. Estavam todos preocupados demais com ela. Era insuportável ver minha filha sofrendo daquele jeito. A Leonora me ligou avisando do resultado, eu tinha que ir até a empresa e de lá eu passaria no consultório dela. Sai de empresa e fui até lá.

Leonora: Oi Priscilla entra. Como você tá?

Eu: Eu to bem e você?

Leonora: Tudo bem. E a Nina?

Eu: Baqueada, chora, dorme, esperando respostas, acho que depois que ela souber o que realmente aconteceu ela vai conseguir seguir em frente.

Leonora: Então vamos as respostas. Era um menino – meu coração disparou – 13 semanas completas. Ele não tinha deglutição, ou seja, ele não engolia, o que um feto já em 12 semanas já engole liquido amniotico, ele já tem olhos e o bebê dela não tinha olhos, apenas o formato esqueletico, não tinha metade da estrutura espinhal dele. Ou seja, foi má formação severa. Ele estava sofrendo. Foi o melhor que poderia acontecer. Se ela conseguisse levar a gravidez em diante, ela não passaria de 5 meses e a gente teria que induzir o parto pra tirar o bebê morto dela e seria mil vezes pior. Aqui está a analise completa. O feto encontra-se no necrotério do Barra Dor, damos aos pais a escolha de enterrar ou deixar no hospital para estudo ou para que o hospital tome as providências.

Eu: Eu posso ver com ela e o namorado o que querem fazer?

Leonora: Claro, mas tem apenas 24 para decidir. Aqui estão os papéis para assinar e entregar lá.

Eu: Obrigada por tudo – sai de lá e fui pra casa.

Nat: Oi já ia te ligar pra saber se viria almoçar em casa.

Eu: Sai da Leonora agora. A Nina ta acordada?

Nat: Ta o Vini ta ai.

Eu: Vamos lá – subimos. – Oi, podemos?

Nina: Oi mãe... Entra... – entramos.

Eu: Eu fui na Leonora, pegar o resultado do analise.

Nina: Meu Deus... E ai mãe? – perguntou apreensiva.

Eu: Eu vou explicar do jeito que ela me explicou. Você estava com 13 semanas completas, o bebê não tinha deglutição o que já começa a acontecer com 12 semanas, ele não tinha os olhos, apenas o formato esquelético e nem a metade da estrutura espinhal – eles choraram. - Era má formação severa. E... E era um menino.

Nina: Ai meu filho – soluçou e o Vinicius a abraçou chorando também.

Eu: Eu trouxe o resultado e temos aqui o documento do Barra Dor pra onde foi devolvido, tem 24 horas após a entrega da análise para decidir se quer enterrar, se quer deixar no hospital para estudo ou que o hospital tome as providências deles.

Nina: Podemos enterrar mãe?

Eu: Claro filha... – eles dois assinaram. Tinhamos um tumulo, onde enterramos o primeiro feto da Natalie, o meu e o outro dela. E onde ele seria enterrado. Demos o nome de Gabriel a ele. O hospital o colocou numa urninha lacrada, menor que uma caixa de sapatos. Eu que tirei e como doía saber que meu netinho tava ali dentro. Fomos para o cemitério, a Natalie já havia cuidado de tudo. No hospital o capelão o batizou mas não poderíamos ver já que as condições dele eram difíceis. O enterramos. Gabriel Pugliese de Almeida Barros. Os pais do Vinícius participaram de tudo também. Fomos pra casa, a Nina parecia mais tranquila. Alguns dias depois ela voltou pra faculdade. Mesmo assim ela vai a psicóloga para ajudar nesse processo. O Eduardo veio ficou uma semana com ela. Alguns meses se passaram e minhas sobrinhas nasceram, lindas demais, Maria Clara e Maria Victoria. Meu irmão tava explodindo de alegria, era o sonho dele e da Luiza ter filhos, passaram por inúmeros abortos até conseguirem ter as meninas. 

Natiese, mais real que parece ...Onde histórias criam vida. Descubra agora