Capítulo 30

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A recuperação dela foi muito boa, não estava rejeitando o órgão estava indo muito bem. Eu parei de trabalhar, ia ficar um mês em casa pra cuidar dela integralmente. O Eduardo mandava email pra saber como ela estava, se precisava de alguma coisa. Ele parecia querer se aproximar dela, mas ao mesmo tempo tinha medo de colocá-la em risco. Um tempo depois a Nina voltou pra escola que já estava a par da restrição alimentar dela por um tempinho. Meu emocional estava um bagaço por conta disso e de todas as coisas que eu vivi nos últimos tempos. Percebi o quanto estivemos em hospitais nos últimos 3 anos, o quanto nossa vida mudou e eu não tive tempo pra sentir tudo isso como deveria. Quando voltei a trabalhar passei mal dentro da minha sala, comecei a suar a tremer e a chorar muito. A Rafa estava trabalhando com a gente agora e ela viu.

Rafa: Priscilla, assina pra mim esses papéis tenho que enviar hoje... – me olhou – Pri tá tudo bem? – eu não respondia. Ela pegou agua pra mim e chamou o Rodrigo.

Rod: Pri o que tá sentindo?

Eu: Eu... Eu não sei... – chorava muito.

Rod: Pri olha pra mim... Quer ir ao hospital?

Eu: Não... Chega de hospitais, chega de doenças, chega de tudo – falava nervosa. Me levantei da cadeira tirei meu sapato e me sentei no chão no canto da minha sala abaixando a cabeça e fechando os olhos. Eu só queria que tudo aquilo passasse.

Rafa: Eu acho que ela tá tendo uma crise de pânico Rodrigo. Pega uma agua pra ela. – ela sentou no chão de frente pra mim – Vai ficar tudo bem Pri, respira fundo olha só, você está na sua sala, eu estou aqui com você, o Rodrigo também. Nada vai te acontecer tá? – eu segurei a mao dela ainda de olhos fechados. – Respira fundo... – o Rodrigo me deu agua e eu fiquei cerca de uma hora sentada ali no chão e segurando a mao da Rafa. – Quer ir pra casa? Eu te levo.

Eu: Quero... Por favor... – ela me ajudou a levantar e me abraçou. Peguei minha bolsa pedi o Rodrigo pra cuidar da reunião que teríamos no dia seguinte e a Rafa me levou pra casa. Ela subiu comigo a Natalie tava trabalhando de casa nesse dia.

Nat: Oi, chegou cedo... – viu meu rosto inchado de chorar – O que foi amor?

Eu: Eu só preciso de um banho e deitar. Obrigada por tudo Rafa... – a abracei.

Rafa: Fica bem tá –sorriu de leve.

Eu: Vou ficar... – retribui o sorriso. – Nat busca a Nina no colegio por favor.

Nat: Ta bom... – eu subi tomei banho e dormi.

NATALIE NARRANDO...

Eu tava trabalhando de casa, a Alice tava com um pouquinho de febre por causa da vacina que tomou. Eu já tinha voltado a trabalhar, mas ficava meio período e nesse dia não fui trabalhar por causa da febre dela. No meio da tarde a Pri chegou com a Rafa, com o rosto inchado de chorar pediu pra pegar a Alice na escola e subiu.


Eu: Rafa o que aconteceu? – perguntei assustada.

Rafa: Ela tava chorando muito na sala dela, tremendo, suando frio falando que não sabia porque estava assim. Eu chamei o Rodrigo e ele perguntou se ela queria ir ao hospital e ela disse que tava cansada de hospitais de doenças. Se sentou no chão ficou uma hora segurando minha mão. Eu acho que ela teve uma crise de pânico Natalie seria bom entrar em contato com a psicóloga dela.

Eu: Meu Deus. Tem sido tudo muito intenso pra ela, acho que ela ta explodindo agora. – suspirei.

Rafa: Sim. Ela pediu pro Rodrigo cuidar da reunião de amanhã acredito que ela não vá trabalhar.

Eu: Eu vou falar com a psicóloga hoje.

Rafa: Eu tenho que ir, meu uber já tá lá embaixo. Aqui a chave do carro dela. – me deu a chave.

Eu: Muito obrigada Rafa.

Rafa: Imagina qualquer coisa so ligar.

Eu: Ta bom... – ela foi embora. Olhei a hora faltavam duas horas pra buscar a Nina no colegio. A Alice tava dormindo a febre já tinha abaixado. Fui ver a Pri e ela tava no banho então desci e voltei a trabalhar. Logo deu a hora de buscar a Nina. Peguei a Alice e fui pro meu quarto. – Pri... – a acordei.

PRi: Oi?

Eu: Vou colocar a Alice aqui do seu lado tá ela já mamou. To indo buscar a Nina na escola. – sussurrei.

Pri: Tá bom... – dei um selinho nela e sai. Peguei a Nina e chegando em casa dei banho nela dei um lanchinho e ela foi brincar. Dei banho na Alice a Pri ainda tava deitada. Logo dei janta pra Nina e ela foi deitar com a mãe dela. Subi pra falar com a Pri.

Eu: Amor quer o que pro jantar?

Pri: Não quero jantar hoje não amor to sem fome.

Eu: Não comeu nada o dia todo Pri precisa comer alguma coisa.

Pri: Eu tomo um leite depois tá tudo bem – sorriu de leve. Tava preocupada com a Pri. Ela tava muito abatida. Fiz a Nina dormir dormir logo depois amamentei a Alice e ela dormiu também. Tomei banho escovei os dentes e deitei. A Pri já tava dormindo. Dei um beijo no rosto dela e fiquei vendo-a dormir. O que será que passava na cabeça dela, o que ela tava sentindo e eu não conseguia entender? Logo adormeci... Acordei as 4 da manhã com a Priscilla chorando muito sentada na varanda do nosso quarto.

Eu: Priscilla... – assustei... – Amor o que tá fazendo ai?

Pri: Sai Natalie...

Eu: Pri... A gente tá no ultimo andar amor... desce dai, por favor... – ela chorava intempestivamente.

Pri: Sai daqui – falou muito nervosa. Eu comecei a chorar.

Eu: Amor eu quero ajudar você me diz o que tá acontecendo com você? Por favor... Me deixa te ajudar... – eu tremia de medo dela se jogar. Eu não sabia se ela tava fazendo aquilo inconscientemente ou não. Eu tinha medo de me aproximar e ela cair. Eu não sabia o que fazer. Estavamos sozinhas ali com duas crianças dormindo as 4 da manhã. – Pri pelo amor de Deus. Eu não sei o que você ta sentindo o que tá passando na sua cabeça e eu gostaria muito de saber. Então por favor, me deixa ajudar você, me deixa te entender. Desce dai, vamos conversar sobre tudo isso...


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O que será que a Pri está pensando??? 

Natiese, mais real que parece ...Onde histórias criam vida. Descubra agora