Prólogo

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Medo.

Uma sensação desagradável desencadeada pela percepção do perigo, real ou imaginário.

Era isso que Camila sentia naquele momento. Ela se encontrava em um quarto escuro e frívolo, sendo iluminado somente pela luz do abajur, com a janela aberta, pôde sentir o vento forte batendo em seu rosto causando leves arrepios. As folhas secas voavam desatadas pelo lado de fora. Em Havana, o verão é quente, opressivo e de céu encoberto, já o inverno é agradável, úmido, de ventos fortes e de céu quase sem nuvens.

Levantou-se da cadeira onde estava e caminhou até a grande fenestra, quando alcançou a maçaneta sentiu uma mão tocando seu ombro, então virou-se rapidamente. Com olhos arregalados ela teve a imagem mais assustadora de toda a sua vida.

Sua mãe ensanguentada, observando-a com o olhar de súplica. Camila não quis acreditar no que via, então fechou os olhos e balançou a cabeça em sinal de negação, tentando espantar aquelas imagens de sua mente.

– Você não... – Deixou que sua voz se prendesse na garganta. – Você não é real. – Continuou.

Camila pediu a quem fosse para que aquilo não passasse de um sonho ruim e que ela acordasse logo daquela terrível tortura. "Por que isso está acontecendo comigo? Será que a culpa foi minha?". Essas perguntas esvoaçavam sobre a cabeça da mulher. Abriu os olhos devagar e ainda conseguia ver sua mãe parada em sua frente, a mulher não falava nada, só à olhava com lágrimas nos olhos. Observando melhor a cena, o pavor só aumentou. Tinha vidros espalhados por todo o cômodo, a janela estava quebrada, as paredes velhas, agora estavam manchadas com sangue e o chão estava coberto por um líquido, que podia ser discernido como gasolina. A moça voltou o olhar para a pessoa a sua frente e soltou um grito agudo, desesperado.

A mulher estava pegando fogo, e gritava agoniada com seu corpo em chamas.

A latina tentou correr para pedir ajudar, mas não havia mais uma porta. E o fogo se alastrou por toda a casa, queimando tudo que via pela frente e por mais insano que fosse. Ele não atingia a moça, que não parava de gritar por socorro, mas não ouvia resposta, então se encolheu no canto do quarto, levou as mãos até os ouvidos tentando abafar os gritos que ouvia, ela não conseguia mais ver aquela cena. Era a sua mãe ali, na sua frente sendo dolorosamente destruída pelo fogo.

Então no meio do impiedoso ardor, ela sentiu algo molhado e quente, tocando a pele de seu rosto.

E então acordou.

Quem é o culpado?Onde histórias criam vida. Descubra agora