Quem é o culpado?

8 - Obstinada

Semanas depois...

Saí de meu escritório e caminhei até a sala maior. Varri os olhos pelo local, notando a presença de alguns empresários e funcionários. Cumprimentei à todos com um bom dia e me sentei na cadeira, ao lado de minha secretária.

- Podemos começar? - Todos concordaram. - Ótimo. O motivo dessa reunião, é sobre as novas empresas que iremos construir este ano. Irão ser apresentadas propostas e novas ideias. - Cruzei as mãos sobre a mesa e levantei o olhar. - Sra. Clarke, por favor.

A mulher sorriu e se colocou de pé, fazendo todos os olhares se voltarem para ela. Encaminhou-se até o quadro de apresentações, onde o projetor estava posicionado e começou a falar.

- Primeiramente, bom dia à todos. - Iniciou. - Hoje eu vim apresentar a Pets Wellness. - Clicou no teclado, para seguir o slide, onde apareceu a imagem de cães e gatos. - Um belo nome para um hospital de animais, não é? - Perguntou. - Entre oito casas, pelo menos seis delas possuem algum animal de estimação. Por isso, um negócio neste mercado continua sendo uma aposta promissora. Podemos dividi-lo entre o atendimento particular e o público, para os animais de rua terem direito aos tratamentos e...

- Animais de rua? - Interrompeu Sebastian, um dos executivos mais antigos e um dos amigos do meu pai. - Mas isso é incongruente.

- As opiniões deverão ser dadas depois das propostas. - Me pronunciei calmamente. - Pode continuar, Emília.

Senti o olhar furioso do homem em minha direção, mas não fiz questão de encarar de volta. A moça estava um pouco desconcertada, porém logo voltou a sorrir quando olhou para o jovem Sr. Trainor, o esposo tinha um leve sorriso no rosto, como uma forma de incentivo.

- Sim, senhora. - Deu um de seus melhores sorrisos e voltou-se ao slide. - Como eu ia dizendo antes de ser interrompida pelo Sr. Schneider. A proposta envolve cuidados e tratamentos com veterinários capacitados. Isso não custará nem 20% do capital do hospital. Conversei com um amigo meu, o Doutor Lewis, ele é o diretor de uma clínica veterinária em Londres. Ele me ofereceu uma doação bem generosa para o projeto e disse que pode ceder alguns de seus estagiários.

- Suponho que a clínica seja aqui em Miami, sim? - Perguntou o diretor de marketing.

- Não. - Olhou para Joseph, outro empresário. - Pensei na América do Sul, mais precisamente no Brasil. - Deixou que o próximo slide aparecesse na tela. - Segundo dados levantados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) em 2018, há uma população correspondente a 139,3 milhões de animais domésticos. Por isso eu acho que lá seria o lugar ideal.

- Oh, sim. - Balançou a cabeça em concordância.

Senti meu celular vibrar no bolso do meu casaco e o peguei, lendo a mensagem por debaixo da mesa.

Lauren: Bom dia! Como você está?

Era ela, passaram semanas e a mulher não havia parado de tentar uma amizade. Talvez ela esteja forçando a barra um pouco. Ou talvez ela tenha um motivo para aquilo. Não sei.

Me: Minha nossa, você não desiste?

Lauren: Não quando eu sei que vale a pena.

E eu só dei bom dia.

Me: Bom dia.

Lauren: Podemos nos ver hoje? Eu preciso te falar umas coisas, você não me dá oportunidade de me explicar.

Me: Minha agenda está cheia e eu estou no meio de uma reunião.

Infelizmente não dá.