Capítulo 3

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Alexis

Azura: Hey, irmãzinha. Vou chegar em casa um pouco mais tarde hoje. Qualquer coisa liga em!! Te amo :)

Eu suspiro, mas não posso deixar de sorrir para a mensagem que minha irmã havia me enviado agora mesmo. Eu estava descendo da moto de JP, que estava me trazendo da escola de novo, já que meu carro era um peso morto, então decido respondê-la daqui a pouco.

Sorrio para o prospecto. "Valeu, JP. Quer entrar? Podemos jogar uma partida de Calo of Duty." Digo a ele, que da um sorrisinho pequeno, reservado, mas divertido.

"Vou com Zoya no cinema. Até mais, Lexy." Diz, e eu assenti, sorrindo para ele.

Assisto quando JP sobe em sua moto e vai embora. Solto um suspiro e entro no meu prédio, pensamentos acelerados. Eu tinha muitas coisas na cabeça para pensar... A escola estava acabando, e em apenas um mês, mais ou menos, eu devia estar escolhendo faculdades.

Harvard, Yale, Stanford, Princeton... Fui aceita em todas essas. Mas também na Escola de Artes local. Eu sempre tive a ideia de sair da cidade, mas, de um tempo para cá, essa vontade morreu um pouco. Porque, se eu for analisar, eu gosto dessa cidade. Não gostava de alguns lugares em especial, como o Strip Club que minha irmã costumava trabalhar. Mas, na cidade em geral, eu gosto. Amo, até.

Subo as escadas até o andar do meu apartamento, sem querer encher minha cabeça com essas coisas no momento. Pego minha chave de casa na mochila e, no segundo em que abro minha porta, sei que algo está errado. Sinto o cheiro forte de gás instantaneamente.

Oh, merda. Eu havia decidido fazer um café da manhã para mim hoje... Normalmente, bebo um café e como na escola. Aí meu Deus... Eu deixei o fogo ligado? Caralho, acho que deixei. Puta merda, Azura vai me matar.

Mordo o lábio e decido falar com o porteiro do prédio, para ver se mais alguém havia notado. Eu duvidava, porque as pessoas nesse prédio não são exatamente lúcidas, principalmente as do meu andar.

Mas, no segundo em que chego na portaria, eu escuto um estrondo. Isso era... uma explosão? Arregalo os olhos, mas o porteiro, Jeff (um homem de quarenta anos meio rabugento, mas simpático), fica de pé e aciona o alarme do prédio, indicando um incêndio.

Saio do prédio, mordendo o lábio com força e pego meu telefone. Disco o número da minha irmã e espero.

"Hey, Lex. Tudo bem?" Ela diz assim que atende, sabendo que, depois de ver sua mensagem, eu não ligaria a não ser que fosse realmente importante. Tento conter o choro.

"Hum... Az? Eu fiz algo horrível." Digo, minha voz quebrando um pouco. Ouço Azura dizer a alguém que já volta.

"O que houve, Alexis?" Minha irmã diz, sua voz mais séria, mas ainda delicada. Sabia que ela tinha percebido que eu estava a ponto de chorar.

E eu odiava chorar. Não chorava muito, para ser sincera. Não era a pessoa mais facilmente comovida do mundo. Mas eu me sentia mal bem rápido... Aí eu chorava.

"Você pode vir para casa? Eu... Eu botei fogo no nosso apartamento." Falo, minha visão já ficando embaçada. Vejo as pessoas saindo do prédio e Jeff ligando para os bombeiros.

Eu esqueci o fogo ligado. Caralho... Quem fazia isso? Puta merda.

"O que? Porra!" Az diz, e eu já consigo ouvir ela se desculpar com sua chefe e entrar no seu carro.

Sniper havia dado a Azura um carro depois que eles começaram a ficar juntos. Ele queria dar um Porsche Cayenne, mas minha irmã não permitiu. Ela acabou com um HRV vermelho, e seu namorado não ficou muito contente, mas concordou.

"Estou indo. Se acalma, Lexy. Lembra o que falo? Não adianta se desesperar agora." A escuto xingar baixinho depois disso e suspirar. "Ok, irmãzinha, acabei de checar o GPS, e o trânsito para ir para aí está horrível agora. Vou ligar para Sniper, para ele te buscar. Ele te leva para o apartamento dele e nos encontramos lá, ok?"

O meu pensamento imediato é Hacker. Hack e Sniper moravam juntos. Penso em negar por um segundo, mas aí considero minha situação. Não tenho muita escolha nesse cenário, então acabo cedendo.

"Ok, tudo bem." Digo, respirando fundo para não chorar. Escuto as sirenes dos bombeiros a distância, se aproximando.

"Espera aí, irmãzinha. Te amo." Az diz, então desliga. Um minuto depois, mais ou menos, recebo uma mensagem dela dizendo que Sniper já estava vindo.

Os bombeiros chegam apenas segundos antes que Sniper. O motoqueiro logo me puxa para sua moto, provavelmente para evitar que os bombeiros queiram me interrogar depois. Eu seguro no namorado da minha irmã, mordendo o lábio forte.

Será que alguém se machucou? Espero que não. Não tem muitas pessoas no nosso prédio, e acho que vi todo mundo descendo. Mas talvez não. Merda.

Chegamos no apartamento de Sniper em alguns minutos, e ele suspira quando me encara, quando desce da moto.

"Você está bem?" Pergunta, e eu concordo com a cabeça quase imediatamente.

Eu gostava de Sniper. No início, ele me assustava um pouco, todos os motoqueiros faziam, mas eu o considerava um ursinho de pelúcia por dentro. Provavelmente pelo modo como ele tratava a minha irmã e fazia literalmente tudo que Azura queria, contanto que ela ficasse feliz. O que indiretamente significava que Sniper fazia muitas das coisas que eu queria também.

Desço da moto e, em um silêncio confortável, subimos para seu andar e apartamento. Aqui, eu já estive apenas um par de vezes, mas não por muito tempo. Normalmente, quando eu e Hacker éramos amigos, ficávamos no clube, não aqui. Então, as duas vezes que vim para cá, foi pós-fogueira.

Assim que Snipe abre a porta, eu o vejo. Ele estava sentado no sofá, usando os óculos de grau que eu já havia visto um par de vezes. Não tinha muito grau naqueles óculos, mas Hack usava quando sua vista cansava. Seus cabelos estavam bagunçados, daquele jeito que eu gostava, ele usava uma camisa branca e uma calça de moletom cinza.

Porra... Ele tinha que estar tão bonito assim? Quero dizer... qual é, universo? Eu entendia se ele fosse bonitinho, mas Hacker já é demais.

No segundo em que seus olhos castanhos esverdeados encontram os meus, eu tive uma certeza imediata que me atingiu como um fodido choque elétrico.

O que quer que aconteceu entre nós, estava longe de acabar.

Hacker - Flaming Reapers 7Onde histórias criam vida. Descubra agora