Hacker
Após três horas, Azura e Sniper tinham saído. A Old Lady tinha passado o tempo conversando com Lexy, e Snipe veio até mim. Ele não precisou nem mesmo falar, porque eu via o que ele queria escrito na sua expressão. Ele viu que Alexis estava chateada por alguma coisa, e sabia que era por mim. E não gostava disso.
Porra, eu gostava disso tanto quanto ele. Muito menos, até. Queria apenas enfiar uma faca no meu próprio estômago só por ver as lágrimas contidas em seus olhos. Eu não gostava de ser assim, porra. Mas ela e eu? Não ia funcionar. Eu estava fodido demais para isso.
Porque, por mais que nossa noite juntos tenha sido uma das melhores da minha vida, assim que eu abri os olhos no dia seguinte, as memórias vieram na minha cabeça. Meu pai, minha mãe... Eu tendo que lutar contra o inferno inteiro para ter uma fodida migalha de pão para comer.
Meu pai era um babaca. Uma espécie de ser humano que devia ser exterminado da terra, porque foi um erro total. Isso era o quão ruim ele era. E eu me recuso a ser como ele. Prefiro cortar meus fodidos pulsos a ver isso acontecer diante dos meus olhos.
Sim, a situação era completamente diferente, eu sabia disso. Minha mãe tinha quatorze anos, meu pai tinha quarenta. Mas, porra, mesmo assim. Tudo bem, não são vinte e seis anos de diferença, mas dez anos e meio ainda passa muito dos meus limites.
Então, Yeah, eu sabia o que Snipe queria dizer. E, para ser sincero, eu não queria ouvir. Já tinha o suficiente da minha consciência, muito obrigado. Então apenas arqueio uma sobrancelha, nossa expressão de não toque no assunto, e suspiro em alívio quando ele assente.
Pouco antes dele sair, dou uma olhada no programa que baixei para que possa identificar o rato. Ainda faltavam algumas boas horas, então apenas deixo ali rodando.
Assim que meu melhor amigo e sua Old Lady saem em sua moto, o clima fica dez vezes mais pesado do que antes. Lexy pega suas coisas, trazidas para cá por Gabe mais cedo, e se enfia no quarto de Sniper, que será dela pelas próximas duas semanas.
Eu sei que deveria ter me sentido aliviado, mas acabou tendo o efeito contrário. O peso no meu peito dobrou, e eu simplesmente não podia ficar parado e não fazer nada.
Porra, eu sei que fiz merda. Eu me odeio por isso. Mas, mesmo assim, não quero que ela me odeie. É fodido e egoísta, mas, mesmo assim, é verdade. Eu gostava do que tínhamos antes. Eu conseguia relaxar perto dela.
Agora, ela é provavelmente a pessoa que me deixa mais tenso em todo o fodido mundo.
Passo a mão no cabelo, mas não consigo impedir a mim mesmo, então me vejo abrindo a porta de seu quarto e entrando. Normalmente, teria batido, mas tenho a sensação que ela ia mandar eu me foder, ou até mesmo simplesmente ignorar, então não perco tempo.
Alexis estava sentada na cama, mexendo em seu telefone. Ela levanta a cabeça para me encarar, e sua expressão imediatamente endurece. Eu odiava isso. Não combinava com ela.
Lexy era tranquila, divertida e... fofa. Ela não era fria. Ela parecia assim agora, e eu queria me chutar por ser o culpado disso.
"Podemos conversar?" Pergunto, e ela desliga o celular, deixando cair ao seu lado na cama. Cruza os braços.
"Se eu disser não, vai adiantar alguma coisa?" Questiona, e eu não posso evitar o sorriso divertido que brota em meus lábios. Arqueio uma sobrancelha, sem responder. Ela suspira. "Bem, então vá em frente. O que você quer, Hacker?'
Mordo o lábio e passo a mão no cabelo mais uma vez. Me aproximo e sento na ponta da cama, vendo seu corpo reagir a proximidade, ficando tenso. Não chego tão perto, até porque eu também não queria foder com a minha própria sanidade mental.
"Eu quero te pedir desculpas." Falo, e ela arqueia uma sobrancelha, meio surpreso. "Eu... Eu sei que fui um babaca, ok? Eu só meio que pirei."
Lexy arqueia uma sobrancelha. "Você meio que pirou? Essa é a sua desculpa?" Questiona.
Dou de ombros e suspiro.
"Olha, vou ser completamente honesto com você, ok?" Começo, e eu sei que isso em si já é uma mentira. Tudo que eu estava prestes a falar seria mentira. "Eu estava em um dia fodido, e você apareceu. Eu gosto de você, Lexy. Realmente gosto. Mas... Não desse jeito."
Ela morde o lábio, sua máscara de frieza caindo um pouco, mostrando a vulnerabilidade quase infantil que eu estava acostumado.
"Então por que tirou minha virgindade, Hack? Tinham outras garotas bem dispostas na fogueira." Lexy fala, e eu não hesito, a mentira imediatamente aparecendo na minha cabeça.
Eu sei que estava, novamente, sendo um merda. Mas ela não podia saber o que eu sentia por ela, porque eu simplesmente sabia que era recíproco. Parte de mim amava isso, a outra parte odiava. Porque, como eu disse, nós nunca iríamos funcionar.
Eu ia arruinar ela. E não vou deixar isso acontecer.
"Como eu disse, você tava lá. E... talvez eu tenha confundido um pouco as coisas. Olha... Desculpa. Sério." Digo, e Lexy suspira.
"Você percebe que essa é a primeira vez que me pede desculpas pelo que aconteceu?" Pergunta, arqueando uma sobrancelha, e eu vejo nos seus olhos a Lexy. Aquela que conheço.
Dou um sorrisinho sem graça.
"Sou um filho da puta do caralho, não sou?" Questiono, e ela da uma risadinha, divertida.
"Sim, você é. Mas, se eu tô sendo honesta, eu sabia que não era uma boa ideia transar com você. Não estou dizendo que eu fiz algo de errado, porque, porra, eu não fiz, mas sabia onde estava me metendo também." Diz, e eu suspiro, arqueando uma sobrancelha.
"Isso significa que somos amigos de novo?" Questiono, esperançoso, e ela estreita os olhos para mim.
"Com uma condição." Diz, e eu dou um sorriso divertido, mas espero ela continuar. "Tenho que ter sua permissão para te dar um tapa."
Não posso evitar uma risadinha.
"Um tapa? Por que simplesmente não deu, tem que ter minha permissão?" Questiono, e ela assente. Bufo, rolando os olhos, mas dou um sorrisinho torto. "Tudo bem, pequena nerd. Eu mereço, então dê seu melhor."
A palma contra minha bochecha era esperada, mas confesso que não esperava a força na qual ia me bater. Ela arregala os olhos, prendendo o riso. Ignoro a ardência na minha bochecha e arqueio uma sobrancelha.
"E agora?" Questiono. Ela sorri.
"Muito bem. Amigos." Eu suspiro, aliviado.
"Que bom." Digo, dando um sorriso, mas então sua expressão fica mais séria.
"Mas, Hacker... Se fizer algo assim de novo... Eu esmago a suas bolas. E nunca mais olho na sua cara." Avisa, e eu dou um sorriso divertido.
Mas, apesar da diversão, sabia que era sério.
E, de alguma maneira, isso me fez gostar mais ainda dessa garota.

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Hacker - Flaming Reapers 7
RomanceEle não era como os outros motoqueiros. Sabia ser durão, e pertencia ao clube tanto quanto todos... Mas ele era, sempre foi, mais calmo. Mais dócil e gentil, até. Sempre foi assim, e não conhecia outro jeito de ser. As pessoas o viam como fraco por...