Alexis
"Você está roubando!" Grito para ele, dando um tapa em seu braço. Isso apenas serve para Hacker rir mais, e eu cruzo os braços, rolando os olhos. Novamente, ele apenas tem mais dificuldades de parar de rir, e eu deixo o controle de lado, me levantando do sofá e indo para a cozinha.
Em alguns segundos, quando começo a fazer para mim um balde de pipoca (note que eu reforcei a parte do para mim, porque Hacker não vai ganhar nem um pouquinho), o motoqueiro aparece na porta, com um sorrisinho divertido. Apenas olho para ele por um segundo antes de focar no que estou fazendo.
Depois que eu e Hacker resolvemos nossas merdas, foi como tirar um peso das costas. Eu não gosto de guardar rancor, ou ficar chateada com ninguém, e sei que Hack se arrepende. Não torna certo, mas ele fez o que fez por um motivo, o que quer que seja, e nós somos humanos. Todos erramos. Porra, considerando que eu queimei meu apartamento, seria hipocrisia dizer o contrário.
Então, eu apenas decidi perdoar e fui tomar um banho, relaxando depois do fodido dia que tive. E também, já que estava sozinha, admiti que doeu para caralho ouvir Hacker dizer que gosta de mim, mas como amiga.
Por sinal, meninos, dica do dia... Não tem um bom jeito de dizer a uma garota que não consegue te tirar da cabeça que você só gosta dela como amiga. Não é o que nenhuma de nós quer ouvir.
Quando sai do banho, tentei dormir um pouco, mas não consegui desligar a mente. Então, quando escutei um barulho na sala, saí, e encontrei Hack jogando videogame. Sentei ao seu lado e começamos a jogar juntos.
E é assim que cheguei aqui agora, às três horas da manhã, fazendo pipoca e meio irritada por perder nada menos que dez das rodadas que joguei com Hacker.
Sabe quantas jogamos no total? Dez.
"Vamos lá, pequena nerd. Não fique chateada. Sou só melhor que você em... bem, tudo." Zomba, e eu estreito meus olhos para ele ao mesmo tempo em que coloco a pipoca no microondas.
"Você não é melhor que eu em tudo." Rebato, e Hack parece divertido, e levanta uma sobrancelha.
"Ok. Fale uma coisa que é melhor do que eu." Eu rolo os olhos e cruzo os braços.
Sem pensar muito antes de falar, respondo:
"Já criei um jogo todo sozinha." Falo, e imediatamente arregalo os olhos, sentindo minhas bochechas esquentarem.
Eu nunca, em toda minha vida, tinha falado isso para alguém. Nem mesmo Az sabia disso. Quero dizer, dizer que criei um jogo todo era um pouco de exagero, considerando que ninguém além de mim jogou.
Eu comecei a fazê-lo a uns quatro anos atrás, e chamei uns contatos, uns amigos meus daqui e dali, e acabei conseguindo montar um jogo. Não era o melhor que você iria encontrar por aí, mas eu realmente estava orgulhosa do meu trabalho, se você me perguntasse.
"Você criou um jogo? Porra, sério? Isso é foda!" Hacker diz, parecendo admirado, e eu mordo o lábio, desviando de seu olhar.
Dou de ombros.
"Hmm... Eu acho. Esquece que eu disse qualquer coisa." Murmuro, virando de costas para ele.
"Deixa eu jogar?" Ele pergunta, e eu arregalo os olhos, me virando para encará-lo surpresa.
"Claro que não!" Digo, instantaneamente, e ele parece divertido, mas meio surpreso também. Arqueia uma sobrancelha.
"Por que não?"
"Porque não, ué. Agora deixa isso de lado. Estou fazendo pipoca, vai querer?" Digo, em uma tentativa pobre de mudar de assunto.
"Não faça isso, pequena nerd. Por que não posso ver?" Hacker insiste, e eu suspiro, botando o cabelo atrás da orelha.
"Eu nunca mostrei para ninguém." Murmuro baixinho, e, novamente, parece que o peguei de surpresa. Acho que meio que me peguei de surpresa também, ao contar isso a ele.
"Nunca?"
Nego com a cabeça. "Nunca."
"E por que me contou?" Questiona, e o microondas apita. Suspiro, e enquanto tiro a pipoca, respondo.
"Não sei. Só saiu da minha boca antes que eu notasse, eu acho." Explico, dando de ombros, colocando a pipoca em uma tigela.
"Me mostra. Vou ser cem por cento sincero, prometo." Diz, parecendo esperançoso, me olhando com uma expressão de um menino que acabou de pedir algo ao papai Noel.
Suspiro, sabendo muito bem que iria acabar mostrando o jogo para ele. Aparentemente, Hack conhecia e explorava muito bem meu ponto fraco. Ele.
"Eu mostro. Não hoje... Mas em breve. Prometo." Falo, olhando em seus olhos para que ele saiba que estou sendo sincera. Acho que o agradei, porque Hack sorri e assente.
Voltamos para sala e sentamos no sofá, eu agora com a tigela de pipoca no colo. Hacker tenta pegar um pouco, mas eu envio a ele um olhar assassino toda vez. Ele cedeu pelas primeiras vezes, mas então acaba pegando uma mão cheia, me fazendo rolar os olhos.
"Não quero mais esse jogo. Vamos fazer outra coisa." Digo depois de jogar mais uma perdida, e... adivinha? Isso, perder mais uma vez.
O motoqueiro solta uma risadinha.
"Tudo bem. O que quer fazer? Não devia tipo... ir dormir? Você tem aula amanhã, não tem?" Questiona, e eu o encaro com o melhor olhar de cachorrinho machucado que consigo fazer.
"Tenho?" Pergunto inocentemente, e ele suspira, rolando os olhos.
"Não que eu saiba. Mas, se sua irmã perguntar, você foi." Ele diz, divertido, e eu sorrio.
"Ótimo. Então vamos assistir um filme. Não, vamos assistir Simpsons!" Digo, e Hacker da uma risada, mas não vai contra.
Pego o controle da televisão e mudo para o canal onde passava Simpsons praticamente o dia todo e foco minha atenção no desenho. Esse e South Park eram meus prazeres secretos, sinto muito. Eu podia passar horas e horas assistindo os mesmos episódios, e simplesmente não conseguia enjoar.
Alguns minutos depois, eu acabo com as pernas por cima de Hack, assistindo o desenho, com a pipoca no colo. Começo a sentir meus olhos pesarem, mas tento não dormir.
Quer dizer, Hacker e eu estamos estabelecendo nossa amizade de novo, claro, mas ainda não estamos cem por cento confortáveis um com o outro. Dormir com metade do corpo por cima dele tinha que ser passar um pouco dos limites, certo?
Porém, meu corpo não parece me escutar, e eu caio no sono mesmo assim.
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Hacker - Flaming Reapers 7
RomansaEle não era como os outros motoqueiros. Sabia ser durão, e pertencia ao clube tanto quanto todos... Mas ele era, sempre foi, mais calmo. Mais dócil e gentil, até. Sempre foi assim, e não conhecia outro jeito de ser. As pessoas o viam como fraco por...