Alexis
Quando voltamos para o apartamento, imediatamente pedimos comida de um restaurante japonês aqui do lado e Hacker me conta tudo sobre o que aconteceu. Bem, não tudo, já que ele diz que alguns detalhes são confidenciais do clube, mas tenho a visão geral da coisa. Ele me conta sobre Ace, Barbie e os ratos que tiveram nos últimos dois anos.
"Então? O que acha?" Ele pergunta quando termina tudo. Nessa altura, já tínhamos acabado todo o almoço e estávamos no sofá, tomando sorvete. Eu suspiro, pensando na situação.
"Bem... para ser honesta, não acho que deviam matá-lo." Digo depois de alguns segundos, colocando uma colher de sorvete de chocolate na boca.
Suas sobrancelhas sobem em surpresa, e coloco o pote de sorvete de lado para explicar.
"Olha, escuta, ninguém está dizendo que ele não fez merda. Ele fez. E deviam fazer ele sofrer bastante com isso. Mas, vamos lá... Ele fez pelo irmão. Eu faria a mesma coisa por Az." Falo, dando de ombros. Ele suspira e nega
com a cabeça."Mas você não entende, o clube..." Decido interrompê-lo bem ali.
"Yeah, eu sei, não se trai o clube. Mas você não pode dizer com cem por cento de certeza o que faria se fosse Sniper. Pode analisar na teoria, mas na prática é diferente. E, mais... estariam o julgando da mesma forma se a pessoa sequestrada fosse alguém do clube? Se fosse Ace, por exemplo?" Falo, e sei que meus argumentos entraram na sua cabeça.
Dou um sorriso e pego meu sorvete novamente, deixando que ele pense. Eu não o julgo se acabar decidindo que matar Cowboy é a coisa certa a fazer, mas ainda sim... Ele pediu minha opinião, e eu dei. É sua escolhe seguir ou não.
Meu telefone toca da mesa da sala, onde eu deixei carregando, e levanto para atender. Não fico surpresa quando vejo que não é Az, já que ela me mandou uma mensagem de manhã para dizer que estava bem e perguntar como estão as coisas, mas me surpreendi um pouco ao ver o nome de Zoya.
Éramos amigas, mas ela normalmente ligava para JP sempre que queria algo, não para mim. Eles eram grudados de tão próximos.
"Hey, amiga. Tudo bem?" Digo ao atender, e vejo Hacker olhar para mim, arqueando uma sobrancelha.
"Heyy. Yeah, tudo bem. Mas JP não apareceu para a escola hoje, e ele normalmente me avisa quando não vai. E não me atendeu. Só estou preocupada... Ele está bem?" Questiona, e eu não posso deixar de sorrir.
Esses dois fariam um casal fodidamente lindo um dia.
"Sim, ele tá bem. Só fazendo um trabalho para o clube, está meio ocupado. Deve te ligar mais tarde, falo com ele depois." Falo, tentando tranquilizar a menina.
Era incrivelmente fofo o que ela sentia por JP sem nem mesmo perceber. E vice-versa, já que a garota era provavelmente o centro da vida do prospecto agora, junto com o clube.
"Ok. Valeu, Lex. Desculpa por ligar, só realmente estava preocupada... você sabe como somos." Diz, e eu tenho a sensação de que ela está meio com vergonha. Sim, eu sabia como eles eram. Como eu disse, inseparáveis.
"Relaxa, amiga. Tudo bem. É só isso?" Questiono.
"Yeah. Nos vemos amanhã?" Pergunta, e, quando confirmo, nos despedimos e eu finalizo a ligação.
Encontro Hack me encarando enquanto toma sorvete, os óculos de grau caindo em seu nariz. Ele os colocou depois que chegamos no apartamento e trocou de roupa.
"Era a namorada de JP." Digo, dando um sorrisinho conforme volto para o sofá. Quando sento virada para ele, acabo, sem conseguir me controlar, levando meu dedo até seu óculos e subindo, como eu sabia que ele estava prestes a fazer.
Seus movimentos param e seus olhos vão para a minha mão, e eu percebo o quão perto nos deixei. Sinto minhas bochechas queimarem, sabendo que tornei a situação meio desconfortável, e me afasto novamente.
"Namorada?" Diz depois de alguns segundos, obviamente querendo desviar a atenção de nosso estranho momento a alguns segundos.
"Nah. Não tão namorando mesmo, só são amigos próximos. Mas vão namorar, aposto." Digo, pegando meu sorvete novamente e relaxando no sofá. Ele sorri, divertido.
"E como sabe disso?" Pergunta, arqueando uma sobrancelha, e dou de ombros.
"Sou boa em ler as pessoas e ver o amor onde nem elas viram ainda. Aliás, é meio óbvio." Falo, e Hack da uma risadinha divertida, tomando seu sorvete.
Mas, se eu estava sendo sincera, não acho que era tão boa assim em ler as pessoas. Porque, quando conheci Hacker e começamos a ficar amigos, eu pensei que iria evoluir para algo com o tempo. Quando transamos, pensei que ele era aquela pessoa.
Você sabe, aquela pessoa que todo mundo sonha em encontrar. Que vai girar seu mundo de cabeça para baixo, como um fodido tornado.
Eu honestamente pensei que era ele. Nunca contei isso a ninguém, nem mesmo Azura (o que era algo, porque eu podia contar nos dedos a quantidade de coisas que minha irmã não sabia sobre mim). E estava errada. Tão fodidamente errada.
"Ela queria ver se ele estava bem. Disse que estava... Não tô mentindo, certo?" Questiono, de repente ficando preocupada.
Eu gostava de JP. Sinceramente, ele era uma das minhas pessoas favoritas no mundo, considerando que meu ciclo social não era tão grande. Ele era fofo, e isso não é algo que você encontra muito frequentemente, principalmente em alguém querendo se tornar motoqueiro.
"Ele está em uma missão. É para ser observadora, nenhuma ação... Mas vou estar mentindo se disser que não há perigo nenhum." Hack diz, e eu concordo com a cabeça, a preocupação não indo embora.
Quero dizer, eu tinha Hacker de olho em mim, Azura tinha Sniper. JP, pelo que Hack me disse, está infiltrado em um MC inimigo, sozinho. Sei que todos os motoqueiros estão cuidando dele, mas, porra, o menino se tornou como um irmãozinho para mim. Eu fico preocupada, pode me julgar.
Sinto a mão de Hack cobrindo a minha, e saio do meu devaneio, meus olhos encontrando os seus. Ele dá um sorrisinho e meu coração acelera.
"Relaxa. Vai ficar tudo bem." Murmura, e isso realmente me acalma.
E eu meio que me odeio, porque olhando para ele agora, acho que me encontro caindo ainda mais pelo motoqueiro.
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Hacker - Flaming Reapers 7
RomanceEle não era como os outros motoqueiros. Sabia ser durão, e pertencia ao clube tanto quanto todos... Mas ele era, sempre foi, mais calmo. Mais dócil e gentil, até. Sempre foi assim, e não conhecia outro jeito de ser. As pessoas o viam como fraco por...