Capítulo 6

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Alexis

"Desculpa." Murmuro, mordendo o lábio, e minha irmã suspira, me encarando com uma expressão que eu não sabia muito bem explicar. Normalmente, eu sabia ler Az como um livro, mas havia momentos, como agora, em que ela se fechava, e eu não poderia saber o que ela estava verdadeiramente sentindo nem se ela me dissesse.

"Conversamos sobre isso em casa." Ela diz, e nesse momento, Hacker e Sniper voltam do porão.

Nós, depois que eles desceram, encontramos as Old Ladies na cozinha. Mas, quando Joker apareceu procurando por Sky, todas nós retornamos para a sala principal, onde elas se reuniram com seus respectivos motoqueiros.

"Vamos. Foi um mal entendido." Hack diz quando nos alcança, e eu não encontro seus olhos, como ele parecia querer que eu fizesse.

Perdão, mas não estou exatamente me sentindo mal por dar a ele o tratamento de silêncio no momento. Ele merece.

Azura assente, e nós quatro retornamos para o carro. O caminho de volta para o apartamento dos motoqueiros é em silêncio, apenas Snipe e Hack conversando ocasionalmente, minha irmã presa em seus próprios pensamentos. Me irritava que eu não fazia ideia do que corria pela cabeça dela agora. Ela me odiava? Estava com raiva? Impossível saber.

Quando chegamos no apartamento, Sniper puxa minha irmã para um canto, e os dois conversam em silêncio. Me recusando a ficar em uma situação estranha com Hack, nós dois agora sozinhos na sala, puxo meu telefone do bolso e finjo fazer algo importante.

Mesmo quando o escuto suspirar, não paro.

"Pelo amor de Deus, Lex. Vai ser assim agora?" Hacker questiona, e eu não posso evitar o olhar mortal que envio na sua direção. Deixo meu telefone de lado, desligando-o.

Ele quer discutir? Beleza. Vamos discutir.

"Como exatamente você quer que eu seja, Hacker? Precisamos mesmo revisar os motivos pelo qual estou assim?" Questiono, me obrigando a manter a voz baixa para que Snipe e minha irmã não consigam me ouvir do quarto.

Minha determinação em brigar com ele diminui um pouco quando vejo o arrependimento em seu rosto, mas não o suficiente.

"Lexy..."O motoqueiro tenta começar, mas eu não permito.

"Ok. Vamos revisar os motivos então. Primeiro, você me beija. Segundo, você diz que se importa comigo. Terceiro, você tira a porra da minha virgindade." A expressão dele se torna uma careta, mas isso apenas serve para me irritar mais. "Quarto, você age como se gostasse de mim durante tudo isso. E, finalmente, o grande número cinco..."

Meus olhos enchem um pouco de lágrimas, mais com raiva do que por outra coisa. Lembra quando eu disse que não sou o tipo que chora? Ok, talvez isso não seja verdade. Raiva. Raiva me faz chorar.

Mas eu me recuso a deixar uma lágrima sequer cair.

"Você me trata como fodido lixo no dia seguinte. Sério, um verdadeiro clichê." Digo, e fico secretamente orgulhosa de mim mesma quando minha voz não falha.

Por sua expressão, eu sei que ele se arrepende. Verdadeiramente acredito nisso. Mas, porra, doeu para caralho. Não sou obrigada, e me recuso, a dizer que o perdoo, quando ainda não o fiz. Não sou esse tipo de pessoa, e não estou prestes a me tornar assim.

"Pequena nerd..." Ele murmura, e é como um chute no estômago.

"Não me chama assim. Você perdeu esse direito quando disse, e eu repito: 'Só foi uma foda. Foi divertido, mas não faça disso mais do que é.'" Hacker fecha os olhos e eu desvio o olhar, tendo dificuldades em não deixar ele ver o como essas palavras ainda doem.

Para o bem da minha sanidade, porém, minha irmã e Snipe retornam exatamente nesse momento, e eu tenho apenas tempo o suficiente para limpar os olhos e me recompor antes de Azura notar algo errado.

"Então... Nós conversamos." Azura diz, olhando diretamente para mim. Enterro qualquer sentimento que a conversa com Hacker tenha despertado.

"Acho é seguro para você ficar aqui, por enquanto. Com toda a merda no clube, acho que lá não é o melhor lugar." Sniper diz, e eu não demonstro a minha aversão a ideia.

Não gostava nem um pouco disso. Nada contra Sniper, até gosto dele, e super apoio sua relação com minha irmã, mas porra... Pode me julgar, mas eu não queria exatamente morar no mesmo ambiente que Hack. Pelo tempo que fosse.

Porém, eu sabia que a culpa disso era provavelmente minha. Então, tento não ser ingrata e aceito a ideia. Vou lidar com meus próprios problemas, minha irmã está tentando ajudar.

Como ela sempre fez.

Então, boto um sorriso no rosto e estou prestes a dizer que concordo, quando Azura diz:

"Mas eu e Snipe vamos sair um pouco da cidade." Arregalo os olhos, sem conseguir esconder dessa vez.

"O que?!?" Questiono, e sinto os olhos de Hacker em mim.

Dividir o apartamento com Azura, Sniper e Hack? Não é exatamente o ideal, mas tudo bem. Eu e minha irmã ficávamos em um quarto, os dois motoqueiros em outro. Podia lidar com isso.

Agora... era uma coisa totalmente diferente ter que dividir um lugar, que não era tão grande, só com Hack. Quero dizer... Vamos lá! Minha paciência, e , eu tinha que admitir, autocontrole, tem limite. E eu sabia que esse limite estava se aproximando cada vez mais de onde eu estava no momento.

"Vai ser melhor para todo mundo. O apartamento mais vazio não chama tanta atenção, e você vai ter Hack para ficar de olho em você. Aliás, são só duas semanas." Minha irmã diz, e eu não consigo botar uma palavra para fora.

Acho que acabo assentindo, mas mais por choque do que por realmente concordar com a ideia.

Azura muda seu olhar para Hacker e estreita os olhos. O motoqueiro arqueia uma sobrancelha, e ela se aproxima alguns passos.

"Tô confiando em você com a minha irmãzinha. Não deixa nada acontecer com ela... E, pelo amor de Deus, não encosta um dedo nela, Hacker." Ela diz, séria.

Tarde demais para isso, eu quase digo. Mas desisti de última hora, tendo a sensação que não iria melhorar muito o momento.

Quando Hacker assente, tento afastar minha decepção. Vou ter que sobreviver com ele, sozinha, nesse apartamento por duas semanas.

Algo me dizia que eu estava totalmente, completamente e inteiramente fodida.

Hacker - Flaming Reapers 7Onde histórias criam vida. Descubra agora