Hacker
"Mas que porra é essa?!" Eu abro os olhos e sento, imediatamente sacando a faca que eu tinha debaixo do meu travisseiro. Levo alguns segundos para notar de quem veio o grito que me acordou.
Azura e Sniper estavam na minha porta, porta que, por pura estupidez, eu e Lexy deixamos aberta ontem. Az olhava de mim para sua irmãzinha, que agora despertava ao meu lado, apenas o lençol cobrindo seu corpo nu, e Sniper estava atrás de sua noiva, olhando para mim com uma sobrancelha arqueada, parecendo até meio divertido.
Lex puxa o lençol mais para cima, olhando para sua irmã com olhos arregalados. Não a julgo, Azura parecia prestes a arrancar minha cabeça fora.
"Sério, Hacker? Saímos por nem uma semana, e você transa com a minha irmãzinha?" Ela grita, e eu suspiro, deixando a faca na escrivaninha ao lado da cama.
Yeah, eu sabia que isso ia dar merda. E, ainda sim, fiz. O que diabos isso diz de mim?
"Az..." Lexy começa, mas Azura nega com a cabeça, sem deixar ela falar.
"Ela é uma criança, Hack! Você é dez anos mais velho que ela, devia..." Tudo bem, isso me atinge como um soco no estômago. Vejo Sniper ficar tenso.
"Azura." Snipe chama atenção, mas ela não para.
"Ela é uma garota, e você não tinha direito de se aproveitar dela dessa manei..." Conforme ela fala, meu peito aperta, e o rosto do meu amigo vai ficando mais tenso.
"Azura!" Sniper grita, e acho que surpreende todos nós. Az arregala os olhos e o encara chocada. Ele trinca a mandíbula. "Tá na hora de você sair do quarto."
Ela estreita os olhos para ele e cruza os braços.
"Mas..." Ele não deixa ela terminar.
"Sai, Az. Antes que você fale mais e mais merda." Sniper diz a ela, firme, e acho que é a primeira vez que ele fala dessa maneira com ela... Como se estivesse decepcionado, de alguma forma.
"Não. Ele não tinha o direito, Sniper. Por vários motivos. Ele me beijou, é dez anos mais velho..." Cara, eu nunca na minha vida tive tanta vontade de estrangular uma cadela quanto nesse momento.
Lex arregala os olhos e trava ao meu lado.
"Você... você beijou minha irmã?" Ela murmura, olhando para mim. Eu suspiro.
"Não era nada, Lex. Foi uma aposta idiota, nada mais." Digo, e ela morde o lábio forte, assentindo.
Sem se levantar, ela pega sua blusa do chão e coloca, conseguindo não expor nada de si mesma. Coloca sua calcinha depois o short e se levanta.
"Eu... vou sair." Murmura, e passa por Sniper e Azura, saindo do quarto. A irmã mais velha me encara com raiva.
"Viu o que fez? Parabéns, Hacker." Diz, e eu desvio o olhar, não querendo ver a decepção e raiva ali.
"Azura. Já chega." Sniper diz, agora perdendo a paciência. "Sai daqui. A gente conversa depois." Fala.
Antes que sua mulher falasse qualquer coisa ele gentilmente coloca a mão em seus ombros e a guia para fora do quarto. Logo depois, fecha a porta na cara dela. Pela expressão no seu rosto, acho que ele sabia que isso iria render uma longa discussão.
"Ela está certa, sabia?" Murmuro, e ele bufa, se aproximando e sentando na cama ao meu lado, me encarando com um olhar severo.
"Não, ela não está." Snipe diz. "Acredita em mim, Azura sabe falar coisas que fazem bastante sentido... Mas ela fala bastante merda na hora da raiva também, cara."
Suspiro e dou de ombros, desviando o olhar.
"Eu não devia ter feito isso... Estou me tornando ele." Sussurro, e Sniper estreita os olhos para mim.
"Cala a boca, cara. Você não é seu pai. A situação é completamente diferente." Eu bufo e o encaro novamente, sentando direito na cama.
"É mesmo? Ela tem dezoito anos, Snipe. Você pode ter certeza absoluta que sabia o que queria aos dezoito anos? Porque eu não. Ela é uma garota, nós admitindo isso ou não." Digo, e ele rola os olhos.
"Ela tem idade o suficiente para responder pelas suas próprias ações, Hack. Sua mãe tinha quatorze anos. É diferente. E seu pai não estava apaixonado por sua mãe." Eu fico tenso, e o encaro tentando mascarar o que sentia.
"Quem disse que estou apaixonado por Lexy?" Questiono, e Snipe arqueia uma sobrancelha para mim como se essa fosse a pergunta mais estúpida que ouviu em toda a sua vida. Suspiro.
"Olha, Hack... Você precisa tirar a cabeça da própria bunda e parar de pensar nos seus pais e no que aconteceu com você no passado. Ela não vai te esperar para sempre, cara. Então, é melhor você se tocar, porque vai perder ela." Diz, e eu passo a mão no cabelo.
Sei que estava prestes a perder ela. Mas... nós não tínhamos algo ainda. A ideia de perdê-la doía, mas definitivamente não seria algo tão ruim assim, certo? Eu podia lidar com isso. Mas, o que não podia lidar, era acabar vendo Lexy totalmente fodida por minha causa no futuro.
"Não posso perder algo que nunca tive." Murmuro, e Sniper rola os olhos, parecendo estar perdendo a paciência que lhe restava.
"Se você acha que essa garota já não se entregou para você em uma bandeja de prata, então talvez você seja mais idiota do que eu inicialmente imaginava." Fala, e é a minha vez de rolar os olhos. Ele suspira e fica mais sério. "É verdade, Hack. Ela já é tão sua quanto você é dela. A questão é... vai aceitar a bandeja de prata ou jogar fora?"
"Não é tão fácil." Digo, e Snipe arqueia uma sobrancelha, novamente me dando aquele olhar que dizia que estava questionando minha inteligência. Babaca.
"Yeah, é fácil, cara. A parte mais fácil é agora. Porque depois, vem a vida com ela, e aí fica complicado. Mas nada bom vem de graça. Então, como eu já disse, tira a porra da cabeça da bunda e concerta as coisas com a garota, cara." Diz.
Eu suspiro. Ficamos alguns segundos em silêncio e suas palavras repetem diversas vezes em minha mente.
"Por que voltou mais cedo?" Pergunto, para mudar de assunto. Ele suspira, o rosto ficando ainda mais sério.
"Wolf ligou. Disse de toda a merda. Cowboy, Darko... Aqua. Tudo." Fala, e eu concordo com a cabeça
Ele estava puto porque não lhe contei, sabia disso. Mas iríamos resolver depois. Porque toda a merda estava acontecendo de uma vez. Hoje, não seria o dia que eu iria lidar com Lex...
Hoje seria o dia que nós iríamos enterrar mais um Flaming Reaper.
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Hacker - Flaming Reapers 7
RomanceEle não era como os outros motoqueiros. Sabia ser durão, e pertencia ao clube tanto quanto todos... Mas ele era, sempre foi, mais calmo. Mais dócil e gentil, até. Sempre foi assim, e não conhecia outro jeito de ser. As pessoas o viam como fraco por...