Capítulo VIII - Mudando de ideia

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Os Barden foram todos interrogados pelos oficiais de polícia algumas horas depois.

Foram feitas perguntas a respeito da identidade da morta e das suas atividades no dia em questão. Não, nunca haviam visto aquela mulher na sua vida. Ninguém foi à casa de Linda naquele dia — com exceção de Marie. Todos acreditavam na inocência de Linda. Ela tinha ido viajar. Haviam feito suas atividades rotineiras: caminhar, ler, gastar tempo no celular, dormir. Não, já disseram que não conheciam Anastasia, que saco!

Policiais sabiam ser insistentes quando não conseguiam o que queriam.

O próprio Lawrence teve de ser interrogado, o que o detetive achou uma completa falta de verossimilhança. Era ele quem deveria fazer as perguntas. Entretanto, por mais que aquilo tudo fosse muito inconveniente, era necessário. Além disso, não seria muito prudente sair correndo no meio de um interrogatório.

— Qual sua profissão, senhor Knopp?

— Sou detetive particular.

— O senhor conhece Anastasia Quint?

— Nunca a vi em toda a minha vida.

— Qual a sua ligação com Linda Barden?

— Felizmente, nenhuma.

— O senhor é mesmo um detetive?

— Já disse que sim!

Policiais sabiam ser insistentes quando não conseguiam o que queriam.

Por fim, depois de um tempo, muita teimosia e irritação, Lawrence foi liberado. Não conseguiu convencê-los por completo de sua profissão, mas, ao menos, havia sido considerado fora de suspeitas.

Enfim, chegou sua vez de fazer as perguntas. Estavam na casa de Carlos, localizada no mesmo bairro da de Linda, a apenas três minutos de carro. Com todos reunidos, ele pôde começar os interrogatórios.

O procedimento de introdução foi o mesmo para os Barden, com a diferença de que a maior parte destes já conhecia o homem. Os únicos membros da família que não haviam sido devidamente apresentados ao sujeito das pantufas de gato eram o tio Benjamim e a mãe Lise. Esta última estava fora, na casa dos irmãos, em Gardanne onde esteve durante toda a semana anterior e estaria também na próxima semana, portanto poderia ser eliminada da lista de possíveis assassinas. Bom para Lawrence — era uma pessoa a menos para interrogar.

O detetive repetiu o discurso que fizera mais cedo.

— Sei que é difícil… Segunda vez… Morta… Assassinato… Mas estou fazendo meu trabalho. — Algumas palavras mudaram, era inevitável. Afinal, enquanto os Quint precisavam suportar a morte da sobrinha, os Barden não enfrentavam luto algum, o que era uma diferença significativa.

Após um breve monólogo com todos, o detetive resolveu chamar um por um em particular, na sala de estar, enquanto os demais aguardavam no quarto de Carlos. Queria apenas trocar ideias, conversar, descobrir qual deles era o assassino… Apenas assuntos normais de conversas em família.

Começou com Linda, como era de se esperar.

— Minha querida — falou ele, com óbvia ironia, assim que a mulher se sentou na cadeira à sua frente. — Antes de mais nada, existe algo que preciso esfregar em sua cara.

Então, o detetive se levantou e apontou para o rosto da mulher.

— Descobriram de quem é o corpo — ele cantarolou. — E você duvidou de mim. Falou que eu não era um bom detetive. Mas eu consegui. Engole essa!

Ela não engoliu. Apenas deu de ombros, sem se importar.

— Ainda bem que descobriram. Não estava aguentando mais essa espera.

Morreu, mas Passa Bem - Série LawOnde histórias criam vida. Descubra agora