Assim que Marie deixou a sala, o detetive refletiu sobre o que havia acabado de dizer. Teria sido mesmo uma boa ideia dizer aquilo a Marie? Lawrence decidiu que sim. Com certeza ela não concordava que ele perseguisse a sua irmã, e seria mais fácil arrancar informações de alguém que gostasse dele. Era lamentável, ele sabia, mas era assim que o mundo funcionava.
Mas não era vez de arrancar informações de Marie. Era a vez de Carlos.
O homem com porte de coronel adentrou o cômodo, e o primeiro pensamento do detetive foi "com ele eu não posso discutir". Aquele grandalhão poderia com facilidade esmagar o crânio de Lawrence no chão no caso de uma briga, e ter o crânio esmagado não estava em sua lista de coisas para fazer antes de morrer.
O primeiro item dessa lista era "fazer uma lista de coisas para fazer antes de morrer". Lawrence não era bom com listas.
— Boa noite, Carlos — cumprimentou, enquanto o sujeito se sentava na cadeira à sua frente.
— Boa noite, senhor Knopp.
— Imagino que este caso esteja lhe causando bastante dor de cabeça, não é?
— E como.
O homem interpretou aquela pergunta como uma permissão para enterrar o rosto nas mãos, coisa que ele provavelmente já faria mesmo, em algum momento daquele interrogatório.
— Ver a polícia entrando aqui, fazendo perguntas, nos tratando como assassinos... É tudo muito difícil, senhor. Nós não somos assassinos, não fizemos nada, nem conhecemos essa garota! Eu sei que minha filha nunca faria uma coisa como aquela. Ela não é assim, ei garanto, senhor Knopp.
O detetive esticou o braço e pousou a mão no ombro de Carlos, que o olhou apreensivo.
— Tá, mas calma.
Não eram as palavras de consolo que o senhor Barden esperava, mas ele se acalmou.
Lawrence prosseguiu:
— Sei que tanto eu quanto você desejamos a conclusão desse caso o mais rápido possível para podermos descansar em paz. — Não foi a melhor escolha de palavras para aquela situação, mas Lawrence era tão bom com palavras quanto era com listas. — Por isso, peço seu apoio para com essa investigação.
Era a primeira vez que o detetive usava a expressão "para com", e seria a última. Tornava a frase muito estranha.
— Tudo bem.
— Em primeiro lugar, sua esposa está mesmo na casa dos irmãos? Você tem certeza disso?
Carlos, ainda que confuso, respondeu que sim. Sua mulher sempre lhe mandava fotos dos lugares em que estava. No dia em questão, ela e seus cunhados fizeram um passeio a uma fazenda — e, claro, postaram nas redes sociais. A senhora Barden certamente tinha um álibi.
Isso era bom. Quanto menos suspeitos, melhor.
— Muito bem — disse o detetive. — Preciso ter certeza antes de descartar algum suspeito. Corri esse risco algumas vezes em casos anteriores e não pretendo fazer isso novamente. Não hoje, pelo menos.
Lawrence talvez fizesse aquilo amanhã, mas não hoje.
— Conhece a garota morta, já ouviu seu nome ou a viu em algum lugar antes do dia de hoje?
Carlos fez que não. Que surpresa.
— Alguma ideia de quem possa ser?
— Não sei, senhor Knopp. Linda nunca me falou nada sobre nenhuma Anastasia, e não acho que ela a conheça, para início de conversa.
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Morreu, mas Passa Bem - Série Law
غموض / إثارةQuando Linda Barden é encontrada morta no quintal de sua casa, com uma enorme faca ensanguentada e um ferimento profundo em seu pescoço, sua irmã Marie não teve outra reação a não ser voltar correndo para sua própria casa e avisar sua família. No en...