Capítulo XI - O último deles

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 Benjamin Barden tinha um porte físico semelhante ao do irmão, o que não agradou o detetive.

Para ser sincero, Lawrence não tinha suspeita alguma direcionada ao homem. Não havia nada — que Lawrence soubesse — que apontasse algum indício de culpa para ele. No entanto, havia muita coisa que o ruivo ainda não sabia sobre aquele caso, então não poderia ignorar absolutamente nada.

Benjamin sentou-se.

Knopp teve a impressão de que o gênio do sujeito não era tão exaltado quanto o do irmão. Ele parecia ser o tipo de gente que usava sua força para boas ações, como salvar pessoas de prédios em chamas ou coisa parecida, enquanto Carlos parecia ser o gêmeo maligno da dupla.

Mesmo assim, o detetive não queria arriscar.

— Prazer em conhecê-lo — disse o detetive. — Me chamo Lawrence Knopp.

Ele estendeu a mão, e o outro a apertou.

— Benjamin Barden.

"O último deles", pensou Lawrence, sorrindo.

— O senhor deve estar ciente dos detalhes do caso. — Esperou o homem fazer que sim e continuou: — Tem alguma ideia de quem era a garota morta?

Fez que não.

— Não conheço a menina — falou. — Sinto não poder ajudá-lo nisso.

— Sua sobrinha também diz nunca tê-la visto antes. — Então fez uma pausa. — O que foi isso?

— Isso o quê?

— Acabou de revirar os olhos.

Benjamin franziu a testa. Havia feito aquilo sem perceber.

— Acabei?

O detetive se inclinou em sua direção, o que fez Benjamin recuar. Definitivamente, Lawrence gostava mais deste homem do que do anterior.

— Não acredita no que Linda disse?

— Não é isso. — O homem demorou para responder. Não sabia explicar o que queria dizer. — É só que... Ah, eu não gosto dela. Só ouvir seu nome já me causa repulsa.

Aquilo era interessante. Por mais que Lawrence não gostasse de ver testemunhar conflitos familiares, em um caso de morte, saber das divergências internas era sempre bem-vindo. Ainda que não fosse a família da vítima, poderia muito bem ser a família do assassino.

— Por que não gosta de sua própria sobrinha?

— Ela é arrogante demais — afirmou. Lawrence não viu escolha a não ser concordar. — Acha que sabe de tudo, que não precisa de alguém cuidando dela. Foi morar sozinha para provar isso. Não posso dizer que não fiquei feliz com isso.

Lawrence estava prestes a dizer "também não gosto dela", mas se conteve.

— Ela se diz independente — prosseguiu —, mas tem vinte e oito anos e nunca sequer trabalhou. Se sustenta com o dinheiro de meu irmão. Ela não pensa nas consequências, essa é a verdade.

— Então acha que Linda é a assassina.

Não era uma pergunta, mas o homem fez que não com a cabeça.

— Entenda, senhor Knopp — respondeu. — O fato de eu desaprovar as atitudes de minha sobrinha não faz com que ela seja necessariamente culpada. Não gosto dela, admito, mas não posso deixar meu sentimento pessoal por ela me levar a conclusões erradas.

Morreu, mas Passa Bem - Série LawOnde histórias criam vida. Descubra agora