Capítulo 11

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- Três vezes

- Isso - Cris reafirma -, você passa três vezes pelo corredor pensando no que precisa. Só assim a sala exata aparece.

- Ok, faz sentido. - Matheus concorda com a cabeça.

O garoto estava sentado em um sofá, de frente para a lareira, ainda assimilando as informações, enquanto a amiga abraçava as pernas em uma poltrona não muito longe dele e explicava novamente a dinâmica da sala.

- Eu não sei quantas pessoas conhecem esse lugar - a lufana diz, com o olhar distante -, mas nunca vejo outros alunos nesse andar.

- Acho que se mais gente soubesse dessa sala - o garoto argumenta -, algum dos nossos amigos já teria ouvido falar dela, ou não seria tão fácil para gente vir aqui com a frequência que vem.

- Você tem razão. Isso me lembra uma coisa que eu queria te dizer. - Cris o encara.

- O quê?

- A gente deveria dar um tempo da sala.

- Por quê? - Matheus soa confuso. - Nós nem passamos muito tempo aqui e muitas vezes não viemos juntos.

- Eu sei, mas acontece que esses "sumiços" de vez em quando também estão começando a ficar suspeitos. - Cris explica. - Nat e Nic vivem tentando arrancar algo de mim sutilmente.

- Bom, eu até entendo. A Liv finge que não, mas parece louca para descobrir o que está acontecendo.

- Ela é muito curiosa mesmo. - A garota ri.

- E o Yuri? - O grifino questiona.

- Por incrível que pareça ele é a pessoa que menos me pressiona. É óbvio que ele percebeu que eu saio sozinha de vez em quando e volto depois, mas não toca mais no assunto.

- Não sei, isso me parece estranho. - Matheus estreita os olhos ainda encarando o fogo. - Eu conheço ele há muito tempo, Yuri não parece alguém que ficaria tão tranquilo com algo que não entende.

- Ele é bem inquieto - Cris concorda contra sua vontade -, mas talvez só esteja me dando espaço.

- Talvez. - Ele dá de ombros, deixando isso de lado. - Vou sentir falta da sala.

- Ei, também não é para sempre. - A menina o tranquiliza.

- Eu sei, mas ainda assim eu gosto muito de passar um tempo aqui.

- É justamente por isso que a gente precisa parar um pouco por agora, para não ter de abrir mão da sala depois.

- Você tá certa. - Matheus aceita e se recosta no sofá ao se virar para ela. - Eu gosto daqui e gosto de ser um lugar que ninguém mais conhece.

- Eu também. - Cris sorri na direção do amigo.

- Obrigado de novo por dividir isso comigo.

- Você precisava de um lugar, do mesmo jeito que eu precisei. Amigos se ajudam, não é?

Os dois trocam sorrisos e silenciosamente cada um se despede da sala, aproveitando mais alguns minutos no seu conforto antes de precisarem deixá-la por tempo indeterminado.


~...~


Um pouco distante dali, numa das torres mais altas do castelo, dois alunos conversavam em meio ao vento e o barulho constante do farfalhar de asas causado pelas aves no corujal.

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