Capítulo 15 - Luccas

346 45 0
                                    

Quando a vi saindo daquele jeito, me amaldiçoei. Mais uma vez eu não tive o menor jogo de cintura para falar com ela.

Esfreguei meu rosto com as mãos. Eu estava cada vez mais ferrado. Não conseguia me controlar perto dela. Ela não confirmou, mas também não negou que estava namorando.

Voltei para o clube devastado e Montanha me parou na entrada.

"Você está bem Luccas? Onde está a Nora? "

"Não é da sua conta. E que porra é essa dela te chamando de Mont.? Para que essa intimidade? "

"Meu Deus! Você é um completo imbecil mesmo. Eu aqui preocupado e você com ciúme. Em vez de estar lutando pela mulher que ama, fica se importando em como ela me chama. Fala sério cara!"

"Eu.não.a.amo!"

"Sei... Se não é isso, então não devia se importar com besteira. "

Eu não continuei a discussão, pois ia acabar dando um murro no meu melhor amigo.


Cheguei à conclusão que precisava me afastar. Não dava para continuar vivendo assim. Tinha que colocar minha cabeça no lugar. Já sei o que tenho que fazer.

"Marcus, será que podemos conversar? "

"Claro. Me conta como foi com a Nora? Espero que tenha acabado com suas cismas com ela. Eu realmente não consigo entender porque você não gosta dela. "

"Não é isso. Ela é competente sim, mas não é este o assunto que eu vim falar com você. "

"Está com algum problema primo? "

"Mais ou menos. Eu estou com umas coisas na cabeça e estava pensando em dar um tempo. Me afastar daqui um pouco. "

"Mas é algo sério Luccas? Eu posso te ajudar. Sabe que é só pedir. "

"Eu sei Marcus. Você é mais que um primo, é meu irmão, mas dessa vez eu preciso resolver sozinho. "

"Mas justo agora? O clube tá bombando. Eu preciso de você aqui. "

"Olha, está tudo nos conformes. Todo o sistema está funcionando feito um relógio, e o Montanha pode me cobrir sem problemas. Eu preciso de um tempo para colocar minhas ideias em ordem. "

"Eu sei da competência do Montanha Ele é como um clone seu. Mas para onde você vai e por quanto tempo? "

"Pensei em ir ver meus pais. O velho não está muito bem e eu não os vejo desde o natal. Vou passar um mês pelo menos com eles em Arraial. "

"Certo primo, vai ver o tio. Mas por acaso seu problema é mulher? Me conta, quem é ela? "

"Está tão na cara assim? "

"Cara, da última vez que vi você assim foi por causa da Sheila. Vamos me diz quem é. "

"Marcus, como eu disse, preciso colocar a cabeça em ordem. Quem sabe um dia eu te conto. "

"E quando você vai? "

"Se conseguir resolver tudo que tenho pra acertar, vou na quinta-feira de manhã. "

"Ok primo. Espero que consiga resolver seus problemas e qualquer coisa é só me ligar. "

"Eu sei primo. Valeu mesmo. "

Ele me deu um abraço e quando estava já na porta virei para ele.

"Ah Marcus, só para constar, eu chequei o novo DJ. Ele está limpo. "

Ele balançou a cabeça e sorriu para mim.

Fui para minha sala e coloquei umas coisas em dia antes de chamar o Montanha e contar o que estava acontecendo. Ele tentou me convencer a não ir.

"Cara, se é pelo que houve mais cedo, sinto muito. Não vou mais me meter nessa história. Eu juro!"

"Não é isso Sergio. Você pode e deve se meter, afinal é isso que os amigos fazem. "

"Então não vai cara. Não desista dela. Eu te ajudo no que for. Se precisar até dou um susto no DJ. "

"Só você para me fazer rir agora, mas eu já me decidi. Eu não posso lutar por ela agora, não seria justo. Eu não estou conseguindo lidar com tudo que estou sentindo e vê-la com outro. Preciso me afastar para não acabar prejudicando o trabalho dela aqui. "

"Eu te entendo. É melhor mesmo esfriar um pouco. "

"Então, estou contando com você para assumir o clube e tomar conta dela para mim. Não deixe este mané aprontar com ela. Por mais que eu tenha visto que ele é bom, não confio plenamente. "

"Deixa comigo Luccas. Vou cuidar do clube e manter um olho nela. "

Pedi ao Montanha que marcasse uma reunião com o todos os seguranças para amanhã de manhã. Eu precisava informá-los sobre meu afastamento e passar a chefia para ele. Fui para casa.

No dia seguinte depois da reunião, passei pelo mezanino na esperança de vê-la uma última vez antes de viajar. Pelo menos poderia me desculpar. Mas só estava uma de suas assistentes e os operários.

"Estela não é? Eu vim dar uma olhada, espero não estar atrapalhando. "

Ela me olhou um pouco desconfiada. Tenho certeza que ela e a outra sabiam de tudo sobre mim e Nora, mas me respondeu cordialmente.

"Olá Luccas. Você precisa de alguma informação? "

"Não. Só curiosidade mesmo. "

"Espero que esteja gostando do que vê. Ainda falta muito, mas já estamos bem adiantados. Mas sempre que quiser pode vir olhar. "

"Obrigado. Tenho certeza que vai ficar tudo perfeito. "

Fiquei ainda rodando na esperança que ela aparecesse, e devo ter dado muita bandeira, pois a Estela falou.

"Se você quiser tirar alguma dúvida com a Nora, ela só vai estar aqui na sexta. Ela precisou ir a São Paulo para negociar uns materiais para este e outros projetos. "

Droga! Eu não ia vê-la.

"Não Estela, nenhuma dúvida. Na verdade eu só devo ver novamente depois de tudo pronto. "

"Não vai mais voltar aqui? Será que consegue segurar a curiosidade? Eu duvido. "

Ela sorriu para mim. Não sei o que aquela menina tinha, mas eu ficava muito à vontade com ela. Acabei contando que eu ia viajar, que num ponto foi bom, pois assim ela poderia falar para Nora que eu não estaria por perto para irritá-la.

Conversamos mais um pouco e eu saí do clube para resolver uns assuntos pessoais antes de ir arrumar as malas.

Depois de mais uma noite mal dormida, peguei a estrada logo cedo. Estava no meio do caminho quando Carla me ligou, e eu tive que encostar o carro para ouvi-la gritar comigo por ter saído sem falar com ela.

Depois de longos quarenta minutos de discussão, ela finalmente entendeu meus motivos e segui viagem.

Cheguei nos meus pais na hora do almoço e foi muito bom revê-los. Eles ficaram felizes com a surpresa. 

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora