Capítulo 47 - Nora

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Eu queria dar um tapa na cara dele, mas simplesmente, deixei-o plantado do lado de fora da MOBILE.

Como ele poderia pensar que eu ia ficar dando mole para outros homens, depois de tudo que aconteceu com a gente. Eu só pedi para irmos mais devagar. Namoro para mim, era coisa séria, e nós nem nos conhecíamos direito ainda.

Eu não sabia o que fazer. Sei que minhas reações precipitadas sempre o levaram a atitudes que me magoaram, mas eu não podia ficar discutindo com ele na calçada. Ia esfriar a cabeça e procurá-lo mais tarde.

O resto do dia foi normal. Marcus ligou perguntando sobre o projeto da sala dele, que ficou parado por causa da minha licença e da morte do pai do Luccas.

"Desculpa Marcus, sei que estou em falta com você. Prometo que na terça-feira tudo estará pronto. Falta muito pouco agora. "

"Não se desculpe. O projeto parou por que eu quis esperar você. E com tudo que aconteceu depois com meu tio e com o Luccas, eu entendo. "

Quase na hora de eu sair, peguei meu telefone que havia esquecido de tirar da bolsa, e tinha uma mensagem do Luccas, se desculpando por hoje cedo. Eu não esperei mais um segundo e fui para o clube falar com ele.

Bati na porta do CCS, e ele mandou que entrasse. Quando me viu, ele parecia abatido, bem diferente de hoje cedo.

"Oi, recebi sua mensagem. "

"Você não respondeu. Achei que não quisesse mais falar comigo. "

"Eu só vi agora. O telefone estava na bolsa. Mas você me irritou muito Luccas. Como você pode pensar que eu daria mole para outro cara? Que tipo de mulher você pensa que eu sou? "

"Você não quer ser minha namorada. Porra Nora, eu me declarei para você. "

"Não foi isso que eu disse. Só pedi para irmos devagar. Namoro é compromisso, e eu preciso confiar em você Luccas. Será que você consegue entender isso? "

"Eu te entendo, de verdade. Sei que é difícil, mas pode confiar em mim. Por favor, só me diga que vai tentar, que não vai ver outra pessoa além de mim? "

"Claro que não vou ver ninguém. Eu quero você, só você Luccas. "

Eu me aproximei dele e o beijei.

"Lembra que eu disse ontem que fazia um tempo que não estava com homem nenhum? O último foi você. Depois daquela noite, eu não fiquei com mais ninguém. "

Ele me abraçou e me colocou sentada em sua mesa, se encaixando entre minhas pernas, e nos beijamos. Foi um beijo de tirar o fôlego.

"Saber disso, só me deixa mais louco por você, Nora. "

Estávamos ali, trocando beijos e carinhos até que ouvimos alguém tossir, e quando olhamos, a Carla estava em pé na porta sorrindo para nós.

"Eu bati, mas ninguém me ouviu. "

"Estamos ocupados aqui. O que você quer Carla? "

"Desculpem, mas preciso acertar umas coisas para a noite com o Luccas. "

"Não dá para esperar Carla? "

"Luccas, que isso. Não tem problema nenhum Carla. Eu já estava ido mesmo. Resolvam suas questões. "

"Mas Nora, ainda é cedo. Fique até abrir o clube. "

"Melhor não. Você tem trabalho a fazer e eu estou cansada. Meu pé está começando a doer. Eu te ligo antes de dormir, prometo. "

Me despedi deles e sai. Já estava na porta do clube, quando me dei conta que esqueci meu telefone na mesa dele, e voltei para buscá-lo.

Já ia bater na porta quando ouvi eles discutindo. Sei que não deveria ficar escutando, mas quando ouvi meu nome na conversa, não consegui me mexer.

"Você só pode estar louco Luccas. "

"Não estou. Sei exatamente o que devo fazer. Quero que ela confie em mim, e para isso não posso ter segredos com ela. "

"Mas isso não vai terminar bem. Imagine como ela vai ficar em relação a mim quando souber. "

"É um risco que estou disposto a correr. "

"Você abriria mão de mim, por ela? "

"Não vai ser assim Carla. Você sempre será minha..."

Antes que ele terminasse a frase eu entrei. Já tinha ouvido o suficiente. Precisava pegar meu telefone e sumir dali.

"Nora? Você voltou... "

"Eu não quero atrapalhar o casal. Esqueci meu telefone aqui. Só vim buscar. "

"Espera anjo... "

"Nora, escuta o Luccas. Ele precisa te explic..."

"NÃO! Ele não tem mais nada para explicar. Podem continuar com... os negócios de vocês. "

Eu saí de lá correndo e entrei no primeiro taxi que eu vi. Pelo retrovisor, vi o Luccas correndo pela calçada me gritando.

"Quer que eu pare senhorita? "

"Não. Por favor, me tira daqui o mais rápido que o senhor puder. "

Eu não podia acreditar no que eu ouvi. Como ele podia me enganar assim. A uma hora atrás jurando seu amor, e logo depois tratando com a outra. E ainda queria que eu soubesse e aceitasse.

Meu Deus, dois dias e ele já tinha acabado comigo. Deve ter planejado tudo isso, e não passou de mais uma vingança dele.

Entrei na minha casa, larguei minha bolsa e atirei meus sapatos longe. Precisava beber algo e bem forte para esquecer estes últimos dois dias. Por sorte sobrou uma vodca do meu aniversário. Eu nunca bebia isso, mas hoje era o que tinha. Misturei suco de laranja e virei um copo inteiro de uma vez.

Meu celular tocou na bolsa e quando peguei, tinhas dez chamadas do Luccas. Desliguei o aparelho para ele não ficar insistindo, mas o fixo tocou no mesmo momento. Certa de que era ele, tirei-o da tomada também.

Me joguei no sofá com a garrafa e uma caixa de suco, e fiquei afogando minha tristeza até adormecer. 

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