Fui trabalhar com uma disposição que a muito tempo eu não tinha. Tudo bem que não tinha acontecido nada, mas só o fato dela ter me deixado cuidar dela, já foi um avanço. A sensação de tê-la nos meus braços ainda estava fresca em minha mente. Espero que este tenha sido o primeiro passo para nos aproximarmos.
Estava minha sala quando Marcus entrou.
"E então, vai me agradecer? "
"Pelo quê? "
"A deixa disso, você sabe que fui eu quem mandou a Nora para cá ontem. E aí, como foi? "
"Um desastre! Ela tropeçou no escuro e machucou o tornozelo. Onde você estava com a cabeça para mandá-la para cá assim? Eu quase atirei nela, seu idiota. "
"O quê? Mas por quê? Eu dei a chave a ela justamente para entrar sem problemas, e sabia que você a veria entrando. "
"Acontece que eu não vi. Devia estar no banheiro quando ela chegou. Estava tudo escuro quando ouvi um barulho na sua sala. Ela levou um susto do caralho quando me viu armado, porra. "
"Mas a luzes não acenderam? "
"Não Marcus. Os sensores só são ligados junto com o alarme, e como eu estava aqui não tinham acionado ainda. "
"Mas que porra! Eu nem pensei nisso. "
"Pois é meu primo. Mas...Graças a sua imprudência, eu pude ficar perto dela e cuidar do seu ferimento. "
"Sério? Vamos lá, despeja tudo. "
Contei todos os fatos a ele, que ficou tão animado como eu. Voltamos ao trabalho e na hora do almoço, ele me chamou para ir com ele e a Mônica ao japonês.
"Melhor não Marcus. Não quero segurar vela. "
"Tem certeza? Você poderia saber notícias da Nora. Tenho certeza que a Mônica deve ter alguma novidade. "
"Bem, sendo assim, não posso recusar. "
Nós saímos rindo para encontrá-la do lado de fora. Seguimos para o restaurante e depois de fazermos nossos pratos, sentamos e começamos a conversar.
"Luccas, por favor, me conta o que houve ontem. "
"Nora não te contou nada? "
"Não. Ela chegou na MOBILE hoje para levar um atestado. Me acusou da armação e me amaldiçoou. Eu preciso saber tudo para que eu possa conversar com ela depois. "
"Como assim atestado? Ela piorou do pé? "
"Sim. Teve que ir ao hospital hoje de manhã. Imobilizaram o pé e ela tem que usar muletas por quinze dias. Ela estava furiosa com a gente, Marcus. "
"Calma amor, nós vamos falar com ela depois. Melhor dar uns dias para ela esfriar. "
"Eu estou com medo de perder minha amiga. "
"Você não vai perder Mônica. Eu vou manter que o Marcus não sabia que eu estava lá. "
"Obrigado, mas não acho legal mentir assim. Eu vou contar a ela em algum momento. Mas, e como ficaram as coisas entre vocês? "
Eu contei tudo a Mônica e ela ficou ponderando sobre as coisas.
"Será que se eu fosse vê-la ela ficaria chateada? "
"Acho que é uma boa ideia. Você pode dizer que queria saber notícias, já que foi você que a ajudou, e como ela não estava na MOBILE, resolveu ir na casa dela. "
"Não seria melhor ele ligar antes Mônica? "
"Ligando antes ela pode recusar. Você quer correr este risco Luccas? "
"Eu quero muito ir vê-la, mas não posso estragar tudo aparecendo de surpresa e deixando ela chateada. É melhor mesmo falar com ela antes. "
"Bem, você é quem sabe. Aqui o número dela. "
"Luccas está certo amor. É melhor pegar leve. Diz que você pegou o número comigo. Ela já está muito irritada com a Mônica. "
"Pode deixar Marcus. E apesar de toda essa confusão. Quero agradecer vocês por estarem tentando me ajudar. "
Terminamos de almoçar e voltamos para o clube depois de deixar Mônica na MOBILE.
Continuei trabalhando e quando deu umas cinco horas eu liguei para Nora.
"Alô! "
"Oi Nora, sou eu, o Luccas. "
"Luccas? Ah, oi. Aconteceu alguma coisa no clube? "
"Não, não aconteceu nada. Desculpe te ligar assim, mas fui na MOBILE ver como você estava e soube que está de licença. Peguei seu número com o Marcus, tudo bem? "
"Claro, tudo bem. Obrigado por se preocupar. "
"Não me agradeça. Eu gostei muito de cuidar de você ontem. "
Ela ficou em silêncio por um tempo até que eu falei de novo.
"Nora? Ainda está aí? "
"Sim, sim. Desculpe Luccas, mas você me surpreendeu. "
"Eu sei que fui um babaca com você, mas espero que me desculpe por isso. "
"Tudo bem. Eu também não ajudei muito, não é? "
Ela riu, e aquele som pareceu tirar uma tonelada dos meus ombros.
"Bem, vamos esquecer isso. Me conte como está seu tornozelo. "
Ela me explicou o que aconteceu. Havia feito uma pequena fissura no Talus, um osso do tornozelo, por isso teve que imobilizar.
Ficamos conversando mais um tempo e antes de me despedir, tomei coragem e perguntei.
"Nora, será que eu posso te visitar enquanto está de licença? "
"Luccas, não é preciso. Eu estou bem. Você já fez muito por mim. "
"Ok. Eu queria te ver, mas eu te entendo. Nós nem somos amigos. "
Ela deve ter notado a decepção na minha voz, por que mudou de ideia.
"Bem, não somos...mas podemos ser. Se vai te fazer bem, pode vir sim. "
"Certo! Eu vou mesmo hein. Então até qualquer hora Nora. "
"Até Luccas. Novamente, obrigado por ter cuidado de mim. Tchau! "
Desligamos, e eu tive que me controlar para não correr e imediatamente bater na sua porta. Vou esperar uns dias antes de ir.
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Segunda Chance
RomanceAos 41 anos, Nora Ribeiro ainda solteira, já havia se acostumado com a ideia que ficaria sozinha. Muitos relacionamentos problemáticos a deixaram cética quanto ao amor. O último encontro que teve, foi a quase um ano com um cara que ela conheceu num...